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Armando Lourenzo

Doutor e Mestre em Administração pela FEA/USP. Presidente do Conselho Consultivo do EY Institute. Líder de Consultoria da Lourenzo: Gestão e Estratégia. Professor da FIA e Casa do Saber. Palestrante. Escritor.
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Por que ainda temos poucas mulheres na liderança?

Armando Lourenzo, diretor da EY University, reflete sobre os motivos que impedem a equidade de gênero nas organizações

Por Armando Lourenzo, colunista de VOCÊ S/A
Atualizado em 11 set 2020, 15h11 - Publicado em 11 set 2020, 15h10
 (Brooke Lark/Unsplash)
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Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres são 45% da população economicamente ativa no Brasil, índice conquistado através do trabalho de muitos anos das profissionais em galgar espaço dentro das organizações.

O IBGE também mostra que as trabalhadoras dedicam mais tempo aos estudos em comparação aos homens. Mesmo assim, a remuneração média recebida pelas brasileiras no mercado é inferior à ofertada aos pares masculinos.

Quando olhamos na perspectiva da governança corporativa, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) aponta que apenas 7,2% dos membros dos conselhos são mulheres. Nos comitês fiscais a participação não é muito diferente: menos de 9%. Isso porque no Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa é indicado que exista diversidade em suas composições para promover a melhor atuação desses órgãos.

Em relação aos cargos de liderança nas empresas, as desigualdades persistem. De acordo com o Ministério da Economia, as mulheres detêm 42,4% das funções de gerência, 13,9% de diretoria e 27,3% de superintendência. Ou seja, quanto mais alto o nível dentro de uma companhia, menos elas estão presentes.

Uma das razões do porquê as profissionais não ocupam posições de liderança sênior é que o problema vem da base. Um levantamento da Fundação Lean In, nos Estados Unidos, por exemplo, apontou que 62% dos contratados ou promovidos para a primeira gerência são homens. Em um cenário em que mulheres são maioria nas universidades isso é uma contradição.

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Diversos países têm olhado para essa questão e trabalhado para promover a igualdade de oportunidades entre os gêneros. Entre as ações para aumentar o número de mulheres na liderança e nos conselhos de administração, alguns apostam em lei de cotas.

A Noruega é um exemplo. Por lá, a participação feminina nos conselhos de administração das empresas saltou de 6,8%, em 2002, para 40% em 2008. Os resultados são evidentes, mas ainda assim alguns especialistas são contrários à promoção de ações afirmativas para profissionais do gênero feminino.

Também é preciso dar atenção para as causas dessa discrepância. Uma delas é o viés inconsciente. Um exemplo disso é que, segundo uma pesquisa da consultoria Ipsos, em 2019 três em cada dez pessoas no Brasil não se sentiam confortáveis em ter uma mulher como chefe. Os homens eram os mais resistentes (31%).

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As ações das pessoas têm uma relação direta com os valores que elas carregam. Quantos executivos, então, acreditam que as mulheres deveriam ter as mesmas oportunidades na carreira? E quantos, no fundo, ainda pensam que elas devem tomar conta da casa e os homens serem provedores do lar?

É uma pergunta difícil, mas é necessário que cada um faça essa reflexão. Espero que os líderes acreditem, de fato, na equidade entre os gêneros. Que isso se torne um valor para eles também. Somente assim teremos mais igualdade entre homens e mulheres não somente nas empresas, mas em todos os âmbitos da vida.

Armando-Lourenzo

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