PETR4 desdenha risco de intervenção e sobe 3,41%
Bolsonaro turbina uso das estatais na eleição: quer trocar diretores da Petrobras para segurar a alta dos combustíveis. E anunciou perdão de 90% das dívidas na Caixa.
Faltam três semanas e meia para o segundo turno. As pesquisas continuam mostrando que o ex-presidente Lula tem a maioria dos votos para levar a eleição. A pesquisa Ipec divulgada na noite de ontem apontou que, se a eleição fosse agora, Lula teria 55% dos votos válidos, ante 45% para Bolsonaro. Aí que o atual ocupante do Planalto está tirando as armas (pois é) do bolso.
Nesta quinta, a notícia é que o atual CEO da Petrobras (PETR4), Caio Paes de Andrade, está disposto a trocar diretores da companhia para evitar que eles recomendem um aumento nos preços dos combustíveis. Segundo o blog do Valdo Cruz, publicado pelo G1, estão na mira as diretorias de Finanças e Comercialização e Logística e ainda de Governança e Conformidade.
Tudo nos conformes. Paes de Andrade é o quarto presidente da Petrobras sob o governo Bolsonaro. As trocas foram ocorrendo à medida que os preços dos combustíveis subiram para acompanhar a escalada dos preços do petróleo no mercado internacional.
Ele vinha dando sorte. Desde que virou CEO, as cotações da matéria-prima passaram a cair, uma reação dos mercados a uma possível desaceleração da economia global.
Reduziu a demanda, a Opep+ (o cartel dos exportadores de petróleo) decidiu reduzir a oferta também, para evitar que os preços continuassem a cair. Eles dependem da receita com commodities para garantir que a economia dos seus países continuará de boa.
O corte de 2 milhões de barris por dia foi anunciado ontem. E deu a lógica: os preços voltaram a subir e já tem consultoria prevendo que o barril do brent voltaria a ser negociado a US$ 100. A última vez que ele viu esse patamar foi no final de agosto.
A regra máxima do mercado é que os preços sobem de elevador, mas descem de escada. A Petrobras está fazendo o contrário. Paes de Andrade acelerou a queda nos preços dos combustíveis. A baixa foi tanta que eles acumulam deflação nos últimos dois meses. Agora, com a recuperação do petróleo, está fazendo de tudo para ir aos poucos.
Ao Valor, fontes disseram que a estatal considera a alta do petróleo “movimentos especulativos” e “insuficientes” para aumentos nos combustíveis. A defasagem no preço da gasolina atingiu o maior patamar desde julho.
Investidores decidiram não se importar, e as ações subiram 3,41%. PetroRio, +0,99%, 3R -0,09%.
E hoje teve mais uso de estatal com fins eleitoreiros. Bolsonaro anunciou que a Caixa vai anunciar um grande programa de renegociação de dívidas. O desconto poderia chegar a 90% no valor das contas atrasadas.
O país tem hoje quase 68 milhões de brasileiros com o nome sujo, segundo o Serasa. Dá 40% da população adulta. O número é tão surreal que Lula e os demais presidenciáveis apresentaram propostas para reduzir esse número. Em geral, eles falaram de renegociação com juros baixos e a perder de vista. Bolsonaro reagiu com o uso da máquina pública.
Do lado de Lula, o dia foi de anúncio de apoio de economistas do calibre de Armínio Fraga, Pérsio Arida, Pedro Malan e Edmar Bacha. Esses eram alguns dos caras que estavam ao lado de Fernando Henrique Cardoso na implantação do Plano Real, o programa que finalmente estabilizou a nossa moeda e trouxe estabilidade econômica. O que eles disseram? Que não dá para ter estabilidade fora da democracia.
E ainda faltam três semanas e meia. O Ibovespa subiu ao maior patamar desde abril. Fechou em +0,31%, a 117.561 pontos.
Lá fora, só se fala em recessão, e investidores estão ansiosos pelos dados do payroll para decidir os próximos passos. Cautela com medo deu em queda. Tem dias em que fica difícil acreditar que o Ibov conseguiu subir. Até amanhã.
Maiores altas
Via (VIIA3) 8,03%
Cogna (COGN3) 6,85%
IRB (IRBR3) 6,67%
Méliuz (CASH3) 6,30%
Yduqs (YDUQ3) 4,98%
Maiores baixas
Vale (VALE3) -2,25%
Bradesco (BBDC4) -2,06%
CPFL (CPFE3) -1,84%
São Martinho (SMTO3) -1,82%
Equatorial (EQTL3) -1,81%
Ibovespa: 0,31%, a 117.561 pontos
Nova York
Dow Jones: -1,15%, a 29.926 pontos
S&P 500: -1,03%, 3.744 pontos
Nasdaq: -0,68%, a 11.073 pontos
Dólar: o,50%, a R$ 5,2099
Petróleo
Brent: 1,12%, a US$ 94,42
WTI: 0,79%, a US$ 88,45
Minério de ferro: 0,29%, a US$ 94 por tonelada em Singapura