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Mudanças na NR-1: está na hora de as empresas repensarem suas práticas

Como a gestão social pode transformar o ambiente de trabalho e potencializar os resultados empresariais

Por Marcelo Ramos, em colaboração especial para a Você S/A*
Atualizado em 12 set 2024, 11h26 - Publicado em 11 set 2024, 08h00
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 (Foto: Getty Images/VOCÊ S/A)
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o mundo corporativo, assim como no campo da saúde física e mental, o bem-estar é fundamental para garantir resiliência e longevidade. Apesar disso, muitas empresas ainda associam o conceito de sustentabilidade exclusivamente às questões ambientais, negligenciando a relevância dos fatores sociais na gestão dos riscos que podem impactar os negócios.

É bem verdade que as empresas estão passando por reconfigurações importantes, derivadas das mudanças nos valores relacionados ao trabalho e da crescente demanda por ambientes mais diversos, equitativos, inclusivos, éticos e saudáveis.

Porém, ainda há desafios significativos a serem superados no que se refere ao assédio moral, ao preconceito, à discriminação e às desigualdades de gênero, raciais, e contra a comunidade LGBTQIA+ e pessoas com deficiência. 

A recente inclusão da gestão de riscos psicossociais na Norma Regulamentadora 1 (NR1), que trata dos riscos ocupacionais, é mais um exemplo de como a promoção do bem-estar no trabalho vem se impondo às empresas. 

Nesse novo cenário, as organizações terão a oportunidade de revisarem as suas práticas de gestão e adotarem medidas preventivas (e corretivas) contra os riscos psicossociais no trabalho. 

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Assim, promoverão a saúde e o bem-estar dos colaboradores, mas também colherão benefícios como maior produtividade, redução do absenteísmo e de turnover, menores custos com assistência médica, fortalecimento da sua reputação no mercado, ganho de valor junto a investidores e clientes e, consequentemente, melhoria nos indicadores de sustentabilidade. 

Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostram que mais de 30% dos trabalhadores brasileiros já sofreram algum tipo de assédio moral no ambiente de trabalho. Pesquisas de diferentes empresas de consultorias e recrutamento revelam que mulheres, negros, PCDs, LGBT+ e trabalhadores acima de 60 anos são desproporcionalmente afetados pela discriminação, baixa representatividade e desigualdade de oportunidades.

A recente inclusão da gestão de riscos psicossociais na Norma Regulamentadora 1 (NR1), que trata dos riscos ocupacionais, é mais um exemplo de como a promoção do bem-estar no trabalho vem se impondo às empresas. 

No que se refere à saúde mental, de acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em 2022, 209.124 mil pessoas foram afastadas do trabalho por transtornos como a depressão, ansiedade, entre outros distúrbios emocionais.

Esses números refletem uma realidade preocupante: ambientes de trabalho hostis, que perpetuam condutas antiéticas e práticas discriminatórias, e que promovem exclusão e sofrimento. 

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A persistência desses problemas está frequentemente enraizada em modelos de gestão antiquados, que privilegiam hierarquias rígidas, centralização do poder e falta de diálogo. Em organizações que adotam tais modelos, a busca por resultados coexiste com relações interpessoais marcadas por conflitos, desrespeito, discriminação e geradoras de transtornos mentais. 

Para enfrentar essa realidade, a gestão social está se tornando cada vez mais central para a identificação e o gerenciamento de riscos que afetam o bem-estar dos trabalhadores e, consequentemente, os resultados da organização. Algumas medidas fundamentais incluem:

  • Diagnóstico do Bem-Estar: realizar avaliações para monitorar o bem-estar no ambiente de trabalho, identificando pontos críticos e seus impactos na sustentabilidade organizacional;  
  • Plano Estratégico: incorporar o bem-estar dos colaboradores como uma diretriz estratégica e uma prática intencional da organização; 
  • Políticas e Programas: desenvolver e implementar políticas e programas focados na prevenção e mitigação de riscos ao bem-estar laboral; 
  • Capacitação de Líderes: investir na formação contínua de líderes para promover um ambiente de trabalho saudável e seguro; 
  • Canais de Acolhimento e manifestação: criar e disponibilizar canais confidenciais e credíveis para que os colaboradores possam relatar situações de abuso ou práticas prejudiciais ao bem-estar, as quais deverão ser devidamente apuradas e tratadas pela organização; 
  • Conformidade e Integridade: assegurar que as práticas organizacionais estejam alinhadas às normas e regulamentos que promovem o bem-estar laboral, por meio do acompanhamento constante das áreas jurídica e de compliance.

Embora a implementação dessas medidas possa parecer onerosa em um cenário de altos custos de produção no Brasil, elas representam uma oportunidade para alinhar a cultura organizacional aos valores e demandas atuais e são estratégicas para o desenvolvimento sustentável das organizações.

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*Marcelo é antropólogo e pesquisador pela UFRJ, gestor social pela FGV e, atualmente, atua como gerente de desenvolvimento estratégico e sustentável do SENAI CETIQT.

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