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Tensão pré-eleição e Vale (VALE3) travam Ibovespa: -0,09%

No último pregão antes do segundo turno, setor de mineração pesa e bolsa brasileira fecha próxima à estabilidade, mesmo com alta expressiva em Nova York.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 28 out 2022, 18h14 - Publicado em 28 out 2022, 18h00

O #sextou de hoje veio com um gostinho diferente para a Faria Lima: sabor tensão.

O Ibovespa fechou esta sexta-feira próximo da estabilidade (-0,09%), aos 114.539 pontos, com destaque para a forte perda da Vale (VALE3) e de seus pares do setor de mineração e siderurgia, que travaram o índice mesmo em dia de festa em Wall Street.

A semana toda foi instável na bolsa brasileira (queda acumulada de 4,5%), diga-se, enquanto investidores esperam para saber o resultado das urnas no domingo. O segundo turno entre o atual presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula promete ser apertado, encomendando uma boa dose de ansiedade na apuração.

Ainda assim, o petista caminha para a disputa com uma leve, mas estável, vantagem, segundo as pesquisas. Amanhã vem uma leva grande de novas sondagens – e, historicamente, os dados da véspera do pleito tendem a ter uma maior taxa de acerto.

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A Faria Lima viveu uma verdadeira montanha-russa durante essas eleições. O primeiro turno, atipicamente, causou pouca volatilidade na bolsa, mesmo com uma eleição que promete trazer fortes consequências ao mercado financeiro. Depois do resultado apertado, porém, a corrida eleitoral passou a ser mais visível nas oscilações do Ibovespa.

Quando as pesquisas começaram a mostrar uma tendência de crescimento do atual presidente a história mudou. O empate técnico fez as ações da Petrobras (PETR4) subirem com a possibilidade (ainda que pequena) de privatização da estatal. E também a bolsa se valorizou com a possibilidade de um governo lido como mais amigável a reformas ditas liberais – ainda que, na tentativa de conquistar a reeleição mesmo com a popularidade em baixa, Bolsonaro tenha turbinado os gastos com a máquina pública e segurado reajustes na gasolina.

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Na última semana, porém, episódios como o caso Roberto Jefferson frearam o avanço de Bolsonaro e as pesquisas confirmaram a vantagem de Lula, ainda que apertada. 

Ao mesmo tempo, a carta do petista ao mercado nem fez cócegas no humor dos investidores.

E agora, no último pregão antes da decisão dos eleitores, segue apenas a incerteza, refletida no pregão que terminou no zero a zero.

É claro que a eleição não foi a única pauta do dia. De um lado, a perda do minério puxou ações de peso para baixo, mas, do outro, o bom humor em Wall Street ajudou o Ibovespa a não tombar tanto assim.

Vale e Wall Street

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O minério de ferro teve um novo dia de forte queda nesta sexta-feira, recuando 4,87%, a US$ 86,09 por tonelada, na bolsa chinesa de Dalian. Ontem, a commodity já havia caído outros 4%.

A sequência de perdas vem justamente quando o setor de mineração e siderurgia da bolsa brasileira desapontou nos balanços trimestrais liberados essa semana. Ontem, a Vale (VALE3), gigante com maior peso no Ibovespa, divulgou seus resultados, considerados aquém do esperado.

O lucro ajustado da mineradora no terceiro trimestre caiu 19% na base anual. Um dos motivos é, justamente, o menor preço do minério de ferro, além de incertezas sobre a demanda mundial por aço com a recessão batendo à porta.

A Usiminas (USIM5) também divulgou seus resultados hoje, mostrando um recuo de 67% no lucro na base anual. O fato do resultado ser consideravelmente melhor do que o esperado por analistas não parece ter convencido o mercado de que a notícia é positiva.

No fim do pregão, as sete maiores baixas do dia foram todas do setor. VALE3 caiu 4,88%, USIM5 4,17%. CSNA3 teve a pior queda (5,74%), enquanto GGBR4 caiu 3,65%, GOAU4 -3,13%, BRAP4 -3,32% e CMIN3 -2,10%.

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A outra gigante do Ibovespa, a Petrobras, também não teve um dia bom: PETR4 -1,18, PETR3 -1,51%.

O mau desempenho dos papéis ligados a commodities poderia ter levado o Ibov para o buraco. Só não foi um dia de hemorragia porque Wall Street sextou com um ótimo humor.

O S&P 500 subiu 2,46% no último pregão de uma semana turbulenta em Wall Street. O pessimismo tech havia tomado os investidores nos últimos dias após balanços para lá de decepcionantes da Meta (ex-Facebook), Alphabet (dona do Google), da Amazon e do Snap (do Snapchat).

Quem salvou o humor foi justamente a mais big das big techs, a Apple. A empresa da maçã reportou resultados levemente acima do esperado – uma boa surpresa entre tantos números sangrentos das outras techs, que vivem um período de inferno astral. Os papéis da maior empresa em valor de mercado do mundo subiram fortes 7,6%, ajudando a instaurar a paz em Nova York

Outra fonte de otimismo para Wall Street foi o PCE, índice de inflação preferido do Fed na hora de tomar suas decisões monetárias. Ele veio alto: o núcleo acumulado em 12 meses subiu 5,1%. Mas surpreendeu ao vir abaixo do esperado (as previsões falavam em 5,2%). Nos últimos tempos, investidores americanos estão acostumados a ver a inflação surpreender para cima, e não para baixo, então a notícia foi uma grata surpresa.

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Por lá, é claro, não tem uma eleição no meio do caminho para estragar o clima.

Boa eleição e bom fim de semana.

Maiores altas

Méliuz (CASH3): 8,33%

Cogna (COGN3): 5,30%

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Americanas (AMER3): 4,84%

Sul Amércia (SULA11): 4,40%

Rede D’Or (RDOR3): 4,22%

Maiores baixas

CSN (CSNA3): -5,74%

Vale (VALE3): -4,88%

Usiminas (USIM5): -4,17%

Gerdau (GGBR4): -3,65%

Bradespar (BRAP4): -3,32%

Ibovespa: -0,09%, aos 114.539 pontos

Em Nova York

S&P 500: 2,46%, aos 3.901 pontos

Nasdaq: 2,87%, aos 11.102 pontos

Dow Jones: 2,58%, aos 32.861 pontos

Dólar: -0,12%, a $ 5,3004

Petróleo

Brent: -1,33%, a US$ 93,77

WTI -1,32%, a US$ 87,90

Minério de ferro: -4,87%, a US$ 86,09 por tonelada na bolsa de Dalian (China)

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