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Cris Kerr

Por VOCÊ S/A
Cris Kerr é CEO da CKZ Diversidade, consultoria especializada em Inclusão & Diversidade, professora da Fundação Dom Cabral, Mestra em Sustentabilidade e idealizadora do Super Fórum Diversidade & Inclusão.
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Como os estereótipos influenciam na construção de carreira das pessoas com deficiência

Os vieses inconscientes impedem que os líderes observem as capacidades que as pessoas com deficiência podem desenvolver e deixam de oferecer um plano de carreira.

Por Cris Kerr
Atualizado em 17 dez 2021, 13h42 - Publicado em 17 dez 2021, 10h08
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 (Elevate/Unsplash)
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Quando falamos na carreira profissional de pessoas com deficiência (PCDs), precisamos refletir sobre diversos aspectos, entre eles os estereótipos e crenças que devem ser repensados e desconstruídos por nós.

O preconceito está presente em nossa sociedade desde os primórdios da humanidade e apenas recentemente começamos a combatê-lo. Foi apenas na década de 90 que começamos a usar a expressão “pessoas com deficiência”, recomendada pela Convenção das Nações Unidas. Porém, até hoje ouvimos pessoas usando expressões preconceituosas e ultrapassadas, como “pessoa com necessidade especial”, “portador de deficiência” ou “aleijado”.

As deficiências podem ser auditivas, físicas, intelectuais, visuais ou múltiplas, quando existe a associação de duas ou mais delas. Enquadra-se também as pessoas neurodiversas, que possuem Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Déficit de Atenção ou Habilidades (TDAH). Eles não são todos iguais e cada um deve ser respeitado em sua individualidade e limitações.

No mercado de trabalho não é diferente. Os vieses inconscientes, por diversas vezes, impedem que recrutadores e líderes observem as capacidades que as pessoas com deficiência podem desenvolver dentro das corporações. E, mesmo selecionando essas pessoas para trabalharem nas empresas, muitos não oferecem um plano de carreira ou desenvolvimento pessoal, fazendo com que essas pessoas permaneçam muitos anos exercendo a mesma função, sem incentivar ou investir nas habilidades, competências e conhecimentos que a pessoa com deficiência possui.

Outro grande problema é a falta de preparo por parte dos líderes e das equipes para conviver de forma respeitosa com os PCDs. Precisamos compreender como a pessoa é, suas características e habilidades devem estar em primeiro plano – a deficiência é apenas uma condição que ela possui. É nosso dever tratá-las com o respeito que elas merecem.

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Quando abordamos esse assunto, outro exercício que precisamos colocar em prática é em relação ao capacitismo. A palavra refere-se ao excesso de cuidado com a pessoa com deficiência, aos olhares de julgamento e falas pejorativas. Muitas vezes, podemos pensar em uma delas sem querer e sem ter a intenção de ofender. Porém, é necessário redobrar a atenção. Frases como “e eu aqui reclamando da vida”, “finge demência”, “dar uma de João sem braço”, “coitadinha” ou “a vida dela deve ser tão sofrida” são exemplos do que devemos evitar. A minha sugestão é que, quando observarmos alguém do nosso ambiente de trabalho usando essas expressões, possamos orientá-la, explicando porque  a frase é preconceituosa e incentivá-la a mudar o comportamento. 

Esses estereótipos precisam ser quebrados, para que o mercado de trabalho consiga, cada vez mais, incluir essas pessoas em todos os níveis de funções dentro das empresas. Afinal, segundo o último Censo Demográfico realizado em 2010, o Brasil possui mais de 45 milhões de pessoas – ou 23,9% da população – com algum tipo de deficiência – e elas podem e devem fazer parte do mercado de trabalho.

Apesar dos diversos esforços que estão sendo feitos e das grandes mudanças que estamos presenciando, ainda temos um longo caminho a percorrer. Segundo dados do IBGE levantados em 2019, apenas uma em cada quatro pessoas com deficiência tinham ocupação profissional. Entre as pessoas sem deficiência, o índice subia para 60,4%. É necessário abrir oportunidades profissionais para as pessoas com deficiência. Todos sairemos ganhando.

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