Ibovespa recebe visita da saúde e sobe 0,59%

Na semana, a bolsa caiu 3,10%. O que salvou a sexta foram os juros, nada mais que voto de confiança da Faria Lima na PEC dos Precatórios.

Por Tássia Kastner
19 nov 2021, 19h03
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 (Caroline Aranha/VOCÊ S/A)
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Diz o dito popular que um paciente em situação terminal tem sempre uns dias de melhora antes do desfecho final. Depois de quatro dias de queda, o Ibovespa conseguiu terminar a sexta-feira com uma altinha modesta, de 0.59%, dessa que dá a sensação de que alguma coisa deu uma melhoradinha. Na semana, porém, a queda foi de 3,10%.

Pois vejamos. Sexta-feira sempre é um dia mais morto em Brasília (para continuarmos na temática). Investidores se concentraram em algumas notícias sobre o eventual desmembramento da PEC dos Precatórios no Senado, um jeito que o governo tenta encontrar para fazer o texto ganhar o aval da casa. Nada muito emocionante, mas serve como uma desculpa para corrigir o excesso de pessimismo dos últimos dias. Uma lufadinha de esperança.

Nisso, os juros futuros – o termômetro do mercado financeiro para o medo de que o governo gaste de forma desenfreada – deram uma recuada. A conta é simples: quanto mais o governo gasta, mais o risco de calote, mais investidores cobram para comprar títulos públicos. Quando o aumento de gastos parece controlado, o que hoje só parece possível com a tal da PEC dos Precatórios, aí dá para ser menos exigente com o governo.

Isso que parece uma tirania abstrata da Faria Lima repercutiu hoje diretamente nas empresas de varejo. Magalu (+3,11) e Soma (+4,95%), figuraram entre as maiores altas do dia. São empresas que dependem do consumo para crescer. O lance é que consumo depende de crédito, e quando os juros sobem para o governo, sobem para todo mundo. Aí menos gente consegue pegar empréstimos, a economia engasga e as empresas da bolsa também. Depois de uma semana inteira nessa toada, o dia foi de uma esperancinha e juros um pouquinho menos salgados. Nada espetacular, claro.

Outra coisa que ajudou na “visita da saúde” ao Ibovespa foi o minério de ferro. Os preços da matéria-prima tem oscilado mais que veleiro em tempestade em alto mar. Hoje, avançaram mais de 5% e ajudaram na recuperação de Vale e siderúrgicas. 

A mineradora avançou 2,73% e terminou o dia cotada a R$ 64,02. É metade do preço que o mercado financeiro previu quando o preço do minério começou a disparar, no primeiro semestre. Parece que foi em outra vida.

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O fato é que a economia chinesa – que dita os rumos dos preços das commodities – tem rumo incerto com o freio imposto na marra pelo regime Chinês, tanto para reduzir a poluição quanto para evitar que mais companhias se endividem de forma tão irresponsável quanto a Evergrande. Além disso, o mundo ainda tenta entender as consequências de uma nova onda da pandemia que abate a Europa. Nisso, precisamos falar de petróleo.

Que tombo foi esse

Os preços do combustível que move o mundo caíram na faixa de 3% nesta sexta, à medida em que países como Áustria e Alemanha se veem obrigados a impor medidas de restrição para conter uma nova onda da pandemia do coronavírus.

Por lá a campanha de vacinação estacionou em um patamar pouco confortável para limitar a circulação do vírus. Com a chegada do inverno, pouco adianta o hábito de abrir janelas de tanto em tanto (como os alemães fazem mesmo que esteja nevando lá fora). O vírus acaba incubado em lugares fechadinhos e com calefação, prontos para infectar cada vez mais gente. A Áustria entrou em lockdown, a região de Munique decidiu fechar bares, restaurantes e até os célebres mercados de Natal. Nisso, a demanda por combustíveis diminui e ajuda a dar uma aliviada no petróleo.  

A notícia pegou a Petrobras pelo contrapé, e as ações da companhia caíram 1,66% (a PETR4). A PetroRio sofreu mais, queda de 2,63%. 

O pior é que essa também acaba sendo uma notícia positiva para o Brasil. Mas daquele jeito torto, claro. Se a matéria-prima cai, a pressão por novas altas na gasolina e no diesel diminui, o que é um alívio para nossos bolsos tão massacrados pela inflação – e um segundo motivo para investidores diminuírem suas apostas na alta de juros. Só que o tombo de hoje não indica uma tendência de longo prazo.

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O presidente do Banco Central, responsável por controlar a inflação, não conta com isso. Roberto Campos Neto reclamou hoje da queda nos investimentos no setor de energia, o que favorece a um custo maior de combustíveis a longo prazo. Disse que esse é um dos motivos para que a inflação continue dilapidando a renda dos brasileiros ainda em 2022. Segundo ele, as expectativas já estão se distanciando da meta para o próximo ano (que é de 3,50%). Para esse, era 3,75%, mas estamos na faixa dos 10% e sem sinais de trégua.

Por fim, Campos Neto disse ainda que se os juros do país subirem de volta a uma faixa de 12% ou 13%, e a economia crescer apenas 1%, então entraremos em uma “trajetória explosiva na dívida”. Parece surreal para quem passou 2020 com Selic em 2%, mas agora ela sobe de forma tão consistente que as previsões indicam juro ao fim do ano bastante próximos de 10%. Se a fala apocalíptica se confirmar, essas altinhas do Ibovespa continuarão exatamente como a de hoje. Uma visitinha da saúde. Bom final de semana.

Maiores altas

CSN (CSNA3) 7,98%

Vivo (VIVT3)  6,81%

Tim (TIMS3) 5,15%

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Grupo Soma (SOMA3) 4,95%

Banco Inter (BIDI11) 4,78%

Maiores baixas

Locaweb (LWSA3) -4,26%

Sul América (SULA11) -3,40%

Méliuz (CASH3) -3,17%

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PetroRio (PRIO3) -2,63%

Yduqs (YDUQ3) -2,44%

Ibovespa: 0,59%, a 103.035 pontos 

Nova York

Dow Jones: -0,75%, a 35.602 pontos

S&P 500: -0,14%, 4.698 pontos

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Nasdaq: 0,40%, a 16.057 pontos

Dólar: 0,70%, a R$ 5,6089

Petróleo

Brent: -2,89%, a US$ 78,89

WTI: -3,15%, a US$ 75,94

Minério de ferro: 5,06%, a US$ 91,69 a tonelada no porto de Qingdao, na China

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