Cris Kerr | VOCÊ S/A

Nos últimos anos, temos observado uma mudança na visão e nas expectativas das pessoas em relação ao mercado de trabalho. Hoje, são levantados diálogos que, no início deste milênio, nem sequer seriam mencionados nas conversas informais durante o cafezinho. Esse é um indicativo extremamente positivo de que as empresas são organismos vivos e, como tal, estão passando por transformações.

Na prática, e na minha experiência de treinamentos e consultorias nas empresas, o que se espera das organizações daqui para frente é: diversidade e inclusão, não tem como ignorar esta realidade: D&I são imperativos para todos os negócios. Lembrando que é preciso focar em um ambiente onde as pessoas se sintam pertencentes e valorizadas através da equidade salarial e da igualdade de oportunidades.

Como compartilhei no meu livro “Viés inconsciente”, essas mudanças são construídas ao longo dos anos, não nascem da noite para o dia e, como qualquer transição, enfrentam certa resistência no primeiro momento. Nos 15 anos de história da CKZ Diversidade, pude ver isso de perto. Portanto, é importante termos coragem e resiliência, pois o resultado é lento, porém, gratificante. E quando as pessoas do C-level e as lideranças se comprometem com essa missão, toda cadeia acaba sendo impactada positivamente.

Ao mesmo tempo, não podemos deixar de lado o fato de que estamos falando de um futuro cada vez mais complexo e humanizado. À medida que essas mudanças são estabelecidas, a liderança desempenha um papel crucial na condução das organizações em direção ao sucesso. O Fórum Econômico Mundial é um evento que oferece uma rica oportunidade de troca de insights, vivências e aprendizados com lideranças governamentais, empresariais, sociedade civil e pessoas acadêmicas e comprova isso.

As pautas levantadas no encontro que aconteceu em janeiro na Suíça alcançaram mais nossas vidas cotidianas do que podemos imaginar. E aproveitando este gancho quero falar de um tema em especial que chamou minha atenção: “Os comportamentos esperados da liderança do futuro“.

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Com base nas conversas e insights do evento, fica claro que as condutas esperadas estão sendo moldadas para enfrentar os desafios emergentes. Foram listadas as 26 competências para a liderança do futuro. Muitas delas estão relacionadas as “Soft Skills”, que chamamos de “Human Skills” na CKZ Diversidade, e que não tinham um foco tão importante nas organizações.

Compartilho com você quatro delas, que na minha visão são fundamentais para qualquer liderança, do hoje ou do futuro:

Empatia e escuta ativa: a liderança do futuro – a começar por agora – requer a habilidade de compreender e se conectar verdadeiramente com as pessoas da equipe, entendendo as necessidades, desafios e aspirações delas, criando um ambiente de confiança e colaboração. A escuta ativa, por sua vez, permite que as lideranças capturem informações valiosas, promovendo uma cultura de diálogo aberto e inclusivo.
Liderança e influência social: as lideranças devem ter a capacidade de influenciar e inspirar não apenas suas equipes, mas também todos os stakeholders, entre eles as comunidades em que operam, adotando uma visão de liderança socialmente responsável, abordando questões sociais, ambientais e corporativas que gerem impacto positivo. Por essa razão, uma agenda ESG (ambiental, social e governança) vem se mostrando cada vez mais importante.
IA e big data: o futuro exige um entendimento das tecnologias emergentes, como a Inteligência Artificial (IA) e a análise de dados em larga escala. É importante se preparar para as oportunidades oferecidas por essas ferramentas, que, quando utilizadas de forma ética e responsável, podem impulsionar a eficiência operacional e a tomada de decisões estratégicas.
Gestão de pessoas e talentos: a capacitação, atração e engajamento de pessoas talentosas são fundamentais para o sucesso das organizações, como sempre foram. Por isso, as lideranças devem adotar uma abordagem estratégica, identificando e desenvolvendo habilidades, promovendo a diversidade e a inclusão, construindo um ambiente propício para o crescimento (profissional e pessoal) com segurança psicológica.

Esses foram apenas um pedacinho do iceberg que facilmente conseguimos enxergar. Existem muitos outros aspectos que são fundamentais para as lideranças, mas que precisam de uma reflexão e análise mais profunda.

No Super Fórum Diversidade e Inclusão, que promovemos em outubro de 2023, vamos ter mais de 30 cases de empresas que já estão implementando estas competências. Quem sabe esta seja uma oportunidade para você ampliar seu conhecimento. Uma coisa é certa: o futuro já está em construção, e as lideranças e organizações que não acompanharem essa evolução ficarão obsoletos.