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Henrique Bueno

Especialista em felicidade corporativa e professor adjunto do mestrado global em estudos da felicidade na Centenary University. Mestre em psicologia positiva. Palestrante.

O significado de felicidade para a Geração Z

Ela é uma jornada contínua de adaptação e autodescoberta. Mesmo com os desafios da instabilidade econômica e um futuro incerto, buscam propósito e autenticidade no trabalho.

Por Henrique Bueno
24 nov 2024, 19h30
A imagem mostra uma mulher de costas sentada à mesa, olhando para a tela de um laptop. Ela está com os braços apoiados nas pernas dobradas. A cena parece ser em um ambiente fechado, com plantas ao fundo.
 (Sehajpal Singh/Unsplash)
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entir-se feliz é uma noção subjetiva, especialmente quando analisamos diferentes gerações. Isso porque cada uma é moldada pelos contextos sociais e culturais em que vivem ou viveram.

Diferente das gerações anteriores, a felicidade para a Geração Z não se resume à busca por estabilidade financeira e uma carreira tradicional. Para os Baby Boomers (1946-1964), por exemplo, a felicidade parecia estar ligada ao sucesso financeiro e profissional, visando à estabilidade familiar; para a Geração X (1965-1980), à independência e à realização profissional; para os Millennials (1981-1996), ao alinhamento entre carreira e propósito.

A Geração Z (1997-2012), ou popularmente chamada de GenZ, é marcada por rápidas mudanças tecnológicas e crises sociais. O foco está no propósito, bem-estar, saúde mental e equilíbrio emocional; mesmo que isso, muitas vezes, signifique abrir mão de carreiras consideradas “dos sonhos” pelas gerações anteriores.

Uma pesquisa da American Psychological Association mostra que as pessoas da Geração Z priorizam autenticidade, flexibilidade e impacto positivo no mundo. No entanto, apesar da conectividade, sentem-se mais isolados e sobrecarregados.

Em meio a incertezas e altas expectativas, a busca pela verdadeira felicidade se torna um desafio. O World Happiness Report 2023 apontou uma queda no bem-estar global, com um impacto maior sobre os jovens, que enfrentam um futuro incerto em um mundo volátil.

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Pesquisas das consultorias Gallup e Deloitte apontam que os GenZ valorizam a flexibilidade e a autonomia no trabalho, considerando-as mais valiosas do que um cargo de prestígio ou um salário elevado. Essa mudança reflete uma nova visão de felicidade, onde o reconhecimento pessoal e o impacto no mundo são mais importantes que a segurança financeira.

No entanto, essa busca por propósito nem sempre é simples. A pesquisa da American Psychological Association destaca que a Geração Z experimenta altos níveis de estresse e ansiedade devido à instabilidade econômica e à incerteza quanto ao futuro.

GenZ valorizam a flexibilidade e a autonomia no trabalho, considerando-as mais valiosas do que um cargo de prestígio ou um salário elevado.

A pressão para alcançar objetivos enquanto lidam com obstáculos financeiros, como a alta dos custos educacionais e a dificuldade em conseguir empregos bem remunerados, tem um efeito direto sobre a saúde mental dessa população.

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Mais conscientes sobre os cuidados com o psicológico

Enquanto estudioso e entusiasta da felicidade como um dos assuntos mais sérios da atualidade, sinto que os GenZ têm muito o que ensinar para os “mais velhos”. Eles adotam, desde cedo, uma abordagem mais aberta ao cuidado com a saúde mental, diferente das gerações anteriores, que muitas vezes viam a terapia como um tabu.

Eles, os nascidos entre 1997 e 2012, são mais inclinados a buscar apoio psicológico e, ainda segundo o estudo realizado pela American Psychological Association, buscam ativamente soluções para o bem-estar emocional, como terapias, meditação e práticas de mindfulness.

A aceitação de que a felicidade não é apenas uma questão de sucesso externo, mas de equilíbrio emocional, tem se mostrado um fator crucial para essa geração. É claro, entretanto, que em diversos outros aspectos, são as gerações anteriores que têm a ensinar a GenZ, que por muitas vezes, na busca por um ilusório equilíbrio, flexibilidade e até vida perfeitos, se desconectam da garra necessária para buscar objetivos e conquistas de mais longo prazo.

A Geração Z experimenta altos níveis de estresse e ansiedade devido à instabilidade econômica e à incerteza quanto ao futuro.

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Por outro lado, a autoestima deles pode ser mais volátil. A pesquisa do Pew Research Center revelou que as redes sociais podem intensificar sentimentos de solidão e inadequação.

A constante comparação, a busca por validação e o efeito das “vidas perfeitas” retratadas em ambiente online impactam diretamente a forma com que os GenZ se enxergam.

Além disso, há maior inclinação a se sentirem sozinhos, o que os leva para a busca de uma solução em comum, que é, cada vez mais, as conexões genuínas, a capacidade de construir uma rede de apoio real, que seja autêntica e respeitosa.

Acredito que a felicidade da Geração Z é uma jornada contínua de adaptação e autodescoberta. Mesmo com os desafios impostos pela instabilidade econômica e pela pressão de um futuro incerto, também há uma crescente conscientização sobre a importância de buscar propósito e autenticidade.

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Essa geração está mais disposta a lutar por um equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, procurando experiências que tragam realização e satisfação. A felicidade não é um destino final, mas um processo constante de aprendizado, resiliência e conexão com nossos valores e com os outros.

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