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Inflação dos EUA surpreende (de novo) e tem maior alta em 40 anos

Resultado: investidores dobraram a aposta em alta de 0,50 ponto no juro americano já em março, e as bolsas dos EUA capotaram. A boa notícia é que o Ibovespa escapou.

Por Juliana Américo, Tássia Kastner
10 fev 2022, 18h32
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 (Caroline Aranha/VOCÊ S/A)
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Apesar das dificuldades da pandemia, o mercado não pode reclamar que não faltou dinheiro. Os Banco Centrais de todo o mundo deram um jeitinho de estimular a economia – nos EUA, por exemplo, rolou a compra de títulos, que garantiam mais US$ 120 bilhões em circulação por mês. 

Mas uma hora chega a conta por deixar a torneira de dinheiro aberta. E chega na forma de alta de preços – ou desvalorização do dinheiro, como queira. Em janeiro, a inflação ao consumidor dos EUA (CPI, na sigla em inglês) avançou 0,6% em relação a dezembro. Já na comparação com o mesmo período de 2020, o CPI atingiu 7,5% – é o mais alto desde 1982.

Isso já é uma marca superada mês a mês desde o ano passado. O problema é que o mercado financeiro foi surpreendido novamente: economistas esperavam que o IPCA americano fosse subir um pouco menos, 0,5% no mês e 7,2% no ano. 

O núcleo da inflação, que desconsidera a volatilidade dos alimentos e dos combustíveis, também ficou acima do projetado pelo mercado. Em janeiro, os preços também avançaram 0,6%, sendo que a previsão era a mesma de 0,4%. Na base anual, a inflação foi de 6,0%, quase dentro da expectativa de 5,9%. Isso quer dizer que a alta de preços está disseminada pela economia, e não é culpa meramente da alta do petróleo ou de uma quebra de safra, por exemplo.

O problema da inflação acima das estimativas do mercado, agora, é que ela traz um efeito rebote. O medo de uma alta ainda mais brusca nos juros para baixar os preços na base da marretada. Desde o início da pandemia, o Fed manteve a taxa de juros no intervalo entre zero e 0,25%. 

Agora os velhos tempos de juros baixos já estão com os dias contados. O Banco Central americano já tinha avisado lá em dezembro que começaria a aumentar a taxa ainda no primeiro semestre. Acontece que a consistente alta da inflação faz com que o mercado aposte em uma primeira alta agressiva de juros: os contratos futuros dos Fed Funds (um primo do nosso mercado de DI) indicam uma probabilidade de quase 100% de alta de 0,50 ponto percentual na taxa já na reunião de março. O mercado também vem sinalizando cinco elevações nas sete reuniões previstas para o ano.

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James Bullard, dirigente do Fed de St. Louis, afirmou que apoia um primeiro aumento de 0,50 pp e que, até julho, gostaria de ver elevação de 1 pp.

O fato é que nesta quinta as taxas dos títulos públicos americanos de 10 anos subiram pela primeira vez desde agosto de 2019 para acima de 2%.

Juro de longo prazo alto é uma péssima notícia para as bolsas. Deixa o dinheiro mais caro para as empresas. Isso levou Wall Street para o negativo: o Nasdaq caiu 2,10%, a 14.185 pontos. Já o S&P 500 se desvalorizou 1,81%, a 4.504 pontos. 

Nadando contra a maré 

Por aqui, o Ibovespa chegou a sentir o baque da inflação americana, mas logo  se recuperou. A bolsa brasileira encerrou o dia com alta de 0,81%, a 113.367 pontos – esse é o melhor patamar desde outubro do ano passado. Quem segurou o indicador em terreno positivo foram as commodities e os bancos. 

Depois da decepção com o balanço do Bradesco e queda das ações do setor financeiro, as instituições bancárias tiraram o dia para recuperar parte das perdas de ontem. Quem mais aproveitou a onde positiva foi o Itaú (1,91%) e o Bradesco (1,44%). Já o Santander avançou 1,26% e o Banco do Brasil subiu 1,10%. 

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Apesar da melhora, o setor precisa continuar com a temporada de balanços. Hoje, depois do pregão, é a vez do Itaú liberar os seus resultados. E na semana que vem, no dia 14, será o Banco do Brasil. 

Commodities

O minério de ferro disparou 4,3% e a tonelada da commodity fechou acima de US$ 150 pela primeira vez desde o fim de agosto de 2021. Com isso, o produto já acumula valorização de 4,1% em fevereiro; no ano, já é uma alta de 26,6%. 

Os papéis da Vale acompanharam o movimento do minério:2,48%, seguidos, de forma bem modesta, pelos da CSN (0,11%) e Metalúrgica Gerdau (0,08%). Já Usiminas e Gerdau ficaram no negativo, ambas com queda de 0,83%

Investidores também estavam à espera do relatório de produção da Vale com os números do quarto trimestre, previsto para depois do fechamento do mercado. Esses dados funcionam como uma prévia para os resultados financeiros da empresa.

No mercado de petróleo, o tipo Brent, que é referência internacional, caiu 0,15%; enquanto o WTI, referência nos EUA, subiu 0,25 %. Apesar de a commodity ter ficado em cima do muro, as companhias brasileiras tiveram bom desempenho. A 3R Petroleum liderou as altas do segmento, subindo 3,18%. Já a PetroRio valorizou 1,31%. 

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Até a Petrobras subiu: 1,63%. Ontem, depois do pregão, a companhia divulgou o seu relatório de produção do último trimestre do ano passado. 

O documento mostra que a empresa até ampliou a sua produção em 1% no período, quando comparado com o quarto trimestre de 2020: foram  2,70 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d) de petróleo, gás natural e líquido de gás natural. Mas, no acumulado do ano passado, houve um recuo de 2% na produção. 

Por hoje, mais uma vez as commodities salvaram o dia na Faria Lima. 

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Maiores altas

Via (VIIA3): 7,67%

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Magalu (MGLU3): 5%

3R Petroleum (RRRP3): 3,18%

Cielo (CIEL3): 2,60%

Bradespar (BRAP4): 2,48%

Maiores baixas

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Locaweb (LWSA3): -4,22%

Banco Inter (BIDI11): -4,21

Meliuz (CASH3):-4,05%

Suzano (SUZB3): -3,65%

Totvs (TOTS3): -3,19%

Ibovespa: 0,81%, a 113.367 pontos

Em NY:

S&P 500: -1,81%, a 4.504 pontos

Nasdaq: -2,10%, a 14.185 pontos

Dow Jones: -1,47%, a 35.241 pontos

Dólar: 0,29%, a R$ 5,2418

Petróleo

Brent: -0,15%, a US$ 91,41

WTI: 0,25%, a US$ 89,88

Minério de ferro: 4,3%, US$ 152,81 no porto de Qingdao (China)

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