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Pão de Açúcar termina semana com alta de 26% e os motivos são bem confusos

Quem tinha tudo para brilhar era o Carrefour, que acabou ficando para trás. Já o Ibovespa subiu quase 1% nesta sexta, com ajuda dos recordes em Nova York.

Por Tássia Kastner
Atualizado em 27 mar 2021, 12h40 - Publicado em 26 mar 2021, 18h08
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 (Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Diz o jargão da Faria Lima que investidor “compra no boato e vende no fato”. Enquanto a notícia não chega, investidores mantêm a quinta marcha e seguem apostando nas ações do Pão de Açúcar, e isso em uma semana que tinha tudo para o Carrefour brilhar sozinho. A alta acumulada é de 26% desde a quinta da semana passada. Na sexta é que a puxada começou. 

O boato em questão é a possibilidade de o Pão de Açúcar vender sua participação na CNova, um plano que já foi anunciado ao mercado há meses. Não há nos bastidores e nem oficialmente notícias de que as conversas tenham avançado. O investidor não se importou e quis entrar na onda mesmo assim.

A CNova é a empresa de comércio eletrônico do Grupo Casino, que é o principal acionista do Pão de Açúcar desde 2012. Essa CNova ganhou uma subsidiária no Brasil, embaixo do guarda-chuva da ViaVarejo.

É um fluxograma tão complexo quanto as idas e vindas dessas empresas em pouco mais de uma década. O que hoje chamamos de ViaVarejo é a junção das Casas Bahia, fundada pela Família Klein, com o Ponto Frio, que havia sido comprado pelo Grupo Pão de Açúcar. A ViaVarejo surge em 2010.

Em 2014, o Casino cria uma empresa de varejo online chamada CNova. Além dele, são sócios dessa nova empresa o GPA e a ViaVarejo. Estava tudo em casa, o Casino era controlador e dava as cartas.

Só que o negócio varejo online penou nessa década que passou, e investidor gosta mesmo é de lucro. Aí o Grupo Pão de Açúcar começou a buscar uma saída para se desfazer da ViaVarejo. No fim, a família Klein comprou a fatia do Pão de Açúcar no varejo online.

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Só que a parte da CNova que cabia ao GPA continua lá. É disso que a companhia pretende se desfazer. 

Essa medida faz parte de uma reestruturação da empresa de supermercados. Outra já ocorreu, o que também ajuda a explicar o movimento abrupto das ações da companhia. Dentro do Grupo Pão de Açúcar havia a rede homônima, o Extra e também o Assaí (uma operação chamada de atacarejo). O Assaí foi separado em uma nova empresa e agora tem suas próprias ações listadas em bolsa. A medida foi considerada positiva pelo mercado financeiro, porque ajuda na avaliação correta do potencial de crescimento da companhia. A cisão ocorreu no começo de março.

Acontece que desde lá, os papéis do Pão de Açúcar na bolsa passam por uma volatilidade maior. Reportagem do Valor Econômico citou que analistas do mercado financeiro identificaram movimentações atípicas nos negócios. Isso não significa que haja alguma irregularidade.

A coisa tá tão esquisita que o Pão de Açúcar foi chamado pela CVM e pela B3 a prestar esclarecimentos. Tanto sobre as supostas notícias de venda da CNova, que precisa ser comunicada ao mercado, quanto pelas movimentações das ações. A empresa afirma que não há nada de novo no radar para justificar as oscilações. Fica por conta e risco de quem quiser entrar na festa.

E que festa. As ações do Pão de Açúcar terminaram o dia como a segunda maior alta do Ibovespa. Subiram 5,53%, a R$ 31,41, coroando a semana de disparada. O índice se valorizou 0,91% e terminou em 114.780 pontos, com uma forcinha de Nova York e seus recordes.

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Já o Carrefour subiu modestos 0,36% nesta sexta, para R$ 22,22. Na quarta, a empresa anunciou a compra do Grupo Big, que pertencia ao Walmart. A companhia pagou R$ 7,5 bilhões pela operação e deve investir outro R$ 1 bilhão nas lojas adquiridas para torná-las mais rentáveis. O Big é dono das bandeiras Big, Big Bompreço, Sam’s Club, Nacional, Todo Dia e Super Bompreço. A alta acumulada desde o anúncio é de cerca de 15%.

O negócio “supermercados” viveu um bom ano em 2020, conforme as pessoas foram obrigadas a ficar em casa, cozinhar as próprias refeições e ainda intensificar a higiene por causa do coronavírus. Além disso, o auxílio emergencial pago em 2020 ajudou a impulsionar as vendas. Nessa toada, o lucro do Carrefour dobrou. O Pão de Açúcar saiu de um prejuízo de R$ 285 milhões para um lucro de mais de R$ 1 bilhão.

Para 2021, porém, o benefício menor somado à alta da inflação têm potencial de reduzir os ganhos do setor, já que deixará as famílias com menor renda disponível. Só que nem isso é ponto pacífico. Governadores de 16 estados pressionam para que o benefício seja novamente de R$ 600, e não apenas R$ 250 (isso na média. Quem mora sozinho deve receber apenas R$ 150).

A ameaça de mais auxílio e uma bagunça no orçamento federal (que subestimou despesas para fazer a conta fechar), tem empurrado o juros e o dólar para cima. A moeda americana fechou o dia em R$ 5,7413 (+1,25%). Se o comércio mundial engargalado pelo navio encalhado lá em Suez não tinha sido suficiente para te demover da ideia das comprinhas Made In China, o dólar te ajuda a desistir da ideia. Bom final de semana.

Maiores altas

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Bradespar: 5,95%

Pão de Açúcar: 5,53%

Gerdau 5,26%

CSN: 4,81%

Gerdau Metalúrgica: 4,51%

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Maiores quedas

Cogna: -3,76%

Qualicorp: -3,20%

JHSF: -3,17%

B2W: -2,63%

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Notredame Intermédica: -2,63%

Bolsas americanas

Dow Jones: 1,39%, a 33.072,06 pontos

S&P 500: 1,66%, a 3.974,46 pontos

Nasdaq: 1,25%, a 13.138,73 pontos

Petróleo

Brent: 4,13%, a US$ 64,51

WTI: 3,89%, a US$ 60,84

Minério de ferro

+0,91%, a US$ 161,30 a tonelada no porto chinês de Qingdao. 

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