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Vitória do Brasil, mas não na bolsa: Ibovespa cai 2,25% com mau humor em Wall Street

Em dia de jogo, o volume de negócios foi fraco e o pessimismo americano com Fed agressivo derrubou as bolsas mundiais.

Por Bruno Carbinatto
5 dez 2022, 18h41

Foi daquelas vitórias que deu gosto de comemorar: Brasil 4  x Coreia do Sul 1, uma goleada que traz um gostinho de hexa chegando, você sabe. Mas a euforia dos brasileiros no futebol não se estendeu para a bolsa nesta segunda-feira: o Ibovespa fechou o primeiro pregão da semana com expressiva queda, de 2,25%, voltando aos 109 mil pontos.

No fim, também rolou goleada no índice, só que pro lado negativo: 86 ações fecharam no vermelho, enquanto só 5 papéis subiram (veja no fim do texto).

A liquidez foi reduzida, como era de esperar – em dias de jogo, investidores deixam o home broker de lado para ver a seleção e o volume de negócios cai em média 20%. Os que ficaram hoje encontraram um cenário sem muitas novidades no noticiário nacional e um clima amargo nas bolsas mundiais, em especial as americanas – um combo que explica o tombo do Ibov hoje.

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Em Nova York, o S&P 500, principal e mais abrangente índice acionário americano, desabou 1,79%, enquanto o Nasdaq, que concentra ações de tecnologia, foi além e caiu 1,93%. 

Por lá, continua um pessimismo meio paradoxal que já havia sido visto na última sexta-feira: dados aparentemente positivos causando mau humor. Na semana passada, foi o payroll, relatório de empregos do país: em novembro, os EUA criaram 236 mil novas vagas de emprego, sendo que a taxa de desemprego ficou em 3,7% e os salários continuaram a subindo. 

Legal, em situações normais de temperatura e pressão, porque indicam um cenário de economia sólida. O problema: os números também indicam uma pressão inflacionária e uma economia forte o suficiente para aguentar o tranco de uma subida mais brusca nos juros. Ou seja, o medo é que os dados positivos levem o Fed a aumentar mais a taxa de juros – e mantê-la alta por mais tempo – para lutar contra a inflação. Daí o pessimismo que derruba as bolsas.

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Hoje, mais dois dados mostraram que a economia americana continua muito bem, obrigado, e reforçam esse sentimento. As encomendas à indústria em outubro cresceram 1% por lá, mais do que os 0,7% esperados, e o PMI serviços, que mede a atividade deste setor, também subiu para 56,5, mais do que o previsto.

Daí que os investidores temem que o Fed vá pisar no acelerador e pegar mais pesado nas suas decisões. É o oposto do sentimento que vinha predominando antes no mercado americano, quando a inflação começou a cair e Wall Street começou a sonhar com o fim do aperto monetário.

O mau humor respingou por aqui, é claro, já que o pregão foi esvaziado de humor próprio dado o jogo do Brasil. Mas não por muito tempo, é claro: amanhã a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado deve votar a PEC da Transição, e investidores devem acompanhar de perto as discussões. O ponto principal em jogo é a quantia que deverá ficar de fora do teto de gastos: o governo eleito propõe R$ 198 bi, mas espera-se que essa quantia seja desidratada no Congresso. A ver.

China e Vale

Do lado das altas, ações ligadas ao minério de ferro sofreram menos nesta segunda-feira. A Vale (VALE3), por exemplo, passou boa parte do dia no azul, e fechou próxima à estabilidade (-0,1%). A notícia principal aqui é a reabertura econômica da China, com o governo flexibilizando as medidas de restrição após ondas de protestos pelo país.

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Nem de longe foi o suficiente para salvar o Ibovespa hoje, é claro. Mas a verdade é que a queda na bolsa virou nota de rodapé num dia de felicidade para todos brasileiros.

Até amanhã.

Únicas altas

Klabin (KLBN11): 2,22%

Suzano (SUZB3): 2,20%

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Usiminas (USIM5): 1,07%

Raia Drogasil (RADL3): 0,69%

CSN (CSNA3): 0,14%

Maiores baixas

Positivo (POSI3): -11,50%

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Qualicorp (QUAL3): -9,74%

Totvs (TOTS3): -8,01%

Lojas Renner (LREN3): -7,80%

Ecorodovias (ECOR3): -7,41%

Ibovespa: -2,25%, aos 109.401 pontos

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Em Nova York

S&P 500: -1,79%, aos 3.998 pontos

Nasdaq: -1,93%, aos 11.239 pontos

Dow Jones: -1,40%, aos 33.946 pontos

Dólar: 1,30%, a R$ 5,2829

Petróleo

Brent: -3,38%, a US$ 82,68 

WTI: -3,81%, a US$ 76,93

Minério de ferro: 2,40%, cotado a US$ 108,60 por tonelada em Cingapura

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