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Hapvida (HAPV3) cai 32,74% e perde R$ 10,5 bilhões em valor de mercado após prejuízo no 4ºtri

PETR4 e RRRP3 continuam em queda livre após intervenções do governo no setor. Ibovespa recua 0,52%, segurado por alta de 4,87% da Vale.

Por Júlia Moura, Tássia Kastner
Atualizado em 1 mar 2023, 19h04 - Publicado em 1 mar 2023, 19h01

Foi dia de teste para cardíacos na bolsa brasileira. As ações da Hapvida (HAPV3) tombaram impressionantes 32,60% nesta quarta, após a companhia anunciar um prejuízo de R$ 316,7 milhões no quarto trimestre de 2022. Um ano antes, a companhia havia lucrado R$ 200,2 milhões. Com o tombo, a companhia perdeu R$ 10,5 bilhões em valor de mercado, agora de R$ 21,6 bilhões.

O descontentamento do mercado veio com a manutenção de uma sinistralidade em níveis muitos altos (76%) quando a expectativa, fomentada pela própria Hapvida, era que ela caísse. Em português, os clientes dos planos de saúde precisaram usar mais os serviços, elevando as despesas da companhia.

Há também os efeitos da aquisição da Notre Dame Intermédica, aprovada pelo Cade (o órgão de defesa da concorrência) em janeiro do ano passado. Agora, que as companhias estão fundidas, os resultados combinados começam a aparecer – e estão saindo pior do que o esperado.

A Hapvida é conhecida pela sua forte operação no Nordeste. Lá atuava de maneira fortemente verticalizada, o que significa que a operadora tem controle maior dos custos dos serviços. Sabe quais exames os médicos conveniados solicitam e quanto eles vão custar, por exemplo. O desafio, agora, é expandir a companhia rumo ao sul do país mantendo a mesma estrutura.

O que os dados do balanço do 4TRI2022 mostraram foi que a operação está muito custosa, minando a receita. Agora, a dívida líquida da companhia está em R$ 7,09 bilhões. Para contornar a situação, a companhia disse que planeja reajustar o preço dos planos ainda este ano.

A liquidação das ações, de qualquer maneira, impressiona. Tombos dessa magnitude costumam ser vistos em empresas pegas em fraudes, como ocorreu com a Americanas em janeiro, por exemplo. Por balanço decepcionante, o Bradesco tombou 17,38% em novembro, após reportar queda de 22,8% no lucro do terceiro trimestre de 2022 (R$ 5,22 bilhões), na comparação anual. 

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O derretimento se choca com a posição dos analistas para a companhia. A maioria dos bancos e corretoras continua recomendando a compra dos papéis da Hapvida, e reforçou a posição nesta quarta. Já o Credit Suisse baixou sua indicação para neutra, o que significa ficar de fora da bagunça. 

Ainda o petróleo

Se a Hapvida sofreu com causas internas, as petroleiras da bolsa continuaram apanhando por razões externas. O Ministério de Minas e Energia decidiu suspender as vendas de ativos da Petrobras por 90 dias, uma medida que pode interferir na venda do Polo Potiguar para a 3R Petroleum, já aprovada pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis), e na aquisição do Polo Bahia Terra pela PetroReconcavo, que ainda não está acertada. Aí deu a lógica. As ações tombara.

O pior tombo foi o da 3R Petroleum (RRRP3), que derreteu 15,10%. Na sequência vieram PetroReconcavo (RECV3), -4,66%, Enauta (ENAT3), -3,70%, e Prio (PRIO3), com -0,95%. 

Até a Petrobras entrou na queda. A PETR4 cedeu 3,47%. Primeiro, porque analistas consideram ruim que a estatal coloque um freio nas vendas. Segundo, que a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, voltou a criticar o pagamento de dividendos da estatal – que, vale lembrar, engorda o caixa da União também.

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De qualquer maneira, esse é o segundo dia de inferno astral das petroleiras. Na tarde de ontem, o governo anunciou a necessária reoneração dos combustíveis, mas fez isso de forma parcial. A solução, para garantir a arrecadação, foi taxar em 9,2% as exportações de petróleo, afetando diretamente as petroleiras privadas, que não refinam o produto. 

Segundo Luís Otávio Leal, economista-chefe do Banco Alfa, o imposto sobre o petróleo cru pode ter um impacto de 25% no caixa das petroleiras.

Nem a expectativa por resultados robustos, que serão divulgados nesta noite. O resultado dessa pancadaria foi uma queda de 0,52% do Ibovespa, um tombo até modesto.

Cortesia da Vale, que subiu 4,87% com dados positivos da China. Por lá, a indústria está se recuperando mais rápido do que o esperado com o fim da política de covid zero. As demais siderúrgicas também se deram bem, e ocuparam lugar de destaque no top 5 de altas, que você confere abaixo. Até amanhã.

MAIORES ALTAS

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CSN (CSNA3): 7,36%

BRF (BRFS3): 5,36%

Vale (VALE3): 4,87%

Usiminas (USIM5): 4,67%

Bradespar (BRAP4): 4,46%

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MAIORES BAIXAS

Hapvida (HAPV3): -33,48%

3R Petroleum (RRRP3): -15,10%

Magazine Luiza (MGLU3): -11,75%

Meliuz (CASH3): -10,23%

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Locaweb (LWSA3): -10,60%

Ibovespa: -0,52%, aos 104.385 pontos

Em Nova York

S&P 500: -0,47%, aos 3.952 pontos

Nasdaq: -0,66%, aos 11.379 pontos

Dow Jones: 0,02%, aos 32.663 pontos

Dólar: -0,65%, a R$ 5,1912

Petróleo

Brent: 1,03%, a US$ 84,31

WTI:  0,83%, a US$ 77,69 

Minério de ferro: 2,42%, negociado a US$ 132,23  por tonelada no porto de Qingdao (China)

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