Continua após publicidade

PETR4, PETR3, PRIO3 e RRRP3 lideram altas após corte na produção do petróleo

Decisão da Opep+ fez preço da commodity disparar. Bom para o Ibovespa, ruim para o governo Bolsonaro – que já pressiona a Petrobras contra novos aumentos na gasolina.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 5 out 2022, 18h35 - Publicado em 5 out 2022, 18h17

Basta olhar para as cinco maiores altas do dia para saber o que pautou o pregão desta quarta-feira: petróleo.

A Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados) – o poderoso cartel formado por 23 países que, juntos, controlam quase metade da produção global da commodity – anunciou que vai cortar a sua produção em 2 milhões de barris diários a partir de novembro. É o maior corte do tipo desde abril de 2020, quando veio o baque da pandemia.

A ideia é manter o preço do barril de petróleo em um patamar elevado (acima de US$ 90) mesmo com um cenário de desaceleração global e baixa demanda, enquanto os bancos centrais mundo afora sobem juros para conter a inflação.

Compartilhe essa matéria via:

Nisso, o preço do petróleo tipo Brent (referência para a Petrobras) subiu 1,71%, para US$ 93,37. E levou consigo as ações da estatal, que lideraram as altas do dia: PETR4 3,76% e PETR3 3,54%. As primas privadas da Petro também tiveram um dia de glória: Petrorio 3,20%, 3R Petroleum 3,49%.

Esses números ajudaram a sustentar a alta de 0,83% do Ibovespa, num dia anêmico em Wall Street. Mas, se por um lado a valorização do petróleo é boa para a bolsa brasileira, traz problemas para o governo.

Alta no preço do petróleo se traduz em gasolina mais cara, é claro, já que a Petrobras segue a política de paridade de preços. O governo Bolsonaro, porém, já sinalizou aos membros da diretoria da estatal para que não haja novos aumentos na gasolina até, pelo menos, o dia 30 de outubro, quando é realizado o segundo turno. A informação foi divulgada inicialmente pelo g1 e confirmada pelo Estadão.

Continua após a publicidade

Bolsonaro largou na corrida para o segundo turno bem atrás de Lula (43,2% x 48,4%), e um novo aumento de preço na gasolina é tudo o que ele não precisa agora. Vale lembrar que a redução recente nesses valores (e na inflação como um todo) viraram justamente uma das principais bandeiras da sua campanha, e um novo aumento poderia colocar tudo a perder.

Se o mercado realmente acreditou em algum tipo de risco de interferência política, não deu para ver no preço das ações hoje.

Nos EUA

A Opep+ não encomendou uma dor de cabeça para Bolsonaro, mas também para outro presidente: Joe Biden. O governo americano vinha pressionando o cartel a não fazer novos cortes já há algum tempo, se contrapondo diretamente à Arábia Saudita, o mais poderoso país integrante da organização, que defende profundos cortes para manter o preço da commodity nas alturas.

A motivação de Biden é parecida com a de Bolsonaro: ele também enfrenta uma eleição em breve, ainda que seu nome não esteja nas cédulas. Os americanos votam para renovar a Câmara e parte do Senado em novembro, e os democratas, que já tem maiorias esteitíssimas em ambas as casas, podem perder o controle do Congresso, tornando os dois últimos anos do governo um inferno astral para Biden.

Continua após a publicidade

Uma nova alta na gasolina em um país que enfrenta inflação teimosamente alta pode enterrar a aprovação do presidente de vez (que já anda baixa, na casa dos 42%). Em resposta à decisão da Opep+, o governo americano anunciou que vai liberar mais 10  milhões de barris das reservas estratégicas do país em novembro para tentar conter a alta nos preços.

A briga dos EUA (e também de seus aliados, como a União Europeia) com a Opep+ não é nova. Afinal, o cartel manteve o mesmo nível de produção durante toda a pandemia, mesmo com a demanda voltando gradualmente a subir à medida que os países reabriam suas economias. Com isso, só em 2021 o preço da commodity subiu 61%. Foi um dos fatores que levou à onda inflacionária que ainda atinge boa parte do Ocidente, e obriga bancos centrais a aumentar os juros rapidamente para tentar conter o problema.

Semana eleitoral, parte 3

Por aqui, os investidores finalmente deixou o cenário político em segundo plano, com olhares focando mais para o exterior. Mas nem por isso deixou de ser importante.

A notícia do dia, é claro, é o apoio de Simone Tebet (MDB) à candidatura de Lula (PT) no segundo turno. A senadora ficou em terceiro lugar da disputa, com 4,2% dos votos – que agora são valiosos numa corrida tão acirrada. 

Continua após a publicidade

O apoio de Tebet ao petista pode sinalizar ao mercado um novo gesto de moderação da campanha de Lula. Tudo o que a Faria Lima quer, é claro.

Até amanhã.

Maiores altas

Petrobras PN (PETR4):  3,76%

Locaweb (LWSA3): 3,76%

Continua após a publicidade

Petrobras ON (PETR3): 3,54%

3R Petroleum (RRRP3): 3,49%

Méliuz (CASH3): 3,25%

Maiores baixas

Dexco (DXCO3): -3,83%

Continua após a publicidade

JBS (JBSS3): -2,46%

CPFL (CPFE3): -2,39%

Cielo (CIEL3): -2,34%

Cogna (COGN3): -2,34%

Ibovespa: 0,83%, aos 117.197 pontos

Em Nova York

Dow Jones: -0,14%, aos 30.274 pontos

S&P 500: -0,19%, aos 3.783 pontos

Nasdaq: -0,25%, aos 11.148 pontos

Dólar: 0,31%, a R$ 5,1840

Petróleo

Brent: 1,71%, a US$ 93,37

WTI: 1,43%, a US$ 87,76 

Minério de ferro: 0,20%, a US$ 93,45 por tonelada em Cingapura

Publicidade