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Sofia Esteves

Fundadora e presidente do conselho da Cia de Talentos, Co-fundadora do Bettha.com e Presidente do Instituto Ser+
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Rage-applying: por que não buscar um novo trabalho no auge da insatisfação

O termo diz respeito à prática de se candidatar a muitas vagas e enviar vários currículos quando o emprego atual se torna insuportável. Entenda por que pode ser furada.

Por Sofia Esteves
Atualizado em 10 jun 2024, 11h18 - Publicado em 10 jun 2024, 11h06

Muitas pessoas estão deixando o seu trabalho por novas oportunidades. Um estudo recente da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que o número de demissões voluntárias ultrapassou os 2 milhões no primeiro trimestre de 2024, uma alta de 10,7% em relação ao mesmo período de 2023.

Esse desejo de “respirar novos ares”, aliás, tinha sido identificado no ano passado na pesquisa “Carreira dos Sonhos“, feita anualmente pela Cia de Talentos.

Na última edição, 70% do total de mais de 91 mil respondentes disseram que pretendiam mudar de emprego nos próximos meses — e, pelo visto, esse plano foi de fato colocado em prática. 

No nosso estudo, também buscamos entender o principal motivo que leva alguém a mudar de emprego, como ter melhor perspectiva de crescimento na carreira (28% dos votos), buscar um salário melhor (22%) e oportunidade para aprender e se desenvolver mais (21%). Motivações compreensíveis e pertinentes, não? 

A princípio, eu diria que sim, mas, depois de ver alguns conteúdos sobre “rage applying”, sinto que preciso ajustar a minha resposta para “depende”. 

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Para quem não viu os vídeos que viralizaram no TikTok, o termo diz respeito à prática de se candidatar a diversas vagas e de enviar vários currículos quando há uma grande insatisfação com o emprego atual. Nestes casos, o que está por trás da busca de uma oportunidade melhor, de um salário maior ou de uma chance de desenvolvimento é uma espécie de esgotamento.

A pessoa cansou de esperar pela promoção que nunca chega, está frustrada com todas as promessas, se sente desvalorizada e sobrecarregada. Enfim, ela não aguenta mais e, por isso, sai disparando e-mails e se aplicando para o maior número de vagas possível.

Só que isso pode levar a uma guinada não de 180º, mas de 360º. Ou seja, pode ser que você saia de um lugar e pare exatamente no mesmo ponto. Afinal, existe o risco de, na pressa por conseguir mudar sua realidade logo, acabar em outro trabalho igualmente frustrante. 

Querer mudar de emprego em busca de novas e melhores oportunidades é algo absolutamente normal, porém, a nossa capacidade de julgamento nem sempre é das melhores quando sentimos grande frustração e estresse. Por isso, o meu maior conselho para quem deseja fazer uma mudança na carreira é: faça uma autoavaliação.

Entenda quais as suas reais motivações para sair do seu emprego e se, de fato, você encerrou seu ciclo na empresa atual — às vezes, uma mudança de área ou a participação em um novo projeto pode trazer um novo ânimo.

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Se, no entanto, seu processo de reflexão levar a decisão de sair, analise o que você busca em uma nova oportunidade, quais são os seus critérios mínimos para o futuro trabalho e quais requisitos podem ser flexibilizados.

Também é importante avaliar se você tem as habilidades necessárias para essa outra posição e, caso seja necessário desenvolver algumas skills, trabalhar nisso.

A pessoa cansou de esperar pela promoção que nunca chega, está frustrada com todas as promessas, se sente desvalorizada e sobrecarregada. Enfim, ela não aguenta mais e, por isso, sai disparando e-mails e se aplicando para o maior número de vagas possível.

Aproveite para analisar se você tem uma empresa do sonho ou se o foco é mais em um setor, atividade ou função. Vale ainda estabelecer metas sobre em quanto tempo você gostaria de realizar tal mudança para, assim, criar e colocar em prática um plano de ação. 

Agora, o que você deve evitar a todo custo é deixar-se levar pela emoção. Como expliquei em detalhes em um artigo sobre “letramento emocional”, para ter sucesso na carreira, precisamos aprender a lidar com os nossos sentimentos. Essa é a diferença entre um planejamento estratégico de mudança de emprego e uma troca impulsiva de trabalho. Prefira sempre o primeiro. 

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