Continua após publicidade

Voar, voar, subir subir: Azul e Gol disparam com uma possível reviravolta no setor aéreo

Tanto uma como a outra têm o poder de dominar o mercado no caso de uma liquidação da Latam. De quebra, Gol baixa a Poliana e divulga projeções hiper-otimistas.

Por Juliana Américo, Alexandre Versignassi
Atualizado em 18 out 2024, 09h32 - Publicado em 26 Maio 2021, 18h58
-
 (Laís Zanocco/VOCÊ S/A)
Continua após publicidade

“Voar, voar
Subir, subir
Ir por onde for…”

Assim começa “Sonho de Ícaro”, que o cantor Byafra lançou em 1984 – e que virou meme em 2009. O hino brega ilustra bem o que foi o dia de quem tem ações da Azul ou da Gol. Os papeis das aéreas tiveram altas raras hoje (sorry, não vamos dizer que elas “decolaram”). Foram 11% para a empresa fundada por David Neeleman; 7% para a da família Constantino.   

A Azul vem demonstrando interesse em comprar a Latam Brasil, que deve apresentar seu plano de recuperação judicial até julho, em Nova York.  

De acordo com uma reportagem do Valor, as tratativas com a Latam não estão dando certo. Por isso, a Azul está tentando se aproximar das empresas credoras da concorrente para impulsionar a proposta de compra dentro do processo de recuperação judicial.

Seria uma mão na roda, diga-se. A Azul já tem o maior market share entre as aéreas, com 37,89% de participação. Depois vem a Gol, com 32,98% e a Latam Brasil, com 28,02%. Com a Latam em dificuldades (e credores loucos para verem seu dinheiro), trata-se de uma bela oportunidade para a companhia com hub em Viracopos dominar os nossos céus, com 66% do mercado. 

A Latam tenta evitar isso ao máximo. O presidente da empresa, Jerome Cadier, quer seguir voando com as próprias asas: informou que não há intenção alguma de vender a operação nacional da Latam Group (controladora da aérea brasileira, com sede no Chile). No início da semana, a companhia também anunciou o fim da parceria de compartilhamento de voos com a Azul – talvez como uma retaliação às intenções da Azul, não se sabe.

Continua após a publicidade

O ponto é que a mera possibilidade de a Azul dominar o mercado a preços módicos (por conta da recuperação judicial da rival) fez as ações decolarem (ops).

As dela e as da Gol. 

Gol: previsões otimistas

Sim. Apesar de a empresa comandada por Paulo Kakinoff não ter mostrado intenções de pedir a mão da Latam em casamento, existe a possibilidade de que ela se aproveite da situação e amealhe ao menos parte da ex-Tam em condições vantajosas.  

A empresa divulgou, logo no início do dia, suas projeções para o 2º trimestre quanto para o 2º semestre deste ano. Para o 2T21, ela também elevou sua expectativa sobre a taxa de ocupação das aeronaves de 79% para 81%. 

Continua após a publicidade

Para o período entre abril e junho, a expectativa é de alcançar uma receita de R$ 1 bilhão entre abril e junho – o triplo do catastrófico 2T20, mas ainda assim apenas um terço dos R$ 3 bi que ela faturou no 2T19. 

O valor deve subir a R$ 6 bilhões no segundo semestre do ano. Ou seja: eles esperaram que, ainda em 2021, seu faturamento trimestral volte aos níveis pré-pandemia. 

 

No relatório, a empresa destacou que percebeu uma melhora nas vendas de viagens aéreas no mercado doméstico no mês de maio e que o programa de vacinação está contribuindo para o aumento nas viagens. 

Invejosos dirão que é excesso de otimismo. E provavelmente estarão certos. Mas o ponto é que o mercado parece ter gostado. Isso mais as expectativas por um eventual ganho com a situação da Latam fez os papéis fecharem acima de 7%. 

Continua após a publicidade

O movimento positivo do setor aéreo, diga-se, ajudou a alavancar as ações da CVC também. A empresa de excursões fechou com alta de 3,26%. 

Fed passa um pano para a inflação

Por hoje, o mercado deixou de lado suas preocupações com o aumento da inflação nos EUA. Acontece que os integrantes do Federal Reserve reduziram os temores de que mudariam sua política monetária no curto prazo. 

Desde março do ano passado, o banco central americano optou por manter o juro básico do país perto de zero e garantir a compra de títulos de dívida em poder dos bancos em US$ 120 bilhões por mês. Tudo isso para evitar que a economia sofresse muito com a crise gerada pela pandemia. 

