Estrangeiros investem firme na bolsa brasileira – por enquanto
Eles trouxeram R$ 70 bilhões para a bolsa em 2021 – e respondem por mais de 50% dos negócios na B3.
Os estrangeiros não abandonaram o Brasil, e estão longe de serem os culpados pela queda da bolsa brasileira no ano passado. Em 2021, eles trouxeram R$ 70,8 bilhões para a B3, o primeiro ano com saldo positivo desde 2017. Em 2020, eles haviam sacado R$ 31,8 bilhões do país.
O número considera apenas a entrada de dinheiro no dia a dia da bolsa. Em IPOs e follow-ons, eles colocaram mais R$ 31,6 bilhões, elevando a marca para mais de R$ 100 bi em dinheiro gringo – a B3 passou a incluir os IPOs na conta para amenizar a sequência de anos de saldo negativo dos estrangeiros.
Depois que o Banco Central começou a subir a Selic, investidores locais bateram em retirada do mercado de ações. E o Ibovespa caiu de uma maneira tão vertiginosa que tornou o mercado uma pechincha para os gringos. Em dólar, a bolsa está tão barata quanto em 2018 (à exceção de um breve período ali no auge da pandemia, em março do ano passado).
Com a mudança de comportamento, os estrangeiros voltaram a responder por metade de todo o volume negociado na B3. E os investidores pessoa física terminaram 2021 com apenas 15% dos negócios – no começo do ano, eles tinham 21% do volume negociado, dado o otimismo que ainda havia no mercado.
O problema é que em 2022 os gringos não devem ser tão generosos. Um dos motivos para eles virem para cá é que os juros americanos estão perto de zero, e aí é preciso se arriscar em busca de rentabilidades maiores. Só que neste ano o Fed, o Banco Central dos EUA, deve começar a elevar a Selic deles. É quando os gringos tendem a correr em busca da rentabilidade mais segura dos títulos públicos americanos.