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Crise bancária derruba NY, mas Ibov é salvo por PETR4 e BBDC4

Ações dos bancos PacWest, Western Alliance e First Horizon derretem com temores de novas falências, enquanto eles negam riscos. Após balanços, Ultrapar salta 11,81% e Embraer derrete 9,71%. Apple sobe no after-market com resultado melhor do que o esperado.

Por Júlia Moura
Atualizado em 4 Maio 2023, 18h08 - Publicado em 4 Maio 2023, 17h56

Pouco convencido de que a crise bancária tinha estancado, o mercado voltou a se desesperar após o noticiário americano acender o alerta sobre dois bancos regionais. 

A Bloomberg deu o primeiro punch ao reportar que o californiano PacWest estaria buscando formas de fortalecer seu caixa, mediante a crise bancária que derrubou os vizinhos SVB, First Republic Bank e Signature Bank. Entre as opções, estariam a venda do banco. 

O PacWest confirmou as negociações, mas disse que seu nível de depósitos segue seguro, inclusive tendo aumentado para US$ 28 bilhões entre o fim de março e o começo de maio, sem saques massivos de seus correntistas como os que assassinaram os concorrentes. Mesmo assim, a ação tombou 50,62% nesta quinta. Do pico de cerca de US$ 50, em 2022, a ação está valendo US$ 3,17.

A segunda tacada veio do Financial Times, que noticiou que o Western Alliance, do Arizona, também negociava vender sua operação, o que banco negou. O mercado não se convenceu e os papéis derreteram ​​38,45%.

Já o First Horizon Bank, do Tennessee, teve sua compra pelo canadense Toronto-Dominion Bank’s surpreendentemente cancelada, o que levou as suas ações a afundarem -33,16%.

Tamanhas quedas não são completamente por conta da preocupação dos acionistas desses bancos. Grande parte da sangria vem das apostas contra esses papéis, com o short selling. Com a crise bancária voltando a tona após o First Republic Bank falir na última segunda-feira, especuladores tentam lucrar com o pânico em torno dos bancos regionais, ˜shorteando˜ suas ações, ou seja: alugam os papéis, vendem tudo e tentam lucrar comprando mais barato depois para devolver ao locatário. E esse movimento por si só alimenta boa parte das baixas.   

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O efeito do short selling é tamanho que uma proibição a esta prática envolvendo bancos, como na crise de 2008, voltou a ser discutida.

 “O governo vai monitorar de perto os desenvolvimentos do mercado, incluindo a pressão de venda a descoberto em bancos saudáveis”, disse Karine Jean-Pierre, secretária de imprensa da Casa Branca.

A saúde do setor é assegurada pelo Tesouro dos EUA: “O sistema bancário tem considerável liquidez e os fluxos de depósito estão estáveis.” Não adiantou muito. O S&P 500 fechou em queda de 0,72%.

Há uma expectativa de que a quebradeira contamine a economia americana. Para evitar maiores danos, se especula que o Fed pare de subir juros antes do previsto. As apostas são para manutenção da taxa americana em 5,25% na próxima reunião, em junho, e de corte de 0,25 ponto percentual em julho. Até ontem, a maioria via o início de cortes apenas em setembro.

O esfriamento do mercado de trabalho ajuda nesta mudança de expectativas. Os empregadores americanos cortaram 67 mil empregos em abril, levando o total de 2023 a 340 mil, quatro vezes mais do que no mesmo período do ano passado.

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A hipótese de um fim antecipado do aperto monetário se somou à carta mais amena do Copom e ajudou os juros futuros a caírem no Brasil. Por aqui, a taxa do título do Tesouro IPCA+ com vencimento em 2029 foi de 5,68% ontem para 5,57% hoje. A do título para 2035 caiu de 5,96% para 5,88%.

Ibovespa se salva

Por aqui, os investidores não se desesperam. Pelo contrário, as ações de bancos ajudaram o Ibovespa a fechar em alta de 0,37%. A alta de 1,59% da Petrobras (PETR4) também colaborou.

O Bradesco (BBDC4) subiu 2,33% antes de divulgar o seu balanço do primeiro trimestre, na noite desta quinta. As projeções não são exatamente das melhores. Segundo levantamento da Bloomberg com a analistas, o bancão deve anunciar queda de 45% no lucro em relação ao mesmo intervalo de 2022, a R$ 3,748 bilhões. O número, porém, é bem melhor que o R$ 1,595 bilhão do último trimestre de 2022, quando o resultado foi duramente impactado pelo provisionamento integral da dívida de R$ 4,85 bilhões da Americanas (AMER3) com o banco. As ações do Itaú foram na cola e fecharam em alta de 0,80%. 

Já a Ultrapar (UGPA3) não fez feio e superou as expectativas com seus resultados do primeiro trimestre. Ela mais que dobrou o lucro na comparação anual, para R$ 262 milhões. A rede de postos Ipiranga brilhou com um EBITDA 70,9% maior que no trimestre passado, de R$ 540 milhões. Deu a lógica: as ações do grupo saltaram 11,81%.

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A Embraer (EMBR3) ficou do lado oposto do Ibovespa nesta quinta, com uma queda de -9,71%. A fabricante de aeronaves decepcionou no balanço, com um prejuízo de R$ 466,9 milhões nos primeiros meses deste ano, mais que a perda de R$ 412,3 milhões no mesmo período de 2022. 

Apple

Logo após o fechamento do mercado, a Apple​​ (AAPL34) divulgou um lucro US$ 24,16 bilhões no primeiro trimestre de 2023, mais do que o previsto pelo mercado. 

As vendas de iPhone aumentaram para US$ 51,3 bilhões, ante expectativa de US$ 48,9 bilhões, mas as vendas de iMac e iPad ficaram US$ 7 bilhões abaixo do esperado, levando a receita no período a cair 3% em relação a 2022.

No início das negociações do after-market, as ações caíram quase 2%, mas se recuperaram e sobem 0,91%.

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MAIORES ALTAS

Ultrapar (UGPA3): 11,81%

Dexco (DXCO3): 7,28%

Magazine Luiza (MGLU3): 6,89%

Pao de Acucar (PCAR3): 6,67%

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Lojas Renner (LREN3): 6,11%


MAIORES BAIXAS

Embraer (EMBR3): -9,71%

CSN (CSNA3): -6,22%

Carrefour (CRFB3): -4,86%

Gerdau (GGBR4): -4,13%

PetroRio (PRIO3): -4,11%

Ibovespa: 0,37% aos 102.174 pontos


Em Nova York

S&P 500: -0,72%, aos 4.061 pontos

Nasdaq: -0,49%, aos 11.966 pontos

Dow Jones: -0,86%, aos 33.128 pontos

Dólar: -0,02%, a R$ 4,9928


Petróleo

Brent: 0,23%, a US$ 72,50

WTI: -0,06%, a US$ 68,56


Minério de ferro
: -2,31%, a US$ 100,95 por tonelada no porto de Dalian (China)

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