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Funcionários públicos ameaçam fazer greve e levam Ibovespa para o negativo

Ano eleitoral começará com mais uma bomba fiscal. Tudo porque Bolsonaro decidiu dar aumento salarial só para uma parcela dos servidores – aqueles de sua base de apoio.

Por Juliana Américo
Atualizado em 29 dez 2021, 18h31 - Publicado em 29 dez 2021, 18h27

2021 vai terminar com uma bomba já armada para o ano que vem: o movimento dos auditores da Receita Federal por aumento salarial ganhou força. Agora, mais categorias querem reajustes, que não ocorrem desde 2016, é bom dizer. Só que o mercado não gosta quando Brasília está pegando fogo – o que costuma acontecer um dia sim e o outro também. 

O Ibovespa até chegou a subir no começo do pregão, mas logo virou e permaneceu em terreno negativo. O dia terminou com queda de 0,72%, a 104.107 pontos. O risco também pegou o dólar, que subiu quase 1% e voltou a se aproximar dos R$ 5,70.

Além da baixa liquidez que acompanha o período de Natal e Ano Novo, hoje também rolou uma assembleia do Fonacate (Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado). Nela, os servidores decidiram fazer pequenas paralisações ao longo de janeiro, e até uma greve geral, a partir de fevereiro, para pressionar o governo a reajustar os salários do pessoal. 

A entidade reúne 37 associações e sindicatos de funcionários públicos, incluindo Controladoria-Geral da União, Tesouro Nacional e Receita Federal. 

A confusão começou na semana passada, após a aprovação do Orçamento de 2022. O presidente Jair Bolsonaro conseguiu reservar R$ 1,7 bilhão para reajustes salariais para a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e o Departamento Penitenciário Nacional. 

A atitude não é por acaso, claro. Bolsonaro está se preparando para a corrida presidencial do ano que vem e começou fazendo um agrado para uma parcela importante da sua base eleitoral. 

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Mas os servidores que ficaram de fora não gostaram nem um pouco dessa história. A categoria de segurança tem uns 45 mil funcionários, enquanto 1 milhão de servidores de outras áreas estão há cinco anos tentando um reajuste salarial. 

Quem começou a mobilização foram os auditores da Receita Federal. Além da questão salarial, existe uma previsão de corte de R$ 675 milhões na verba para soluções informatizadas da Receita, como os softwares de arrecadação do imposto de renda. 

Desde a semana passada, quase mil auditores já entregaram os seus cargos de chefia como forma de protesto. E outros integrantes do Fonacate já prometeram deixar seus postos em diferentes órgãos públicos – a entidade afirma que a maioria dos salários está defasada em 27,2%.

Peso nos cofres públicos

Paulo Guedes tem se posicionado contra o reajuste e feito previsões alarmistas de que um amplo aumento salarial poderia quebrar o país. Não que esses alertas sejam de verdade. Foi o próprio Guedes quem, a pedido de Bolsonaro, solicitou ao Congresso a reserva de R$ 2,5 bilhões para os reajustes a policiais.

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De resto volta a ladainha – que tem fundamento, mas é dita só da boca pra fora em ano eleitoral. Cada aumento de 1% a todos os servidores teria um impacto de R$ 3 bilhões nos cofres públicos em 2022. E que o certo mesmo seria fazer a reforma administrativa, com a reestruturação das carreiras do funcionalismo. Uma coisa que para esse governo já foi sepultada.

S&P 500

Wall Street finalmente conseguiu estourar a champanhe que ficou gelando ontem. O S&P 500 bateu o seu 70º recorde do ano, após uma alta de 0,14%. O índice fechou a quarta-feira com 4.793 pontos. 

Mas, por pouco, a comemoração não fica para um outro dia. Na segunda-feira, quando o S&P 500 bateu o seu 69º recorde, a pontuação estava em 4.791. Foi só para começar 2022 com o pé direito. 

A expectativa era de que a marca fosse alcançada um dia antes, mas as preocupações com o avanço das contaminações por Covid-19 interromperam quatro valorizações consecutivas. Passado o susto, a bolsa americana pode retomar o “rali do Papai Noel”, como são chamados os pregões desta época do ano. 

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O Nasdaq, por outro lado, ainda não conseguiu se recuperar da mudança de rumo de ontem. Foi mais um pregão que terminou no negativo, ainda que de leve: -0,10%. 

Amanhã é o último pregão do ano para o Ibovespa. Os índices americanos ainda vão funcionar na sexta-feira, mas com horário reduzido. O que será que nos aguarda? 

 

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Maiores altas

Via (VIIA3): 1,21%

Banco Pan (BPAN4): 0,95%

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Tim (TIMS3): 0,94%

BRMalls (BRML3): 0,86%

Marfrig (MRFG3): 0,66%

Maiores baixas

CVC (CVCB3): -7,48%

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Azul (AZUL4): -7,15%

Gol (GOLL4): -6,49%

Banco Inter (BIDI11): -4,90%

Qualicorp (QUAL3): -4,46%

Ibovespa: -0,72%, a 104.107 pontos

Em NY:

S&P 500: 0,14%, a 4.793 pontos

Nasdaq: -0,10%, a 15.766 pontos

Dow Jones: 0,25%, a 36.488 pontos

Dólar: 0,95%, a R$ 5,6934

Petróleo

Brent: 0,69%, a US$ 79,21

WTI: 0,76%, a US$ 76,56

Minério de ferro: -0,95%, US$ 118,30 no porto de Qingdao (China)

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