Continua após publicidade

O que é o merge do Ethereum e o que ele muda no mundo das criptomoedas

Fim da mineração tradicional pode tornar a blockchain dos NFTs e das DeFis mais barata e menos poluente. Entenda.

Por Tássia Kastner
Atualizado em 6 dez 2022, 08h25 - Publicado em 9 set 2022, 05h00

O Ethereum – a maior rede de blockchain do mundo, à frente da do Bitcoin – prepara uma transformação que pode pacificar uma das maiores queixas sobre o funcionamento das criptomoedas: o consumo de energia.

A operação das criptos é uma draga de megawatts. Primeiro, elas demandam supercomputadores capazes de resolver problemas matemáticos complexos. A recompensa pela solução é um novo lote de cripto – é a parte da “mineração”, como se diz. Depois, elas precisam de computadores interligados para que as transações de moedas sejam validadas e fiquem disponíveis num sistema público de registros, a blockchain da cripto. 

O lance é que energia custa caro e polui (60% da eletricidade global ainda vem de combustíveis fósseis). Elon Musk, conhecido apoiador das criptos, retirou seu apoio ao Bitcoin depois de estudos mostrarem que ele consumia em um ano a mesma quantidade de energia que toda a Argentina – a maior parte disso na ponta da mineração. 

A mudança no Ethereum promete reduzir o consumo de energia em 99,9%. É um daqueles percentuais difíceis de acreditar, mas vamos lá. 

Compartilhe essa matéria via:

Ele seria possível porque a mineração de Ethers (a moeda usada na rede Ethereum) deixa de ocorrer. O sistema funcionaria com base em sócios dispostos a colocar 32 Ethers (R$ 240 mil) no sistema. Essas pessoas passariam a ficar conectadas na rede e poderiam ser acionadas para validar as transações, numa espécie de loteria. Se você entrou no esquema e foi sorteado, ganha uns cascalhos como pagamento. Essa seria a nova forma de “mineração” da cripto – sem a parte dos problemas complexos, que comem terawatts basicamente à toa.

Essa plataforma está em desenvolvimento há anos, e vem rodando em paralelo ao Ethereum. A ideia é que as duas redes sejam fundidas em 15 de setembro, daí por que a operação tem sido chamada de “the merge”.

Se der certo, a expectativa é que o Ethereum seja mais eficiente também para outras funções. Ele já é a rede de transações de NFTs e também das DeFis, as chamadas finanças descentralizadas. Só que essas transações não são baratas (neste momento, coisa de R$ 20 para qualquer transação).

A mudança tecnológica acontece depois que as criptos tombaram desde o pico. Entre novembro de 2021 e o fim de agosto, o Ether perdeu 70% do seu valor. Com o inverno cripto, entusiastas buscam mostrar que elas podem ter alguma serventia além da especulação – e uma rede Ethereum mais barata e menos poluente ajuda, já que dá uma força para o mercados de NFTs e para as DeFis. Resta saber se dará certo. 

Publicidade