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Henrique Bueno

Especialista em felicidade corporativa e professor adjunto do mestrado global em estudos da felicidade na Centenary University. Mestre em psicologia positiva. Palestrante.
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Felicidade Interna Bruta (FIB): Felicidade como indicador principal

O Relatório Mundial da Felicidade 2024 nos ensina que a felicidade está intrinsecamente ligada à saúde, ao suporte social e à liberdade.

Por Henrique Bueno
17 set 2024, 08h00
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 (Lila Cruz/VOCÊ S/A)
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A

o longo das últimas décadas, o Relatório Mundial da Felicidade (World Happiness Report – WHR), realizado pela Wellbeing Research Centre da Universidade de Oxford (UK), tem se consolidado como uma ferramenta fundamental para compreendermos as dinâmicas globais de bem-estar e felicidade. O que era visto como uma discussão abstrata sobre qualidade de vida, hoje é uma análise concreta com base em dados quantitativos.

A mais recente edição do estudo, publicada em julho de 2024, traz dados que revelam que medir o progresso de uma nação vai muito além de seu Produto Interno Bruto (PIB). Precisamos começar a considerar o Índice de Felicidade Interna Bruta (FIB) como um indicador igualmente essencial para guiar as políticas públicas.

O Relatório Mundial da Felicidade 2024 destaca, também, que saúde e generosidade têm um impacto mais significativo na felicidade do que o acúmulo de riqueza.

Segundo o documento, em regiões como a América do Norte, Austrália e Nova Zelândia, a benevolência, ou seja, a disposição das pessoas em ajudar umas às outras, aumentou consideravelmente durante e após a pandemia de Covid-19, especialmente entre os mais jovens.

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Isso contribuiu diretamente para um crescimento nos níveis de felicidade dessas populações, superando, em muitos casos, o impacto das variáveis econômicas.

Além disso, ao compararmos os indicadores de desigualdade de renda e bem-estar, o relatório revela que o bem-estar tem o dobro da importância em relação à desigualdade econômica. Isso significa que uma sociedade com políticas que promovem saúde pública e coesão social tende a ser mais feliz do que uma onde o foco está apenas em equilibrar as rendas.

Em países onde a liberdade de escolha é maior, ainda segundo o Relatório, as pessoas relatam níveis mais elevados de felicidade.

O Relatório Mundial da Felicidade 2024 destaca que saúde e generosidade têm um impacto mais significativo na felicidade do que o acúmulo de riqueza.

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Nações como a Finlândia, que há sete anos consecutivos lidera o ranking global de felicidade, oferecem exemplos claros de como a autonomia individual impacta positivamente o bem-estar. Já em regiões onde a liberdade é assistida ou limitada, como no Oriente Médio e em partes da África do Norte, a satisfação com a vida cai drasticamente.

No Brasil, esse fator é especialmente relevante. Apesar de estarmos em 60º lugar no ranking global de felicidade, com uma pontuação de 6.436, ainda estamos longe de garantir essa liberdade para todos.

A gestão pública, portanto, precisa considerar que políticas que ampliem a liberdade de escolha – seja no acesso à saúde, educação ou no mercado de trabalho – são determinantes para elevar nosso nível de felicidade nacional.

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A gestão pública impacta diretamente o FIB de um país. Os dados de 2024 do Relatório mostram que o suporte social e as interações sociais positivas são dois fatores que contribuem mais para a felicidade do que a mera ausência de problemas econômicos. Países onde o governo investe em saúde pública, segurança e políticas de apoio à comunidade têm populações mais felizes.

Quando uma nação negligencia esses aspectos, o impacto é visível. Em regiões como o Sul da Ásia, por exemplo, o relatório detectou uma queda significativa nos níveis de bem-estar em todas as faixas etárias, especialmente entre a população de meia-idade.

O Brasil precisa olhar para esse cenário com atenção, pois, à medida que a desigualdade econômica aumenta, a percepção de felicidade diminui, e os custos com saúde pública sobem. Sociedades mais infelizes tendem a enfrentar maiores índices de doenças e afastamentos do trabalho, o que gera gastos adicionais para o governo e afeta diretamente a produtividade.

Envelhecendo bem

Outro ponto crítico destacado pelo Relatório Mundial da Felicidade 2024 é o aumento da insatisfação entre a população idosa no Brasil. De acordo com o relatório, a satisfação com a vida aumenta conforme as pessoas envelhecem, mas esse não é o caso no Brasil, onde a população com mais de 60 anos tem apresentado níveis decrescentes de felicidade. Em breve, teremos uma sociedade mais idosa do que jovem, e se não agirmos agora, enfrentaremos um futuro onde a maioria dos cidadãos será infeliz.

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Na Índia, por exemplo, idosos que vivem em arranjos sociais diversificados e têm redes de apoio mais amplas relatam níveis maiores de felicidade.

No Brasil, o isolamento social e a falta de acesso adequado à saúde estão impactando a vida dos idosos negativamente. Precisamos implementar políticas que promovam a inclusão e o bem-estar dessa população, garantindo que o envelhecimento seja acompanhado de dignidade e qualidade de vida.

O Relatório Mundial da Felicidade 2024 nos ensina que a felicidade está intrinsecamente ligada à saúde, ao suporte social e à liberdade.

Pessoas mais felizes tendem a ser mais saudáveis e, como resultado, menos dependentes dos serviços de saúde pública. Sociedades mais felizes são também mais produtivas, com menos afastamentos do trabalho e uma maior participação social.

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No entanto, o Brasil ainda enfrenta grandes desafios. Precisamos fortalecer nossas redes de suporte social e garantir que todos tenham acesso a serviços de saúde de qualidade.

Duas áreas são fundamentais para elevar o bem-estar da população: o acesso à saúde e o equilíbrio econômico.

Pessoas mais felizes tendem a ser mais saudáveis e, como resultado, menos dependentes dos serviços de saúde pública.

Políticas que promovam a segurança pública, o fortalecimento das redes familiares e comunitárias, e a melhoria da qualidade da educação e do emprego são essenciais para melhorar nossa posição no ranking de felicidade global.

O verdadeiro progresso de uma nação não pode ser medido apenas pelo PIB. Precisamos começar a considerar a felicidade e o bem-estar da população como indicadores fundamentais de sucesso.

Medir o FIB, o Índice de Felicidade Interna Bruta, é uma maneira mais holística e precisa de avaliar o desenvolvimento de uma sociedade. Afinal, uma população mais feliz é, sem dúvida, uma população mais próspera.

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