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95% das NFTs já não valem um tostão, mostra levantamento

A demanda pelos tokens evaporou. Agora, o mercado movimenta só 3% do que girou em seu auge, em 2021.

Por Camila Barros
11 out 2023, 06h21

Que a febre das NFTs foi um delírio coletivo da pandemia, a maioria já imaginava. Agora temos números que mostram a proporção disso. 

Um levantamento da dappGambl, site de apostas em criptomoedas, analisou 73 mil coleções de NFTs e identificou que 69.795 delas têm hoje um valor de mercado de zero Ethereum (ETH) – a cripto que movimenta esses objetos virtuais. Dá 95% do total. A pesquisa estima que os ativos sem valor estão nas mãos de quase 23 milhões de pessoas mundo afora.

NFTs são arquivos digitais vinculados a uma blockchain. Cada arquivo fica registrado no nome de uma só pessoa. Há dois anos, artes digitais e itens colecionáveis no formato de NFT ganharam o mercado: na crista da onda, em agosto de 2021, as NFTs chegaram a movimentar US$ 2,8 bilhões em um mês. 

A tecnologia foi apresentada como uma forma revolucionária de se enxergar propriedade. Seus entusiastas prometiam funções mais úteis – como substituir a autenticação de documentos em cartório, por exemplo, já que uma blockchain conseguiria atestar propriedade automaticamente (hoje, essa premissa é o que move a iniciativa do real digital – veja aqui). 

Várias celebridades, como Justin Bieber e Neymar, desembolsaram cifras milionárias para adquirir NFTs. Bieber pagou US$ 1,3 milhão em seu Bored Ape #3001, da coleção de desenhos de macaquinhos Bored Ape Yacht Club (BAYC). Hoje, a obra digital vale US$ 42 mil (ou 25 ETH). Desvalorização de 96%. Já o macaquinho #6633, de Neymar, hoje vale 26 ETH – em janeiro de 2022, o jogador havia comprado por 160 ETH. 

O levantamento da dappGambl mostra que a demanda por coleções desse tipo simplesmente evaporou. “Um forte lembrete de que (…) ainda é um mercado altamente especulativo e volátil”, diz o relatório.

Hoje, o mercado de NFTs movimenta apenas US$ 80 milhões por mês – 3% do pico lá de 2021. 4 a cada 5 coleções analisadas pela pesquisa não tinham todas as suas peças vendidas. Mesmo as coleções mais famosas não escaparam: 41% dos top-sellers apresentavam preços modestos, de US$ 5 a US$ 100. Menos de 1% deles tinham valor acima de US$ 6 mil. 

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