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Ibovespa sobe fortes 2,20% no último pregão antes do primeiro turno da eleição

Enquanto isso, Wall Street derrete 1,5% e tem três trimestres seguidos de queda – a maior sequência de perdas desde a crise de 2008.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 30 set 2022, 18h46 - Publicado em 30 set 2022, 18h17

Eleição? Que eleição? No último pregão antes dos cidadãos irem às urnas escolher quem comandará o Brasil nos próximos quatro anos, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, teve forte alta de 2,20% nesta sexta-feira, fechando também o mês em alta. 

Não só a forte alta desta sexta vem em meio a um período que costuma ser marcado pela incerteza e instabilidade na bolsa como também se firma na contramão do pessimismo generalizado em Wall Street, onde o clima é mais do que sombrio. Após a sangria da quinta-feira, o S&P 500 voltou a tombar 1,48% hoje, fechando o mês em baixa de 9,34% e o trimestre junho-setembro em queda de 5,3%. É o terceiro trimestre seguido que o índice amarga no vermelho. A última vez que uma sequência dessas aconteceu foi em 2008, o ano da crise global.

Mas a Faria Lima parece inabalável tanto ao pessimismo gringo quanto aos temas políticos. Essa eleição é atípica em vários fatores, inclusive no impacto que teve (e está tendo) no mercado financeiro. No Brasil, é comum que pesquisa eleitoral se torne um indicador econômico tão importante quanto desemprego e inflação. Afinal, investidores precisam sempre tentar prever três coisas: i) quem vai ganhar o pleito; ii) quais projetos virão do novo governo; iii) quais impactos e riscos decorrem desses projetos.

Sem bola de cristal, o mercado costuma passar por um período de instabilidade nesse jogo de adivinhação eleitoral. Mas, nessa eleição, o impacto político parece ter sido menor, quase indiferente – pelo menos até agora.

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As pesquisas mantêm um cenário bastante estável já há semanas, com o ex-presidente Lula liderando e com possibilidade de ganhar a eleição já no primeiro turno. O atual presidente Bolsonaro, por sua vez, aparece em segundo lugar. 

Nao que o impacto tenha sido nulo, é claro. Bolsonaro, por exemplo, abriu os cofres em plena campanha e conseguiu passar a PEC Kamikaze, que liberou o governo a emitir R$ 42,5 bilhões em dívidas para pagar benefícios sociais – uma clara tentativa de recuperar popularidade. O mercado, na época, não gostou, é claro. A PEC significou, basicamente, o fim de qualquer respeito ao teto de gastos e o controle fiscal por parte do governo.

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Por outro lado, Lula, o líder nas pesquisas, também prometeu transformar a gastança em permanente e já falou diversas vezes em abolir o teto.

Mas nem mesmo isso teve um impacto tão grande na bolsa, que se recuperou do baque da Kamikaze. Também não parecem se enquadrar na caixinha de “risco político” as constantes ameaças de Bolsonaro ao processo eleitoral, com ataques às urnas eletrônicas e acusações, sem provas, de fraude. Até agora, a Faria Lima não comprou que haja de fato um risco de ruptura.

Por outro lado, Lula continua insinuando acenos ao mercado. Além de encontros recentes com grandes empresários, e a própria escolha de Geraldo Alckmin para a composição da chapa, a recente aproximação do petista com Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda, também entra nesse leque de acenos à Faria Lima.

Hoje, inclusive, a Revista Veja noticiou que membros da campanha de Lula já cravam o nome de Meirelles para reocupar a liderança o ministério. Posteriormente, o ex-presidente do BC negou que tenha sido convidado para o cargo.

De qualquer forma, é fato que o noticiário político afetou menos a bolsa do que costuma acontecer em corridas eleitorais no Brasil. Talvez, assim como todo mundo, a Faria Lima só esteja torcendo para que acabe logo.

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Em Wall Street

Enquanto a bolsa sobe com força aqui, o oposto acontece em Nova York. A sangria nas bolsas americanas continua, com medo da inflação alta e da resposta do Fed à ela, que deve jogar os juros nas alturas por muito tempo.

No mês, o S&P 500, principal e mais abrangente índice acionário americano, desabou 9,34%. É o pior desemprenho mensal desde março de 2020, quando a pandemia causou caos nos mercados. No trimestre, também queda, de 5,3%. Com isso, o índice completa sequência de três quedas trimestrais seguidas, algo que aconteceu pela última vez em 2008, no ano da crise global.

Repetir feitos do início da pandemia e de 2008 é um baita de um mau presságio para a bolsa americana (e para o mundo todo, na verdade). Investidores parecem ter engatado de vez no pessimismo de que o aperto do Fed e de outros bancos centrais vai custar caro para a economia global. 

Mesmo assim, por aqui, o Ibovespa fecha o mês com leve alta de 0,47%, com ajuda da forte alta de hoje. A ver se o resultado de domingo pode mudar o ânimo por aqui.

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Bom final de semana e boa eleição.

Maiores altas

Magazine Luiza (MGLU3): 10,62%

IRB Brasil (IRBR3): 8,91%

Via (VIIA3): 8,50%

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Usiminas (USIM5): 7,43%

Americanas (AMER3): 6,99%

Maiores baixas

Carrefour (CRFB3): -2,77%

Embraer (EMBR3): -2,51%

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Assai (ASAI3): -2,23%

Minerva (BEEF3): -2,11%

Eneva (ENEV3): -2,08%

Ibovespa: 2,20%, aos 110.036 pontos

Em Nova York

S&P 500: -1,48%, aos 3.586 pontos

Nasdaq: -1,51%, aos 10.575 pontos

Dow Jones: -1,70%, aos 28.730 pontos

Dólar: -0,02%, a R$ 5,3946

Petróleo

Brent: -2,34%, a US$ 85,14

WTI: -2,14%, a US$ 79,49

Minério de ferro: 0,07%, a US$ 101,6 a tonelada na bolsa de Dalian (China)

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