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Embraer voa 16% com anúncio da ida de seus carros voadores à bolsa de NY

Eve, a empresa de eVTOLs, deve ser avaliada em US$ 2,9 bilhões, mais do vale a própria Embraer. Entenda.

Por Tássia Kastner
Atualizado em 21 dez 2021, 19h17 - Publicado em 21 dez 2021, 19h16
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 (Tiago Araujo / Divulgação-Embraer/VOCÊ S/A)
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A Embraer decidiu desafiar a matemática. Nesta terça, a companhia anunciou que a sua subsidiária Eve – a unidade de “carros voadores” – vai ter ações negociadas na Bolsa de Nova York. Na operação, a empresa-filha deve ser avaliada em US$ 2,9 bilhões, o que é mais do que os US$ 2,6 bilhões de valor de mercado da própria Embraer – mesmo depois da disparada das ações hoje.

A Eve não chegará à Nyse do jeito tradicional, como fez o Nubank, por exemplo. Vai ser por meio de uma fusão com outra empresa, a Zanite Acquisition, plano que havia sido anunciado em junho. O acordo prevê que, após a operação, a Embraer ficará com 82% das ações da Eve. Significa dizer, portanto, que US$ 2,3 bilhões dos US$ 2,9 bi da nova empresa pertencerão à Embraer.

Se o mercado financeiro fosse uma ciência exata, a Embraer que a gente conhece, dos jatinhos e dos aviões comerciais, valeria modestíssimos US$ 300 milhões. Não faz lá muito sentido.

Tanto que as ações da companhia dispararam 16% na bolsa, um esforço dos investidores em correr atrás do prejuízo. É como se eles tivessem errado a conta de quanto a fabricante de aviões realmente vale considerando o negócio antigo e o potencial de crescimento futuro.

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O ceticismo faz algum sentido. Faz tempo que a companhia de São José dos Campos enfrenta dificuldades e entrega resultados erráticos. No terceiro trimestre, ela registrou prejuízo de R$ 179,7 milhões, isso após um lucro de R$ 212,8 milhões no segundo trimestre.

Não é um fenômeno exclusivo da companhia brasileira – e fabricantes de aviões vinham em um processo de fusão para ganhar escala, caso da Airbus com a Bombardier. O problema é que o acordo da Embraer com a Boeing miou. Nisso, a Eve virou a tábua de salvação.

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O lance é que essa novata é como se fosse uma startup dentro de um dinossauro, criando do zero um produto que ainda não existe, os carros voadores – o nome “científico” é eVTOL, ou veículo elétrico de decolagem vertical. Para começar a dar lucro, é coisa de anos. Mas há potencial, e por isso que investidores acham um bom negócio comprá-la por quase o mesmo preço que vale a Embraer toda – mesmo que seja arriscado; se der errado, essa aposta vira pó.

Os veículos tipo eVTOL surgem para atender a algumas lacunas de mercado, como redução de poluição (já que não usam combustível derivado de petróleo, como carros e helicópteros) e melhoria na mobilidade urbana. Para companhias aéreas, devem servir de ligação rápida e mais barata entre cidades menores e grandes aeroportos – Gol e Azul já anunciaram acordos de aquisição de veículos do tipo, só que de concorrentes da Embraer.

Não tem problema. Hoje, junto com o anúncio da listagem das ações em Nova York, a Eve disse ter fechado mais 1.700 encomendas de seus carros com 17 compradores diferentes. As entregas, no entanto, devem começar em 2026 e as decolagens dependem de um calvário (necessário) de licenças para evitar que essa nova geringonça não caia no meio das cidades.

O fato é que a notícia é alvissareira a investidores e trouxe um pouco de emoção ao mercado, que de resto teve um dia morno.

Recuperação

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Foram três dias de pânico, choro e ranger de dentes pelo mundo afora, reflexo do medo da Ômicron, da inflação e do que mais você quiser listar e que não anda bem no mundo. Mas, depois de tantos dias de perda em sequência, é comum que investidores parem para dar uma respirada. É o dia que as bolsas voltam a subir, mas sem grandes justificativas para isso.

Em Nova York, foi uma boa tomada de ar, já que o S&P 500 ganhou 1,78%, e o Nasdaq, 2,40%.

O Ibovespa teve menos fôlego e subiu modestos 0,46%, a 105.499,88 pontos. Por aqui, o Congresso votaria, após o fechamento do mercado, o Orçamento de 2022. E ele está recheado de despesas eleitoreiras e riscos para as contas públicas, então dá para entender a cautela dos investidores locais.

Há uma outra característica normal da época: a redução no volume de negócios, reflexo do período de festas. O volume financeiro ficou em R$ 23 bilhões, ante média diária do ano de mais de R$ 30 bi. Ainda bem que teve a Embraer para nos tirar do marasmo.

Maiores altas

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Embraer (EMBR3) 16,02%

Azul (AZUL4) 7,87%

Locaweb (LWSA3) 6,50%

Bradespar (BRAP4) 5,55%

Gol (GOLL4) 5,11%

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Maiores baixas

Alpargatas (ALPA4) -4,37%

Banco Inter (BIDI4)  -3,65%

IRB Brasil (IRBR3) -3,10%

B3 (B3SA3) -3,07%

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Via (VIIA3) -2,74%

Ibovespa: 0,46%, a 105.499 pontos 

Nova York

Dow Jones: 1,61%, a  35.493 pontos

S&P 500: 1,78%, a 4.649 pontos 

Nasdaq: 2,40%, a 15.341 pontos

Dólar: -0,07%, a R$ 5,7388

Petróleo

Brent: 3,44%, a US$ 73,98

WTI: 3,66%, a US$ 71,12

Minério de ferro: 2,59%, a US$ 126,71 por tonelada no porto de Qingdao, na China.

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