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Ibovespa anda na corda bamba, mas fecha acima dos 119 mil pontos

Bolsa não superava a marca desde fevereiro. Alta ocorre apesar da incerteza fiscal e política em Brasília.

Por Guilherme Eler e Tássia Kastner
13 abr 2021, 19h00
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 (Laís Zanocco/VOCÊ S/A)
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A bolsa brasileira viveu nesta terça-feira (13) um clima de balança, mas não cai. Abriu no vermelho, subiu, perdeu tração ao longo do dia e flertou com a queda de novo. No fim, o Ibovespa fechou no azul alta leve, de 0,41%. O mercado só pensa em Brasília, e aí dá para entender porque a Faria Lima segue nessa corda bamba. 

O assunto mais recente é a temida proposta que abre um rombo no teto de gastos. A gente não tem mais nem metáfora pros buracos que tentam abrir nele já foi puxadinho e rooftop, alguém propôs hoje chamar de teto solar.

Os rumores são de que o governo considera enviar ao Congresso uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) para contabilizar gastos extraordinários com saúde causados pela pandemia. Fazer isso significa deixar essa série de despesas fora do teto de gastos, abrindo espaço para pagar as emendas parlamentares no conturbado Orçamento de 2021. Um jeitinho brasileiro proposto pela equipe do ministro Paulo Guedes para não colocar Bolsonaro em novo embate com o Congresso.

Quem é leitor da Você S/A tem a dimensão do caos político que vem rondando Brasília nos últimos dias (ou meses?), parte por causa do Orçamento-problema. Não bastasse os problemas com os números, a pedra mais recente no sapato do governo envolve a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar as ações do governo federal no combate à pandemia um pedido dos próprios senadores que, após ser ignorado por Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, veio na forma de liminar assinada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Bolsonaro, que viu o processo como um ataque direto, tentou desviar os holofotes, articulando para que o documento fosse barrado no Senado. A ideia era alterar o texto base da CPI para incluir também investigações contra governadores e prefeitos sobre supostos desvios financeiros na gestão da pandemia.

Pacheco acatou a proposta e deliberou, nesta terça-feira, que Estados e municípios devem, sim, fazer parte do escopo da CPI da Pandemia. A questão é que, na teoria, avaliar a gestão de municípios não é da alçada do Senado. CPIs com esse objetivo são assunto para esferas menores do poder público, como assembleias legislativas e Câmaras Municipais. 

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A apreensão quanto às questões da política nacional, de novo, acabaram não sendo um golpe tão duro no mercado que, mais uma vez, tentou se fazer de avestruz. Subiu 0,41%, a 119.297 pontos. É a primeira vez desde 18 de fevereiro que o índice fecha acima dos 119 mil pontos. A alta desta terça-feira, ao contrário de ontem, teve ajuda lá de fora. Nos Estados Unidos, a Nasdaq teve alta de 1,05% e a S&P 500 subiu 0,33%, renovando seu recorde histórico (4.141 pontos).

As altas nos índices americanos, a princípio, surpreendem. Tudo porque vão na contramão dos índices de inflação ao consumidor, divulgados hoje – e que ficaram acima das projeções do mercado. Segundo o Departamento do Trabalho dos EUA, a alta do índice em março foi de 0,6%, se comparada a fevereiro. Foi a maior alta mensal desde agosto de 2012. Analistas, porém, esperavam um aumento menor, na casa dos 0,5%.

O Fed (Banco Central dos EUA), porém, tratou de passar o pano e minimizar a diferença. Apesar do índice acima do esperado, representantes do órgão reafirmaram que a inflação segue sob controle e que a intenção é de manter os juros em patamares baixos, acalmando o ânimo dos investidores.

Os juros para os títulos de 10 anos, que tenderiam a subir por causa da inflação, caíram. E isso fez o dólar perder força em todo o mundo.

“A inflação americana, apesar de vir um pouco acima do consenso, não leva neste momento preocupação ao Fed”, comenta Thomás Gibertoni, analista da Portofino Multi Family Office, em comunicado. “As sinalizações do Fed são bem claras de uma política estimulativa que deve manter as taxas atuais no mesmo patamar até, pelo menos, 2023 – mesmo que a inflação fique ligeiramente acima da média por algum tempo. Isso, em conjunto com uma política de expansão fiscal, favorece o enfraquecimento do dólar frente outras moedas”, completa. 

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Por aqui, o dólar chegou a cair bem, seguindo o cenário externo. Mas aí é corda bamba. Com tanta bagunça em Brasília, terminou praticamente estável (-0,08%), cotado a R$ 5,71.

Pão de Açúcar decolando

Com os bancões em queda tímida e as gigantes Vale e Petrobras sem grande brilho, quem puxou a fila das altas e manteve o Ibovespa positivo foi o setor de varejo. As ações das Lojas Americanas tiveram alta de 9,31%, enquanto as da B2W, empresa de comércio eletrônico, subiram 8,97%. As duas empresas estão no radar de investidores desde o mês de março, quando anunciaram uma fusão.

Outro destaque, é o Pão de Açúcar, que liderou as altas na segunda e hoje fechou no top 4 com uma subida de 5,70%. A empolgação por parte dos investidores ganhou corpo com um anúncio feito na noite de segunda-feira. A companhia informou que seu controlador, o Grupo Casino, anunciou um possível aumento de capital da Cdiscount, um site de e-commerce francês. Lá vamos nós para os detalhes tortuosos. Acontece que a Cdiscount é uma subsidiária direta da Cnova, e o grupo Pão de Açúcar tem 34% do capital da Cnova. A chance de mais grana injetada no negócio serviu como música para os ouvidos do mercado, e consolidou um aumento acumulado de 16% em dois dias. A verdade é que, desde o começo de março, o Pão de Açúcar virou a nova grande aposta dos investidores: acumula alta de 255% (parte da história contamos aqui).

Na outra ponta, as ações da Eneva lideraram as perdas: baixa de 7,09%. A queda livre veio com o anúncio que o BTG Pactual pretende se desfazer da sua fatia da companhia. Para vender os 10% que controla, o banco estaria, inclusive, disposto a ganhar menos dinheiro. A proposta envolve vender cada ação que detém da empresa a R$ 17,25 – um valor 5% menor em relação ao preço de fechamento da segunda-feira (12) – o que colocou água no chope dos investidores.

Maiores altas

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Lojas Americanas: 9,31%

B2W: 8,97%

Pão de Açúcar: 5,70%

Cogna: 5,87%

Iguatemi: 3,88%

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Maiores quedas

Eneva: -7,09%

MRV: -2,76%

Marfrig: -2,08%

Ecorodovias: -1,97%

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Rumo: -0,98%

Bolsas americanas

Dow Jones: -0,20% (33.678,78)

S&P 500: +0,33% (4.141 pontos)

Nasdaq: +1,05% (13.996 pontos)

Dólar

-0,08%, a R$ 5,71

Petróleo 

Brent: +0,62%, a US$ 63,37

WTI: +0,60%, a US$ 60,18

Minério de Ferro

-0,76%, para US$ 173,25 a tonelada no porto de Qingdao, na China

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