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Entenda a montanha-russa na cotação do lítio, o metal verde da tabela periódica

As vendas de carros elétricos caíram na China. E a oferta de lítio aumentou mais rápido que a demanda, derrubando o preço da commodity usada em baterias. Boa notícia para o mercado de emissão zero.

Por Bruno Vaiano
12 Maio 2023, 05h55
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 (Caroline Aranha/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Não existe carro elétrico sem baterias de lítio – à exceção dos modelos a hidrogênio, que não vingaram. E não existe futuro sem carro elétrico – a não ser que você banque o aquecimento global e tope morar em uma Terra mais parecida com Vênus, onde a atmosfera de dióxido de carbono mantém a temperatura em 462 ºC. 

Com a eletrificação crescente da frota pelo mundo, a extração global de lítio foi de 34 mil toneladas anuais em 2013 para 130 mil em 2022 – alta de 333%. Só que mesmo essa mineração toda parece longe do suficiente. No mesmo período, as vendas de veículos que carregam na tomada aumentaram 5.000%, para 10,5 milhões de unidades. 

A cotação do lítio até demorou um pouquinho, mas pegou tração. Até agosto de 2021, o carbonato de lítio – a forma mais comum de armazenar o metal – nunca havia passado dos US$ 11,5 mil. Aí veio a explosão. Em novembro de 2022, o terceiro elemento da tabela periódica alcançou um pico de US$ 86,8 mil. 

Desde então, ele caiu até o patamar atual, próximo de US$ 60 mil. Isso só aconteceu porque o Fed anunciou a primeira de uma longa sequência de altas nos juros americanos, algo que outros países também estão fazendo. Aí, natural, a demanda por tudo cai, inclusive carros.

Outros acontecimentos pontuais ajudaram. Primeiro: novas minas de lítio estão entrando em operação no Chile e na Austrália, o que aumenta a oferta em um momento de menor demanda. O déficit do metal, que foi de 76 mil toneladas em 2022, vai cair para algo entre 30 e 20 mil toneladas neste ano. O Goldman Sachs calcula que, até 2025, a oferta deve crescer 35%, contra uma alta de “só” 25% na procura pelo lítio.

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Segundo: os clientes de carros elétricos rarearam na China, o principal mercado, após Pequim pôr fim a um plano generoso que dava o equivalente a R$ 10 mil para quem comprasse um carro elétrico. 

Em longo prazo, porém, ninguém teme pela indústria. Mas as surpresas ainda serão muitas. Gabriel Boric, presidente do Chile, gerou polêmica ao anunciar, em abril, que quer transferir toda a mineração de lítio do país – que detém 40% das reservas do planeta – para uma empresa estatal. Bolívia e México, que são produtores menores, já nacionalizaram suas minas, alimentando o receio dos americanos e europeus, que temem ficar reféns dos preços praticados por países em desenvolvimento na transição verde. Vem aí a Opep+ das baterias?

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