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Banqueiros americanos falam em recessão em 2023 e derrubam NY

S&P 500 recuou 1,44% e petróleo caiu abaixo dos US$ 80 pela primeira vez desde janeiro. Ibovespa se segura no vai e vem da PEC da transição.

Por Tássia Kastner, Camila Barros
Atualizado em 6 dez 2022, 18h38 - Publicado em 6 dez 2022, 18h35

A semana de Wall Street era para ser tipo um episódio filler numa série, aquele que não acontece nada, mas está prensado no meio de dois acontecimentos que definirão o rumo de uma temporada inteira. 

Na semana passada, saíram os dados de inflação e desemprego. Na próxima, o Fed deve tirar o pé do acelerador e subir os juros em “apenas” 0,50 p.p. após quatro escaladas de 0,75 p.p.

Prensados no que seria essa semana de “pausa”, investidores foram procurar notícias. E acharam a depressão. 

Nesta terça, rolou um encontro de banqueiros nos Estados Unidos. E a turma do J.P. Morgan, Bank of America, Goldman Sachs e cia. deu spoilers do que esperam para a economia em 2023. O cenário não é exatamente sombrio, mas é pior do que a turma de Wall Street vinha esperando.

O ano deve começar mais fraco, com uma recessãozinha suave. Não é nada surpreendente após o aperto feroz nos juros americanos, que saíram de zero e devem terminar o ano em 4,50%. Cortesia da inflação, que lá ainda está acima dos 6% em 12 meses (na medida do PCE, que é o indicador de inflação mais avaliado pelo Fed). 

Não é só o dado concreto que conta. Nas palavras do CEO do Goldman Sachs, David Solomon, os executivos das empresas em geral estão pessimistas. “Quando eu falo com clientes, eles soam extremamente cautelosos.”

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Aí que mora o perigo. A economia não é uma ciência exata, ela depende do comportamento dos seres humanos. Se todo mundo fica cauteloso e com medo de gastar, ela vai desacelerando até parar. Aquilo que era só medo pode de fato se tornar uma realidade, se o medo persistir por muito tempo.

Essa pode ser uma das explicações para a queda das bolsas americanas nesta terça. O S&P 500 recuou 1,44%, enquanto o Nasdaq cedeu 2%. 

A cilada dessa história é que reduzir a atividade econômica é a única ferramenta que o Fed tem para conter a inflação. O mercado de trabalho americano está tão sólido que todo mês são abertas coisa de 100 mil vagas de trabalho a mais do que tem gente para preencher. Aí o salário sobe, aumentando a pressão sobre a inflação.

Se não tem como “criar” trabalhadores, o jeito é diminuir o número de vagas. E isso significa menos investimento e menos consumo. 

Esse combo mais pessimista atropelou também o petróleo, que fechou abaixo de US$ 80 pela primeira vez desde janeiro – ou seja, desde antes da guerra da Ucrânia.

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Sobre a commodity segue pesando a queda de braço sobre o teto ao preço do petróleo russo, imposto pela União Europeia, e a movimentação dos países da Opep+

A queda do petróleo seria o bastante para dragar a Petrobras e o Ibovespa, isso num dia de incertezas também no hemisfério sul. Surpreendentemente, o Ibov fechou em alta. 

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A PEC da Transição

A Faria Lima tava focada na TV Senado. Hoje foi o primeiro dia de discussões da PEC de Transição na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. E foi típico episódio de vai-e-vem nas discussões sobre o limite do teto. Até que a sessão foi suspensa.

O lance é que o PT ainda está articulando o tamanho da desidratação na PEC para conseguir aprová-la. O senador Jaques Wagner, articulador do PT, topou baixar o valor do teto para R$ 145 bilhões em 2023 e 2024 – R$ 30 bilhões a menos do que o proposto pelo relator, Alexandre Silveira. 

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O texto ainda dá ao governo Bolsonaro o direito de gastar até R$ 23 bilhões (o excesso de arrecadação deste ano) fora do teto. O valor será necessário para fechar as contas da gestão, que vem bloqueando gastos previstos no Orçamento  – como o Farmácia Popular, repasse para Universidades e salários de médicos residentes – por falta de dinheiro. 

A indefinição – somada ao fato de que o novo governo está sendo forçado a ceder – deixou investidores locais relativamente confortáveis. Isso apesar de a série estar apenas no começo. O Ibovespa subiu 0,72%, a 110.189 pontos. Que venham as cenas dos próximos capítulos.

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Maiores altas

Ecorodovias (ECOR3): 7,20%

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Lojas Renner (LREN3): 4,38%

IRB Brasil (IRBR3): 3,03%

CCR (CCRO3): 3,90%

Gol (GOLL4): 3,97%

Maiores baixas

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Sabesp (SBSP3): -4,74%

PetroRio (PRIO3): -4,50%

3R Petroleum (RRRP3): -4,03%

Minerva (BEEF3): -3,29%

JBS (JBSS3): -2,81%

Ibovespa: 0,72%, a 110.189 pontos

Nova York

Dow Jones: -1,03%, a 33.596 pontos

S&P500: -1,44%, a 3.941 pontos

Nasdaq: -2%, a 11.014 pontos

Dólar: -0,25%, a R$ 5,2697

Petróleo

Brent: -4,03%, a US$ 79,35

WTI: -3,48%, a US$ 74,25

Minério de ferro: –0,64%, a US$ 111,55 por tonelada na Bolsa de Dalian

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