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Ibovespa cai com Vale e prenúncio de tragédia na Natura

Rumores de que balanço da empresa de cosméticos mostrará resultados negativos fizeram as ações despencar 15%. Nos EUA, números da Tesla trazem alívio para techs após Netflix.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 18 out 2024, 14h18 - Publicado em 20 abr 2022, 18h29
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 (Caroline Aranha/Foto: Reprodução e Getty Images/VOCÊ S/A)
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O fato das ações da Natura caírem 15% nesta quarta-feira, por si só, já chama a atenção. Mas o mais impressionante mesmo é que, à primeira vista, não havia uma explicação óbvia para a queda livre dos papéis. No noticiário oficial, nenhuma novidade relevante sobre a produtora de cosméticos.

O que aconteceu é que, nos bastidores do mercado, começaram a circular rumores de que os números do balanço do primeiro trimestre haviam vazado. E que eles teriam decepcionado quem teve acesso ao documento. Detalhe: o balanço só sai, oficialmente, no dia 5 de maio. O burburinho logo se espalhou e o preço das ações da NTCO3 despencou ao longo da tarde.

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O site Seu Dinheiro apurou que não foi exatamente um vazamento, mas sim que o departamento de relações com o investidor da empresa estaria entrando em contato com agentes do mercado para “alinhar as expectativas do resultado”. Alinhar para baixo, no caso. Ainda segundo o portal, os números decepcionantes estariam concentrados na Avon.

Trata-se de uma vacina para amenizar o impacto do resultado negativo, quando ele for anunciado. Seja como for, os boatos fizeram o pessimismo com a Natura gerou um tombo de 15,58%, liderando com folga as maiores perdas do Ibov e ajudando a colocar o índice no vermelho.

De resto, o Ibovespa teve mais um dia xoxo e voltou a cair: -0,62%, aos 114.343 pontos. É a quarta queda seguida da bolsa brasileira, que agora dá uma pausa para o feriado.

Outro destaque negativo foi a Vale. Os papéis da mineradora fecharam em queda de 2,60% após a divulgação da prévia operacional do primeiro trimestre da companhia. Os números mostraram uma redução de 6% na produção de minério de ferro em relação ao mesmo período do ano passado. A empresa disse que as fortes chuvas em Minas Gerais no período foram responsáveis pela redução da produção – no primeiro trimestre, as chuvas no estado levaram à queda de uma rocha em Capitólio que causou a morte de dez turistas em uma embarcação. O período é tradicionalmente chuvoso, e em 2019 contribuiu para o rompimento da barragem de Brumadinho. 

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Analistas do Goldman Sachs consideraram que os números foram ruins, mas esperados.

As ações da Vale já haviam caído mais de 3% ontem, antes da divulgação do novo resultado. Os lockdowns na China, que mantém sua rigorosa política de Covid zero mesmo com os casos e mortes aumentando rapidamente, trazem preocupações quanto a demanda da commodity. O próprio governo chinês, diga-se, já anunciou que vai diminuir a produção de aço gradualmente ao longo do ano.

Tesla salva o dia?

Enquanto isso, nos EUA, o grande destaque do dia continuou sendo a Netflix. As ações tombaram históricos 35,1% hoje após a divulgação do balanço (oficial, não boato) ontem à noite, que mostraram redução massiva no número de usuários no primeiro trimestre – e projeção de perdas ainda maiores para o resto do ano.

O tombo afetou o índice Nasdaq, que reúne as ações de tecnologia: -1,22%. O S&P 500 se esquivou da maior parte da amargura e fechou estável. 

A Netflix foi a primeira das chamadas techs a divulgar resultados na temporada de balanços atual. Ainda que não seja tão importante quanto Apple e cia., a empresa foi responsável por ditar o tom inicial das expectativas do mercado quanto as outras ações de tecnologia. E, claro, não injetou nem um pingo de otimismo nos investidores.

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O pessimismo afetou inclusive a Tesla, a segunda companhia que se enquadra na caixinha de “techs” a divulgar resultados. As ações da empresa fecharam com queda de 5% hoje na espera do balanço trimestral, que foi liberado depois do fechamento do mercado. Mas os resultados surpreenderam e superaram as estimativas dos analistas. No after market, os papéis da empresa de Elon Musk avançaram mais de 6%.

A montadora mais valiosa do mundo registrou um lucro líquido de US$ 3,32 bilhões, contra os US$ 2,2 bilhões esperados por Wall Street, segundo a FactSet. As vendas totalizaram US$ 18,76 bilhões, também superando os US$ 17,7 bi esperados. Os resultados fortes da empresa ajudam a aliviar um pouco do pessimismo das techs trazido pela Netflix, além do combo inflação alta e juros subindo. Até porque a Tesla disse que a inflação continua pesando na cadeia de produção, mas que conseguiu diminuir o custo dos seus produtos apesar dela. 

O mercado ainda não está totalmente convencido de que as outras techs também conseguirão driblar a inflação, e espera ansiosamente os seus balanços para saber se sorri ou se chora. Agora, é cada um por si.

Até sexta-feira.

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Maiores altas

Rumo (RAIL3): 4,61%

Eletrobras PNB (ELET6): 4,60%

Petrorio (PRIO3): 4,22%

Eletrobras ON (ELET3): 3,94%

BB Seguridade (BBSE3): 2,84%

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Maiores baixas

Natura (NTCO3): -15,58%

Cogna (COGN3): -7,32%

Usiminas (USIM5): -6,34%

Banco Inter (BIDI11): -6,10%

Magazine Luiza (MGLU3): -5,56%

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Ibovespa: -0,62%, aos 114.343,78 pontos

Em Nova York

S&P 500: -0,06%, aos 4.459 pontos

Nasdaq: -1,22%, aos 13.453 pontos

Dow Jones: 0,72%, aos 35.160 pontos

Dólar: -1,02%, a R$ 4,6204

Petróleo

Brent: -0,42%, a US$ 106,80 

WTI: +0,14%, a US$ 102,19 

Minério de ferro: -1,37%, cotado a US$ 141,12 por tonelada no porto de Qingdao (China)

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