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Auxílio emergencial vira bicho-papão e assombra Ibovespa

Candidatos à presidência da Câmara querem retomar pagamentos e Economia estuda proposta. Só que a Faria Lima não quer saber de aumento de gastos.

Por Tássia Kastner
19 jan 2021, 19h45
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 (Laís Zanocco/Você S/A)
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A Faria Lima viu uma assombração em Brasília hoje. O auxílio emergencial, que terminou de ser pago em dezembro, pode ser ressuscitado pelo governo com apoio do Congresso. Auxílio emergencial é sinônimo de mais gasto público, e esse é o bicho-papão do mercado financeiro.

Já viu. O Ibovespa não passou nem meia hora no positivo, para logo virar para queda. Nos piores momentos, perdeu o patamar de 120 mil pontos. No fim, terminou com baixa de 0,50%, a 120.636 pontos. Lá fora, o dia foi positivo para as bolsas americanas. Era uma questão doméstica.

Fazia tempo que o noticiário de Brasília não era o protagonista do Ibovespa. Parlamentares estão em recesso e, ao mesmo tempo, em campanha para escolher os novos presidentes da Câmara e do Senado. E foi justamente a disputa entre deputados que fez o mercado desandar.

Pela manhã, o candidato de Rodrigo Maia e de oposição ao governo Bolsonaro, Baleia Rossi (DEM), afirmou que Paulo Guedes poderia propor uma nova rodada do auxílio emergencial.

A afirmação foi uma resposta ao rival Arthur Lira (PP), que tem o endosso de Bolsonaro na corrida pela vaga de presidente da Câmara. Na segunda, Lira havia defendido a retomada do auxílio, ao qual era contrário até então.

Baleia Rossi diz que o apoio à medida é uma sinalização de que há aval do governo.

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E, bem, Lira falou em prorrogar o auxílio emergencial depois de uma pesquisa de popularidade de Jair Bolsonaro mostrar uma queda na avaliação do presidente. Segundo a pesquisa XP/Ipespe, subiu de 35% para 40% a parcela da população que considera o governo Bolsonaro ruim ou péssimo. Isso equivale ao patamar de abril, quando o auxílio emergencial ainda não pingava na conta dos brasileiros.

Já quem considera a gestão ótima ou boa caiu de 38% a 32%. O levantamento mostra, pela primeira vez desde maio do ano passado, um aumento no percentual dos críticos e redução de apoiadores.

Em janeiro, houve o fim do pagamento do auxílio, que garantiu renda a 66 milhões de brasileiros que perderam o emprego na pandemia, e também um salto expressivo no número de mortes da pandemia. A pesquisa ouviu 1.000 brasileiros entre 11 e 14 janeiro. No dia 14 se espalhou pelo país a notícia de que pessoas estavam morrendo sem oxigênio em Manaus e que o governo federal, ciente de que o colapso era iminente, nada fez.

É preciso dizer que tanto Baleia Rossi quanto Arthur Lira falam em prorrogar o auxílio sem romper o teto de gastos. Ou seja, respeitando o Orçamento, apenas com remanejamento de gastos. E isso deveria acalmar a Faria Lima, mas o fato é que o Orçamento brasileiro tem pouca margem de manobra.

Aí o Brasil esbarra em outro problema. Estamos no dia 19 de janeiro e a Lei Orçamentária para 2021 ainda não foi aprovada. Isso significa que, neste mês, a União só pode gastar 1/12 do Orçamento do ano. Se os gastos com a pandemia estão maiores, não é possível antecipar recursos dos demais meses, por exemplo.

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Além disso, a margem para remanejar recursos é limitada no país, dado que a maioria dos gastos é para despesas que não podem ser cortadas (como salários e aposentadorias). Na dúvida, melhor não confiar nos deputados.

E antes que pareça apenas uma discussão eleitoreira, o fato é que depois da declaração de Rossi, jornalistas da Bloomberg afirmaram a que a volta de medidas econômicas emergenciais estava na mesa do Ministério da Economia.

Tem razão de ser, claro. A atividade econômica está em desaceleração. Já a pandemia, engatando uma terceira. São mais de 210 mil mortos pela doença no país, média diária de mortos na casa dos 1.000 e uma cepa mais perigosa circulando, segundo relatos de médicos da linha de frente.

No que depender da vacina, a coisa não vai muito melhor. O governo Bolsonaro comprou tanta rusga com os chineses, que eles não estão com pressa alguma de liberar insumos para a produção de novos imunizantes por aqui. E a vacina de Oxford, que viria da Índia em um avião adesivado, também virou lenda. O país anunciou exportação para a aliados da região e deixou o Brasil de fora.

Para piorar, o mundo dá pistas do que ainda pode acontecer com o país em termos pandêmicos. Após o fechamento do mercado europeu, a Alemanha confirmou uma prorrogação do lockdown até a metade de fevereiro, decidiu exigir o uso de máscaras profissionais em transporte público e ainda demandar que empresas ampliem o uso do home office, que tinha caído em desuso.

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Nos Estados Unidos, a secretária do Tesouro indicada por Joe Biden, Janet Yellen, defendeu ao Congresso o aumento de gastos para garantir a retomada da economia do país.

Aumento de gastos só é palavrão no Brasil. Quando os Estados Unidos dizem que vão gastar mais, o mercado financeiro fica feliz. A gente já explicou, essa grana sempre termina na bolsa de valores. O S&P subiu 0,81%, a 3.798 pontos. O Nasdaq avançou 1,53%, a 13.197 pontos.

A felicidade era tanta que o dólar caiu ante as principais moedas, mas não contra o real. Aqui, a moeda americana subiu 0,77%, a R$ 5,3456.

É, Brasília deixou o Ibov de fora da festa.

Nesta quarta

Joe Biden toma posse como presidente do Estados Unidos. Para além da tensão com a posse, após o ataque ao Capitólio, a expectativa é por medidas de contenção à pandemia e aumento de gastos.

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No Brasil, o Banco Central anuncia, após o fechamento do mercado, a nova taxa de juros do país. Não deve ser nova. O mercado financeiro espera pela manutenção da Selic em 2% ao ano, apesar do aumento recente da inflação.

MAIORES ALTAS

BTG Pactual +3,12%
Suzano +3,03%
TOTVS +2,50%
Pão de Açúcar +2,48%
Braskem +2,22%

MAIORES QUEDAS

CSN -5,71%
Usiminas -4,71%
Hapvida -3,12%
Gerdau -2,95%
WEG -2,83%

Petróleo

WTI: +1,26%, a US$ 53,02
Brent: +2,05%, a US$ 55,87

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