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Auxílio emergencial tem data e a Faria Lima quer saber: com que dinheiro?

A pergunta que não quer calar permanece, mas os investidores optaram por ignorar um pouco o drama e focar nos balanços do 4T. Resultado: Ibov +0,73%.

Por Monique Lima, Tássia Kastner
11 fev 2021, 19h22

Teremos auxílio emergencial. Quando? Em março. O mês foi prometido pelo presidente da República, Jair Bolsonaro. Ele afirmou que o benefício deve durar três ou quatro meses. Mas a pergunta que não quer calar e a Faria Lima inteira quer saber ele não respondeu: com que dinheiro? 

A retomada do auxílio já era dada como certa. Lá em dezembro, quando ficou claro que 2021 não seria um ano coronafree, a pressão pela prorrogação do benefício já havia começado. E ela só aumentou quando, na corrida pela vacina, o Brasil não só ficou para trás, como ainda está perdido na pista. Mas o que cravou a urgência mesmo não foi nada disso, foram os números que mostraram que a economia dá sinais de piora. 

Nesta quinta, o IBGE mostrou que o setor de serviços patinou, em leve queda, no mês de dezembro. Já no ano, foi um estrago pior que o esperado, 7,8% — longe dos 3,1% projetado pelo mercado. Isso depois de dezembro ter sido o pior mês da história para o varejo. 

Os números vieram muito abaixo do esperado, foi um balde de água fria para quem acreditava que a recuperação econômica estava a caminho, como explicamos aqui. A partir daí não sobraram dúvidas sobre a necessidade do benefício. O questionamento que se mantém é apenas um: de onde vem a bufunfa? 

Acontece que nem mesmo em Brasília se tem essa resposta.  

O novo presidente da Câmara, Arthur Lira, defendeu que deveria ser aberta uma exceção no teto de gastos e hoje pela manhã, cutucou o ministro Paulo Guedes pedindo pressa na resolução da fonte do dinheiro, porque “a situação está ficando crítica, e nada foi encaminhado ainda”.  

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A passada de pano nesse desespero todo veio do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Para conter os ânimos, ele garantiu um benefício dentro do teto de gastos, dizendo que só será aprovado quando for matematicamente possível e sem novos impostos (em referência a insinuação da CPMF feita pela equipe econômica). 

Prometeu quase um milagre, sim. Mas a Faria Lima não comprou muito o discurso, porque ao longo do dia — que começou em alta, alcançando valorização de até 1,52% –, os números foram caindo, caindo, até fechar com 0,73%, aos 119. 299 pontos, o que ainda é uma alta, mas bem menor do que poderia ter sido. 

Lá no hemisfério Norte a situação foi bem parecida. O dia que começou positivo foi perdendo força sem uma resolução sobre a liberação do pacote fiscal do Biden, de US$ 1,9 trilhão. A novela que começou em 20 de janeiro não tem previsão de final. Depois de atingir uma máxima de 3.920 pontos, o S&P 500 fechou em 3.909, subindo 0,15%. Já o Nasdaq, do pico de 14.058, fechou em 14.025, depois de valorizar 0,38%. 

O que fez o pregão terminar com números azuis na tela do Ibovespa foram os investidores que ainda se importam com balanços de empresas e menos com os rumores de Brasília. 

O destaque do dia ficou para a Totvs, que apresentou um lucro líquido de R$ 96,1 milhões no quarto trimestre, 78,4% maior do que do 4TRI2019. No ano, o aumento foi de 40%, com um lucro líquido de R$ 295 milhões. 

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Daí, a valorização veio. Os papéis da empresa subiram 7,77% hoje. 

Considerando que vivemos um ano de crise econômica, sanitária, psicológica, identitária e tudo o mais que você quiser citar aqui, é um aumento bastante significativo. Então você para e lembra: a Totvs é uma empresa de tecnologia. Ou seja, ela sentiu pouco, ou quase nada, os efeitos da Covid-19. 

Tem um motivo. A empresa trabalha com desenvolvimento de softwares para gestão de negócios, como plataformas de faturamento, e-commerce, RH e por aí vai. E 2020 foi o ano em que muitas empresas que não estavam no digital, tiveram que fazer a transição na marra, alavancando a demanda pelos serviços da Totvs. Lembra que a gente falou que o setor de serviços encolheu no ano, né? Uma das raras exceções foi justamente a área de TI.

A Totvs puxou a fila, mas não caminhou sozinha. Das 81 ações do Ibovespa, 61 subiram nesta quinta. Mas os 120 mil pontos, esses ficaram só no #TBT.

 

MAIORES ALTAS 

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TOTVS: 7,77%

Natura: 5,99%

TIM: 5,43%

Carrefour: 4,48%

JBS: 4,05%

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MAIORES BAIXAS 

CSNA: -3,98%

PetroRio: -2,64%

CVC: -1,98%

Vale: -1,69%

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Rumo: -1,59%

 

Petróleo 

Brent: -0,54%, cotado a US$ 61,14 o barril

WTI: -0,75%, para US$ 58,24 o barril

Dólar: 0,32%, a R$ 5,39

Minério de ferro: comemorando o Ano Novo Chinês.

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