S&P 500 tem pior mês desde março de 2020 com pessimismo tech
Já o índice Nasdaq desabou 3,9% só hoje. Microsoft e Google divulgaram seus balanços hoje após o fechamento do mercado, e sinais foram ambíguos. Entenda.
Nem tão big assim? O mercado parece estar pessimista com as empresas de tecnologia, em especial as gigantes do ramo – como Apple, Alphabet (Google), Meta (Facebook), Microsoft e Amazon. O mau-humor é tanto que o S & P 500, maior e mais importante índice acionário americano, acumula queda de quase 8% em abril – fazendo do mês até agora o pior desde março de 2020, quando o índice perdeu mais de 12% por causa da pandemia de Covid-19.
Já o índice Nasdaq, que concentra justamente as ações de tecnologia, acumula queda de 12% no mês e está em seu menor patamar desde dezembro de 2020.
Só hoje a queda do S&P 500 foi de 2,8%, enquanto o Nasdaq foi além e desabou 3,9% (um tombo desse tamanho em um único dia não era visto também desde setembro de 2020). No mês, acumula queda de 12%. A baixa dessa terça-feira em Nova York contaminou também o mercado brasileiro, e o Ibovespa teve sua sétima queda seguida, voltando aos 108 mil pontos após cair mais de 2%.
O que explica todo esse mau-humor? Basicamente, um pessimismo generalizado do mercado quanto às techs.
A temporada de balanços corporativos referente ao primeiro trimestre de 2020 começou há duas semanas. Hoje, porém, o dia foi especialmente aguardado porque as duas primeiras big techs, Microsoft e Alphabet (do Google), divulgaram seus resultados trimestrais depois do fechamento do mercado. E puxaram a fila: Meta, Amazon e Apple também liberarão seus números nesta semana.
Investidores, porém, parecem ter engatado numa espiral de pessimismo com os resultados. O cenário macroeconômico já é adverso com as techs, já que o Fed, banco central americano, já confirmou que vai aumentar os juros em ritmo acelerado, medida que combate a inflação, mas machuca principalmente as empresas com alto potencial de crescimento (lê-se techs).
Se, além disso, as techs apresentarem resultados trimestrais fracos, aí danou-se.
E é exatamente isso que os investidores parecem apostar, o que explica a queda acumulada do Nasdaq. Hoje, logo antes da divulgação dos seus resultados, os papéis da Alphabet e da Microsoft fecharam em queda de mais de 3% cada. Apple também caiu 3%, Amazon perdeu mais de 2% e Meta, 1%.
Outros sinais anteriores justificam o pessimismo. A Netflix, por exemplo, foi a primeira empresa considerada “tech” a divulgar seus resultados – catastróficos, diga-se. A plataforma perdeu usuários pela primeira vez em 10 anos e prevê uma perda ainda maior no resto do ano. Seu balanço injetou uma boa dose de pessimismo no mercado.
Depois do fechamento do mercado os resultados em si, e os sinais foram mistos. Os resultados da Alphabet certamente não agradaram: queda de quase 7% no after hours de Nova York. A empresa registrou uma receita de US$ 68 bilhões, um crescimento de 23% na comparação anual, mas levemente abaixo do esperado pelo mercado (US$ 68,1 bi). Entre os destaques negativos, está a receita do YouTube, que foi de US$ 6,9 bi, contra os US$ 7,5 bi esperados pelos analistas. O lucro líquido caiu 8% para US$ 16,4 bilhões.
Já as ações da Microsoft entraram em uma montanha-russa no after hours após a divulgação do balanço, alterando entre ganhos e perdas de forma muito volátil. A empresa superou as expectativas de Wall Street: a receita foi de US$ 49,36 bilhões no trimestre; analistas esperavam US$ 49,05 bilhões. Mas o pessimismo geral do mercado quanto as techs parece ter contribuído para a volatilidade do papel.
Mas Microsoft e Google não foram as únicas protagonistas do dia. As ações da Tesla (que também entra, geralmente, na caixinha das “techs”) fecharam em queda de 12% um dia após o Twitter aceitar a proposta de aquisição do Elon Musk. A notícia, aliás, injetou um certo otimismo no mercado ontem e ajudou a colocar as bolsas americanas no azul, mas o efeito Musk durou pouco. Afinal, as apostas de que o bilionário terá que vender os papéis da montadora para comprar a rede social pressionam as ações.
No Brasil
Por aqui, o Ibovespa voltou a amargar no vermelho pelo sétimo pregão seguido com o mau-humor americano. Assim como nos EUA, as techs também ficaram com os destaques negativos: Méliuz, Totvs e Locaweb figuram entre as maiores perdas do dia (veja abaixo). Já o dólar disparou mais de 2% e voltou a rondar o patamar dos R$ 5.
O mercado também reagiu ao balanço do Santander, considerado negativo por mostrar uma menor carteira de crédito e inadimplência em alta. A queda nas ações foi de 4,55%, e levou os papéis de outros bancões para o vermelho junto.
A exceção ficou para as petroleiras: Petrorio e 3R Petroleum lideraram as altas do dia surfando na valorização do petróleo no mercado internacional, enquanto os papéis da Petrobras fecharam próximos da estabilidade.
Até amanhã.
Maiores altas
Petrorio (PRIO3): 2,47%
3R Petroleum (RRRP3): 2,24%
CPFL (CPFE3): 1,84%
Iguatemi (IGTI11): 1,81%
EDP Brasil (ENBR3): 1,13%
Maiores baixas
Locaweb (LWSA3): -8,32%
Totvs (TOTS3): -6,50%
Banco Inter (BIDI11): -6,37%
CSN (CSNA3): -6,30%
Méliuz (CASH3): -6,28%
Ibovespa: -2,23%, aos 108.212 pontos
Em Nova York
S&P 500: -2,82%, aos 4.175 pontos
Nasdaq: -3,95%, aos 12.490 pontos
Dow Jones: -2,38%, aos 33.239 pontos
Dólar: 2,36%, a R$ 4,9905
Petróleo
Brent: 2,40%, a US$ 104,61
WTI: avança 3,21%, a US$ 101,70
Minério de ferro: -2,95%, negociado a US$ 123,11 por tonelada em Qingdao (China)