Dinheiro demais na economia, porém, gera inflação. E a alta já estava incomodando Wall Street. Em abril, ela foi de 0,80% ante março – a maior variação mensal em 12 anos. Além disso, nos últimos 12 meses a inflação foi de 4,2% (bem acima da meta anual de 2%). O Fed, então, prometeu repensar suas medidas econômicas na próxima reunião, marcada para junho. 

Aí Wall Street panicou – porque dinheiro demais na economia pode até gerar inflação, mas cria altas nas bolsas. Se o Fed aumentar os juros ou parar de injetar dinheiro nos bancos via compra de títulos, o S&P 500 vai sofrer. 

Continua após a publicidade

Para acalmar um pouco os ânimos, os integrantes do Fed resolveram se pronunciar. Começou com o vice-presidente Richard Clarida. Na terça-feira (25), ele afirmou que a instituição tem capacidade para lidar com a alta da inflação sem prejudicar a recuperação econômica dos Estados Unidos (quando tiver essa receita mágica, manda aqui para a gente, Clarida). A presidente do Fed de San Francisco, Mary Daly, também afirmou que ainda é cedo para mudar a política adotada pelo banco central. 

Outro Fed boy, Randal Quarles, também falou. O vice-presidente de Supervisão manteve um discurso já batido do Fed: de que a alta na inflação será “transitória” e não vai interferir no progresso da economia. E por causa disso, o período para discutir mudanças “está bem distante”.

Pelo jeito, eles acertaram no tom: os indicadores americanos encerraram o dia no positivo. O Nasdaq subiu 0,59%, aos 13.738 pontos, seguido pelo S&P 500 (0,19%, aos 4.196 pontos). 

Ibovespa

Aqui no Brasil, a bolsa aproveitou o clima positivo em NY para chegar (bem) perto dos 124 mil pontos. O indicador se apoiou principalmente nas ações das empresas de mineração, siderurgia e setor bancário (já que as aéreas apitam pouco no Ibov). 

Continua após a publicidade

Na verdade, hoje, não teve cotação do minério de ferro. É feriado lá em Qingdao (cidade cujo porto é a referência global no preço do produto), então não houve negociações. 

No começo do dia a Vale e as siderúrgicas até estavam no negativo. Mesmo assim, o setor virou, e a Vale subiu 2,94% – talvez por ter subido pouco no mês (só 0,90%), em meio a franco ciclo de alta do minério de ferro .  

Já entre os bancos, o destaque ficou para o Bradesco, que avançou 2,29%. Logo em seguida estão Banco do Brasil (1,66%), Santander (1,37%) e Itaú (1,28%) – todos se recuperando das quedas que sofreram ontem.

E foi o que aconteceu com o Ibovespa. A queda de 0,84% ontem foi apagada pela alta de 0,81% hoje, e o índice fechou em 123.989 pontos. 

Correção nas ações do Banco Inter

Entre os que perderam no dia, destaque para o Inter (-2,60%). Foi o segundo dia seguido em que a companhia registra uma desvalorização considerável (no pregão anterior, foram -6,97%). Mas é um movimento natural. 

Na segunda-feira, as ações do banco subiram quase 25%. No dia, a companhia anunciou que a empresa de maquininhas Stone iria aportar R$ 2,5 bilhões no negócio e que também pretende listar suas ações na Nasdaq, lá em NY.

De qualquer forma, altas de 25% em um dia tendem mesmo a ser voos de Ícaro. E essa é a grande graça do mercado. Até amanhã 😉 

Maiores altas

Azul: 11,31%

Gol: 7,15%

Locaweb: 6,74%

Qualicorp: 3,86%

Hering: 3,75%

Maiores baixas

Suzano: -3,77%

Cogna: -3,12%

Banco Inter: -2,60%

Embraer: -2,43%

B2W: -2,11%

Ibovespa: +0,81%, aos 123.989 pontos

Em NY:

S&P 500: +0,19%, aos 4.196 pontos

Nasdaq: +0,59%, aos 13.738 pontos 

Dow Jones: +0,03%, aos 34.322 pontos 

Dólar: queda de 0,45%, a R$ 5,31

Petróleo

Brent: alta de 0,35%, a US$ 68,73

WTI: alta de 0,21%, a US$ 66,21

Minério de ferro: feriado em Qingdao, não houve negociação.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 6,00/mês*

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.