Empate técnico nas pesquisas e “Fed cansado de guerra” fazem Ibovespa roçar nos 120K

Índice retoma um patamar não visto desde abril com expectativa por baixada de bola do Fed nos juros e Bolsonaro ganhando terreno. Foram 2,35% hoje, e 7,01% na semana.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 21 out 2022, 18h14 - Publicado em 21 out 2022, 18h04

(Caroline Aranha/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)

Duas forças corroboraram para a alta desta sexta. De um lado, uma percepção relativamente sólida de que o Fed reduzirá o ritmo de alta dos juros a partir de dezembro. De outro, as eleições.

Vamos primeiro às eleições.

Hoje, o instituto Futura Inteligência, numa pesquisa encomendada pelo Banco Modal, apontou 50,5% dos votos válidos para Bolsonaro, versus 49,5% para Lula. Trata-se de um empate técnico, já que o Futura considera 2,2 pontos percentuais como sua margem de erro.

O resultado diverge da última pesquisa do Datafolha nos números, mas não na tendência. A do Datafolha deu Lula 52% X 48% Bolsonaro. Também se trata de um empate técnico, já que a margem de erro aí é de dois pontos. E o que temos é um cenário inédito na eleição presidencial.

Numa eventual vitória de Bolsonaro, a chance de privatização da Petrobras é maior do que zero (o cenário com uma vitória de Lula). Isso elevou com força as ações da estatal. Alta de 3,42% para PETR4 e de 3,40% para PETR3, ajudando o Ibovespa a romper a barreira dos 120 mil pontos ao longo do pregão. E no fim o índice fechou quase nisso: 119.928 pontos – o maior patamar desde abril. Se subir mais 1,36%, o Ibov volta à melhor marca do ano, que foi de 121.570, no dia 04/04.

Falou-se muito ao longo do dia que o Banco do Brasil também subia por conta das pesquisas, já que não falta torcida pela privatização dele. Que subiu, subiu. Mas a alta foi equivalente à média de todas as empresas do Ibovespa. Ficou em 2,48%. O Itaú, por exemplo, subiu até mais, 3,33%. Ou seja: as ações do BB definitivamente não entraram na onda eleitoral. Só na onda do maior apetite por ações mesmo.

Continua após a publicidade

Apetite que foi potencializado pelo nosso segundo assunto: uma percepção maior de que o Fed baixará a bola em dezembro. Vamos a ela.

Freio na “Selic” americana

Nesta manhã, veio a “notícia” de que o Fed estaria pensando seriamente em anunciar só mais um ajuste de 0,75% nos juros, na próxima quarta. E baixar o ritmo para 0,50% em dezembro.

“Notícia” entre aspas porque não era notícia. Tratava-se de um artigo de Nick Timiraos, repórter sênior do Wall Street Journal responsável por cobrir o Fed para o periódico. No texto, Timiraos diz que “alguns membros do BC americano se mostram cada vez mais desconfortáveis com as grandes altas [de 0,75 pp a cada reunião]”.

Para embasar a afirmação, ele cita apenas declarações de 10 dias atrás, já dadas por todos os veículos. Ou seja: zero novidade. Só tem um detalhe: o repórter é conhecido por ter ótimas fontes dentro do Fed. Só o fato de ele ter cravado o tal desconforto, ainda que sem citar algo inédito, deixou o mercado eufórico. Tipo: “Aí tem coisa…”.

Continua após a publicidade

E talvez tivesse mesmo. Pouco tempo depois da publicação do artigo, Mary Daly, diretora do Fed, disse que “o banco central deveria considerar a ideia de frear o ritmo das altas”. Era a força que o lado touro do ringue financeiro precisava.

Resultado: escalada de 2,38% para o S&P 500, que o Ibovespa seguiu de mãos dadas (com a ajuda da Petrobras), fechando o dia em 2,35% e a semana em animados 7,01%.

Caso role mesmo o freio nos juros americanos, diga-se, a alta em dezembro ficaria em 0,50% (ninguém ainda é louco de imaginar menos do que isso). Com os extremamente prováveis 0,75% da semana que vem, a taxa do Fed fecha 2022 em 4,50% – contra uma expectativa, até agora reinante, de 4,75%,

Pois é. Pequenas diferenças às vezes bastam para gerar grandes negócios.

Bom fim de semana!

Continua após a publicidade

Maiores altas

Soma (SOMA3): 5,48%
Gol (GOLL4): 4,56%
B3 (B3SA3): 4,36%
EcoRodovias (ECOR3): 4,00%
Via (VIIA3): 3,96%