Ibovespa segue seu rali, salta 1,70% e vai ao maior patamar de 2023
Com deflação maior do que a esperada, índice brasileiro se descola da cautela americana. Assaí (ASAI3) dispara 14,70% com rumor de follow-on.
Nada parece abalar o Ibovespa. Depois de seis altas semanais seguidas, o índice seguiu a escalada e fechou com alta de 1,70%, a 114.610 pontos – a máxima de 2023 até agora, e um patamar que não havia visto desde outubro de 2022.
O bom humor dos investidores não se baseia em um único fator específico, mas parece surfar na onda otimista com o estado da economia em geral. Há três semanas o Boletim Focus – o oráculo mais confiável do mercado financeiro – vem revisando as suas projeções de inflação para baixo e de crescimento do PIB para cima, após dados de ambas as métricas surpreenderem. Isso resume o sentimento geral do mercado, que prevê bons ares para a bolsa brasileira nos próximos meses.
Hoje, mais um número veio como surpresa positiva: o IGP-DI, índice de inflação calculado pela FGV, mostrou uma deflação de 2,33% em maio – isso após os preços caírem 1,01% em abril. Foi uma redução bem acima das expectativas dos analistas. Com este resultado, o índice acumula variação de -3,56% no ano e de -5,49% em 12 meses.
A menor inflação dá ainda mais forças às apostas de que a Selic deve começar a cair em breve (agosto), o que anima o mercado. A atenção agora ficará concentrada no IPCA, principal índice de preços, que será divulgado amanhã.
Quem também está otimista com a bolsa brasileira é o Bank of America. Em relatório divulgado hoje, os analistas do bancão americano classificaram o Ibovespa na categoria “overweight” (acima do consenso), citando o potencial de crescimento para esse ano e “valuations atraentes”.
A alta desta terça-feira foi generalizada no índice – só 10 papéis caíram. Um deles foi o da Prio (PRIO3), que tombou -3,03% com a desvalorização do petróleo no pregão de hoje. Mas nem a queda de 0,55% no Brent foi capaz de parar a nossa gigante do petróleo, Petrobras: as ações da estatal (PETR4) subiram 2,11%, dando gás para o índice se sustentar na máxima do ano.
No topo do pódio, porém, ficaram as ações do Assaí (ASAI3), com alta de 14,70%. Segundo apuração do Valor Econômico, bancos começaram a sondar investidores para avaliar o apetite por um possível follow-on da empresa. A operação teria como objetivo dar saída ao varejista francês Casino, altamente endividado. Hoje, o grupo detém 11,7% das ações do Assaí – isso após vender ações em dois follow-ons recentes, em novembro do ano passado e em março deste ano. A empresa, porém, não confirmou os rumores.
E nos EUA?
Ao contrário do bom humor brasileiro, americanos seguem cautelosos com a sua própria economia. O medo de uma possível recessão segue em alta, e os próximos passos do Fed estão mais do que nunca no centro das atenções.
Hoje, o Goldman Sachs revisou suas projeções e agora calcula que as chances da economia americana entrar em recessão nos próximos 12 meses é de 25%. Em março, logo após a quebra do SVB que desencadeou a crise bancária no país, esse número estava em 35%. Os analistas citam que a turbulência já passou e que o mercado de trabalho permanece forte – mas lembram que a inflação segue em alta e que, por isso, o Fed deve seguir com sua mão de ferro, e por isso as chances não são zero.
A revisão do bancão não conseguiu injetar otimismo nos investidores. O rali das big techs, liderado pela Nvidia e que sustentou fortes altas nas bolsas por lá, deu uma pausa e o mercado voltou a ficar morno. Após um dia instável, o S&P 500 fechou em leve alta de 0,24%.
Até amanhã.
Maiores altas
Assaí (ASAI3): 14,70%
Carrefour (CRFB3): 10,91%
Azul (AZUL4): 10,50%
Locaweb (LWSA3): 10,15%
Gol (GOLL4): 8,69%
Maiores baixas
PetroRio (PRIO3): -3,03%
Cielo (CIEL3): -2,54%
São Martinho (SMTO3): -1,05%
Ultrapar (UGPA3): -0,61%
B3 (B3SA3): -0,35%
Ibovespa: 1,70%, aos 114.610 pontos
Em Nova York
Dow Jones: 0,03%, aos 33.573 pontos
S&P 500: 0,23%, aos 4.283 pontos
Nasdaq: 0,36%, aos 13.276 pontos
Dólar: -0,37%, a R$ 4,9122
Brent: -0,55%, a US$ 76,29 por barril
WTI: -0,57%, a US$ 71,74
Minério de ferro: 1,32% a US$ 107,67 por tonelada na bolsa de Dalian (China)