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Ibovespa solidifica-se como refúgio para investidores estrangeiros

Só neste ano, já entraram R$ 55,8 bilhões gringos na bolsa brasileira – mais da metade do total de 2021. E agora o movimento blinda o Brasil da crise causada por Putin. Ibov sobe 1,04%. Dólar cai a R$ 5,05.

Por Juliana Américo, Alexandre Versignassi
Atualizado em 22 fev 2022, 20h45 - Publicado em 22 fev 2022, 18h31

A bolsa brasileira vai bem na roleta russa que tomou conta da geopolítica. Enquanto o mercado global se desespera com a escalada na tensão entre Ucrânia e Rússia, o Ibovespa voltou a subir após três sessões de baixa, mesmo com os soldados de Putin avançando pelas regiões separatistas da Ucrânia. 

O nosso bote salva-vidas são os investimentos estrangeiros na B3. Do início do ano até a última sexta (18), data dos últimos dados disponíveis, o que temos é um saldo positivo de R$ 55,8 bilhões. Ou seja: o Carnaval nem chegou e já batemos mais da metade do valor aportado por aqui em 2021 (R$ 102 bilhões). 

O movimento no mercado internacional é nítido. Há uma certa fuga das ações de tecnologia, que valorizaram-se brutalmente desde 2020, e uma corrida para papéis ligados a commodities e ao setor financeiro, duas áreas fortes da B3, que apanharam até dizer chega nos últimos anos.  

A entrada de dinheiro gringo é medida em reais, mas se dá em dólar. Com muito dólar entrando, o valor da moeda americana cai. E hoje foram mais 1,07% ladeira abaixo, o que já levou o dólar a R$ 5,05 – menor patamar desde julho do ano passado.

E talvez não seja só isso. A crise geopolítica pode estar trazendo ainda mais dinheiro de fora para cá. Em entrevista para a Folha de S. Paulo, Pietra Guerra, especialista de ações da Clear Corretora, afirma que o país seria uma alternativa para a retirada de capital da Rússia, já que as duas economias são parecidas. “Pela exposição às commodities [ambos são grandes produtores de petróleo, por exemplo] e alguma similaridade no nível de desenvolvimento econômico”.

Seja como for, o fato é que o Ibov subiu 1,04%, a 112.891 pontos, enquanto o S&P 500 caiu 1,02%, a 4.304 pontos, e a Nasdaq recuou 1,23%, a 13.381 pontos. 

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Os índices americanos já acumulam perdas consideráveis no ano. A Nasdaq, por exemplo, já desvalorizou 13%; e o S&P 500 perdeu 9% – vale lembrar que ele atingiu seu recorde histórico, de  4.796 pontos, justamente no primeiro pregão de 2022, que hoje já faz parte de outra era geológica. 

Sanções à Rússia

Ontem, Putin reconheceu a independência de Donetski e Luhanski – duas áreas ucranianas que abrigam milícias separatistas pró-Rússia – e enviou forças armadas para a região. Na prática, isso significa que os russos já invadiram a Ucrânia (ainda que essas regiões já recebessem ajuda militar russa há anos). A preocupação agora é a de que essa ação militar acabe se espalhando e detone uma guerra de fato. 

O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg afirma que, ao que tudo indica, a Rússia planeja mesmo um ataque de  grande escala. Enquanto isso, o Kremlin continua batendo na tecla de que está aberto à diplomacia.

Na tentativa de evitar um conflito, países europeus anunciaram as primeiras sanções às regiões separatistas. A Alemanha, por exemplo, suspendeu a certificação de funcionamento do gasoduto Nord Stream 2 que liga o país à Rússia via Mar Báltico, no norte do continente. 

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Já o Primeiro-Ministro britânico, Boris Johnson, anunciou sanções a cinco bancos (Rossyia, IS Bank, General Bank, Promsvyazbank e Black Sea Bank) e a três magnatas russos (Gennady Timchenko, Boris Rotenberg e Igor Rotenberg). Eles estão impedidos de conseguir financiamento no Reino Unido. Além disso, empresas britânicas também estão proibidas de fazer negócios com os listados na sanção. 

Em pronunciamento, Joe Biden reforçou que o país não tem a menor intenção de lutar contra a Rússia, mas que irá defender os seus aliados da Otan caso seja necessário. O presidente americano também impôs sanções. As instituições financeiras dos EUA estão proibidas de processar transações de duas instituições russas, o VEB Bank e o Banco Militar. 

Petróleo

E a ameaça de guerra segue inflando o preço do petróleo. O barril se aproximou dos US$ 100 hoje, antes de fechar em US$ 96,84 (Brent, alta de 1,52%) e US$ 91,91 (WTI, alta de 1,88%). 

A Rússia é o segundo maior produtor do mundo, atrás apenas dos EUA, e as sanções podem acabar afetando a oferta do produto. Bruno Itoua, Ministro de Petróleo do Congo e atual presidente da Opep, não descarta a possibilidade de o petróleo chegar até a marca de US$ 125, caso o conflito no leste europeu pegue fogo.

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Maiores altas

Grupo Soma (SOMA3): 7,80%

Cogna (COGN3): 7,49%

Localiza (RENT3): 6,17%

Petz (PETZ3): 6,16%

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Fleury (FLRY3): 5,92%

Maiores baixas

Banco Inter (BIDI11): -9,17%

Americanas (AMER3): -5,08%

Embraer (EMBR3): -4,80%

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3R Petroleum (RRRP3): -3,05%

PetroRio (PRIO3): -2,85%

Ibovespa: 1,04%, a 112.891 pontos

Em NY:

S&P 500: -1,02%, a 4.304 pontos

Nasdaq: -1,23%, a 13.381 pontos

Dow Jones: -1,41%, a 33.596 pontos

Dólar: -1,07%, a R$ 5,0521

Petróleo

Brent: 1,52%, a US$ 96,84

WTI: 1,88%, a US$ 91,91

Minério de ferro: -1,28%, US$ 135,78 no porto de Qingdao (China)

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