Continua após publicidade

Ibov acompanha posse de Biden só por live, os recordes ficam em NY

Descolado da euforia mundial com a posse do democrata nos EUA, no Brasil, o índice perdeu os 120 mil pontos com a crise doméstica.

Por Monique Lima, Tássia Kastner
20 jan 2021, 19h06
-
 (Arte: Laís Zanocco / Fotos: Getty Images e Freepik/VOCÊ S/A)
Continua após publicidade

Sabe aquela sensação de que todo mundo foi convidado para a festa, menos você? Pois é, o Ibovespa foi o excluído da vez. Hoje (20), as bolsas mundo afora estavam eufóricas com a posse do Biden nos Estados Unidos, mas os problemas domésticos não permitiram que o principal índice do Brasil acompanhasse o ritmo do exterior. 

Os 120 mil pontos alcançados recentemente — a muito custo, diga-se — foram perdidos. A queda do dia foi de 0,82%, e o fechamento ficou em 119.646 pontos. 

Os motivos são os que você, eu, todos estão vendo nos noticiários nos últimos dias: atrasos na vacinação, especulação de retomada do auxílio emergencial e disputa política pela cadeira de presidência da Câmara. Ontem (19), já falamos sobre isso aqui. E hoje, o assunto se estendeu e não deve sair de pauta tão rapidamente. 

Segundo a CNN, os insumos necessários para a Fiocruz produzir a vacina de Oxford estão prontos para exportação da China para o Brasil desde 10 dezembro, mas o impasse diplomático entre os dois países não permitiu o andamento das negociações. Sobrou para o Rodrigo Maia resolver esse pepino. 

Pela manhã, o presidente da Câmara se encontrou virtualmente com o embaixador chinês, Yang Wanming, para tratar do assunto e acelerar o trâmite que permitirá a exportação, enfim. Depois da reunião, Maia declarou em entrevista que a embaixada chinesa ainda não havia sido procurada e que o atraso mostra erros do governo que vão muito além disso. 

E a alfinetada não acabou aí. O presidente da Câmara aproveitou para sinalizar que o embaixador chinês parabenizou o governador de São Paulo, João Doria, e o Instituto Butantan pelo início da vacinação com a coronavac. 

Continua após a publicidade

A coisa está feia para Bolsonaro e só piora. Também nesta quarta-feira, governadores de 15 estados assinaram um ofício em que pedem para o presidente “diálogo diplomático” com a China e a Índia para a providência dos insumos que permitirão a continuidade da imunização no nosso país. 

A situação de “temos vacina, mas não temos vacina” coloca o mercado em alerta máximo para a possibilidade de uma nova paralisação das atividades igual ao que se tem visto em outros países da Europa. Como se fosse para confirmar esse medo, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou hoje em evento da XP Investimentos que existe a possibilidade de a pandemia ser pior em 2021 do que foi em 2020, caso não sejam empregadas medidas para reduzir os casos e aumentar a compra de vacinas. Ele também disse ser inevitável a mudança para a bandeira vermelha em São Paulo.

Nessa situação, lockdown e auxílio emergencial são praticamente sinônimos. E como medida populista que atrai Bolsonaro, quem vai segurar essa despesa? Paulo Guedes mantém a ideia no radar, Arthur Lira e Baleia Rossi também. As contas públicas que se cuidem, porque as perspectivas não são promissoras. E é por isso que os investidores estão recuando. Somente um bloco manteve boas altas e é o único que poderia se beneficiar dessa situação: o de varejo. 

As altas mais estáveis do dia são dele: B2W, lê-se Americanas e Submarino (8,53%), Magazine Luiza (5,56%), Via Varejo (1,75%), Hering (1,80%). 

Para se ter uma ideia, das 81 ações do índice, somente 21 delas subiram hoje, todas as outras enfrentaram um dia de baixas. 

Continua após a publicidade

Não podia ser mais diferente do outro lado do Equador. 

Oficialmente, uma “onda azul” 

Na terra de Biden, o dia foi de recorde nas bolsas e queda no dólar ante as principais moedas do mundo (até ante o real, diga-se). A mais pura definição de otimismo.

Muito antes das eleições, enquanto os candidatos ainda se digladiavam nas propagandas eleitorais, o mercado financeiro começava a ajustar suas velas para o candidato democrata e sua mão mais aberta para gastos públicos. 

Hoje, no dia de posse desse candidato, os mercados viveram uma festa própria. Subiram as bolsas de Nova York e também da Europa, o ouro, o petróleo e o bitcoin. Só não rolou para o dólar, mas isso era esperado também. Com medidas de estímulo, tem mais dinheiro na economia, mais confiança na recuperação econômica.

Continua após a publicidade

E nessa animação, os principais índices de Wall Street fecharam com altas inéditas: S&P subiu 1,39%, aos 3.851,85 pontos e o Nasdaq, mais 1,9%, até 13.457,25 pontos. Até o Dow Jones pegou essa onda com uma subida de 0,83%, para 31.188,38 pontos. 

Tudo isso foi reforçado pela atitude do presidente. Logo depois de encerrar a cerimônia principal de posse, Joe Biden começou a trabalhar: se comprometeu a assinar 15 ordens executivas que colocam fim à era Trump. Alguns dos temas são paralisação da construção do muro com o México, aumento do plano de vacinação, volta ao Acordo de Paris, entre outros. 

Dessa festa só participamos via live, mesmo. 

Nesta quinta 

O mercado financeiro vai digerir o comunicado do Copom que baseou a decisão de manter a Selic em 2% ao ano. Duas notícias do comunicado são as mais importantes: primeiro, que o Copom abandonará o forward guidance, uma sinalização que vinha sendo usada para indicar a direção da Selic no curto prazo. Isso ocorre depois de o comitê reconhecer que a inflação está subindo mais que o esperado, também no curto prazo. Esse é um recado que o mercado financeiro buscava.

No documento, no entanto, o BC enfatiza que a retirada do indicador não significa que o juro subirá na próxima reunião. E isso deixou uma parcela de investidores receosa com a possibilidade de o BC estar sendo negligente com a alta de preços.

Continua após a publicidade

As apostas do mercado financeiro são de alta a partir de maio. O BC indicou que a Selic pode terminar o ano em 3,25%. Com a inflação projetada em 3,40%, significa que teremos mais um ano de juros reais negativos.

 

MAIORES ALTAS 

B2W: 8,53%

Magazine Luiza: 5,56%

Lojas Americanas: 4,06%

Continua após a publicidade

Hering: 1,80%

Via Varejo: 1,75%

 

MAIORES BAIXAS 

PetroRio: -3,66%

Embraer: -3,27%

Santander: -2,56%

Natura: -2,27%

Banco do Brasil: -2,24%

 

Petróleo 

Brent: 0,32%, cotado a US$ 56,08 o barril

WTI: 0,62%, cotado a US$ 53,31 o barril

 

Dólar: – 0,63%, a R$ 5,3118. 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 6,00/mês*

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.