Qualicorp despenca 15% com lucro mais baixo
Companhia de planos de saúde tem a maior queda da temporada de balanços até agora. Nos EUA, inflação dá uma trégua.
No ano passado, a ANS (a agência de saúde suplementar) suspendeu o reajuste dos planos de saúde por causa do agravamento da pandemia. Mas não dava para segurar o aumento nos preços por muito tempo. Os consumidores sentiram no bolso. E a Qualicorp também.
A administradora de planos de saúde registrou lucro de R$ 90,3 milhões no segundo trimestre de 2021. Legal. Mas isso representou uma queda de 28,4% frente aos R$ 126,1 milhões do mesmo período do ano passado. Caiu também os papéis da companhia, que despencaram impressionantes 15%.
O balanço do 2T21, divulgado ontem após o pregão, mostrou uma queda menor no Ebitda (que é o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, e dá uma ideia melhor sobre o estado atual dos negócios). Ainda assim, a baixa foi relevante: -13,9%, para R$ 201 milhões.
A Qualicorp informou que teve despesas financeiras maiores com comissões e marketing. Mas o problema mesmo está na perda de contratos por causa da alta nas mensalidades. Nos meses de abril, maio e junho,138,2 mil convênios médicos do segmento de adesão foram cancelados.
Os planos por adesão são vinculados a entidades de classe (como sindicatos e associações) e permite que PJ e desempregados participem de um plano coletivo. A questão é que no 2T21 rolou um reajuste de 23% nos preços da modalidade, e o resultado foi uma onda de cancelamentos.
Mesmo assim, o número de clientes em seu portfólio teve uma ligeira alta: 2,582 milhões ante 2,320 milhões no segundo trimestre do ano passado.
Marfrig
Outro balanço de destaque foi o da Marfrig. O frigorífico lucrou R$ 1,7 bilhão no segundo trimestre de 2021 (um crescimento de 9% na comparação com o mesmo período do ano passado). Já o Ebitda recuou 3,6%, somando R$ 3,921 bilhões.
Com isso, a companhia planeja pagar R$ 958 milhões em dividendos – o valor por ação será de R$ 1,40 (equivalente a 7% do preço atual da ação).
Se a gente somar os R$ 0,20 de dividendos por ação liberados no 1T21, estamos falando de dividend yield de quase 8% nos últimos 12 meses. Um número razoável para uma companhia que não pagava proventos desde 2010.
O Ebitda, por outro lado, caiu. Foram 3,6% em relação ao 2T20 (que tinha sido o melhor da história do frigorífico).
Isso jogou um pouco de água fria no anúncio dos dividendos. Mas, no fim das contas, as ações terminaram em alta: 0,97%.
Vai e vem do petróleo
O preço do barril chegou a recuar mais de 1% ao longo do dia. Motivo: a CNBC tinha noticiado que a Casa Branca planeja pedir à Opep+ (a Organização dos Países Exportadores de Petróleo) um aumento extra na produção de petróleo, em um esforço para combater os crescentes preços da gasolina.
Acontece que no início da tarde, a Casa Branca afirmou que não, não iria pedir aos produtores dos EUA para aumentar a produção e que os esforços juntos com a Opep são um plano de longo prazo. Logo os preços viraram e fecharam no positivo.
O tipo Brent, que é referência internacional, avançou 1,15%. Já o WTI, que é referência no mercado americano, subiu 1,40%.
Por aqui, quem aproveitou essa virada foi a Petrobras. A empresa também elevará o preço da gasolina em 3,5% nas refinarias a partir de amanhã e o produto será comercializado por volta dos R$ 2,78 por litro. Os papéis da companhia subiram 1,38% e ajudaram a reduzir as perdas do Ibovespa, que fechou estável, em -0,12%, aos 122.056 pontos.
Incertezas em Brasília
Quem mais puxou a bolsa para baixo foi Brasília. A proposta de reforma do imposto de renda estava na agenda para ser votada ainda hoje na Câmara dos Deputados. Não rolou. Mas o relator do projeto, deputado Celso Sabino, divulgou a terceira versão da reforma.
O texto agora prevê redução de até 1,5 ponto percentual da CSLL (Contribuição Social sobre Lucro Líquido). Com isso, a cobrança do tributo das empresas recua de 9% para 7,5% a partir de 2022. Já a cobrança do Imposto de Renda para pessoas jurídicas (o IRPJ) deve cair de 15% para 6,5% em 2022 e depois para 5,5% em 2023.
A expectativa era a de que a alíquota do IRPJ cairia para 2,5% em 2023.
EUA
Lá fora, saíram os dados de inflação americana, que deram uma animada no mercado. O CPI, que é o IPCA deles, subiu 0,5% em julho ante o mês junho. Já na comparação com o ano anterior, os preços aumentaram 5,4%.
Sim, foi uma alta razoável, mas em linha com o esperado. Na verdade, a inflação anual está ligeiramente acima dos 5,3% projetados pela média dos analistas, de acordo com a Bloomberg. Além disso, houve uma desaceleração na comparação mensal, já que em junho contra maio a alta foi de 0,9%.
Os preços subiram menos na chamada “inflação núcleo”. Ela mede a evolução dos preços excluindo alimentos e energia, mais voláteis. Bom, no último mês ela teve uma expansão de 0,3% – abaixo da expectativa de alta de 0,4%. Nos últimos doze, a alta e as previsões se igualaram: 4,3%.
Ainda no radar dos investidores, está a aprovação do pacote de infraestrutura de US$ 1 trilhão pelo Senado americano, que aconteceu ontem. Pelo menos US$ 550 bilhões serão destinados para áreas como transporte e energia. A expectativa é de que a medida contribua para impulsionar a recuperação do mercado americano.
As boas notícias, de qualquer forma, não fizeram muito mais do que manter os índices americanos estáveis. O S&P 500 avançou 0,25%, aos 4.447 pontos. E o Nasdaq teve uma leve queda de 0,16%, aos 14.765 pontos. Diante do patamar recorde em que estão os preços das ações nos EUA, a estabilidade já é uma vitória para o mercado.
Maiores altas
Hering: 3,53%
Magalu: 2,50%
Copel: 1,98%
Petrobras ON: 1,53%
Petrobras PN: 1,38%
Maiores baixas
Qualicorp: -15,57%
Yduqs: -4,89%
RaiaDrogasil: -3,98%
Banco Inter: -3,71%
Fleury: -2,99%
Ibovespa: estável (-0,12%), aos 122.056 pontos
Em NY:
S&P 500: alta de 0,25%, aos 4.447 pontos
Nasdaq: queda de 0,16%, aos 14.765 pontos
Dow Jones: alta de 0,62%, aos 35.484 pontos
Dólar: alta de 0,47%, a R$ 5,2212
Petróleo
Brent: alta de 1,15%, a US$ 71,44
WTI: alta de 1,40%, a US$ 69,25
Minério de ferro: alta 1,87%, US$ 165,48 no porto de Qingdao (China)