China corta juros para estimular a economia, mas menos que o esperado
Decisão não anima bolsas mundiais porque investidores esperavam mais incentivos do governo chinês, especialmente para o mercado imobiliário, dada a desaceleração da economia do gigante asiático.
Bom dia!
O Banco do Povo (banco central) da China anunciou, na noite de ontem, um corte nas suas taxas básicas de juros. Os juros para empréstimos de um ano caíram de 3,65% para 3,55%; os de cinco anos tiveram uma redução de mesma magnitude: de 4,3% para 4,2%.
A medida visa estimular a economia cambaleante, diminuindo o custo de empréstimo para empresas e famílias e incentivando o consumo. A última vez que o banco central chinês diminuiu os juros foi em agosto do ano passado, quando a megalópole Xangai saiu de um draconiano lockdown de dois meses que sufocou a atividade do maior centro econômico chinês.
O mercado já esperava uma queda nos juros chineses, visto que a economia do gigante asiático mostra sinais de desaceleração. Acontece que a maioria dos analistas apostava justamente num estímulo maior por parte do governo – muitos falavam em queda de 0,15 ponto percentual nos juros dos empréstimos de cinco anos, por exemplo.
A taxa de juros de referência de cinco anos é a que influencia os preços das hipotecas, e, portanto, é a que tem o maior impacto no mercado imobiliário chinês – talvez o setor mais frágil da economia do país. Por anos esse mercado foi regado com incentivos exagerados, o que acabou resultando numa série de obras inacabadas e incorporadoras altamente endividadas (alô, Evergrande – lembra dela?).
Sem um aceno mais contundente de estímulos por parte de Pequim, o otimismo quanto ao crescimento chinês vai diminuindo. Ontem, por exemplo, o Goldman Sachs revisou para baixo sua projeção do crescimento do PIB chinês – de 6,0% para 5,4% em 2023, e de 4,6% para 4,5% em 2024. O Citi também seguiu: espera que a China cresça “só” 5,5% este ano, e não mais 6,1%.
Decepcionadas com a decisão do banco central chinês, as bolsas asiáticas fecharam no vermelho. O CSI 300, que reúne 300 principais ações das bolsas de Xangai e Shenzhen, caiu leves 0,17%, enquanto o Hang Seng, de Hong Kong, tombou bem mais: -1,54%. O mau humor também impacta as bolsas europeias, que operam no vermelho, e os futuros americanos (veja abaixo).
Nos EUA, investidores voltam do feriado já no modo espera. É que amanhã Jerome Powell testemunha no Congresso americano, e as atenções já estão nesse evento. O presidente do Fed vai ter a chance de ditar o tom das expectativas para os juros por lá nas próximas reuniões, justamente após a primeira pausa no aperto monetário depois de dez altas seguidas.
Por aqui, em agenda esvaziada, também é alta a espera por um aceno do banco central sobre os juros. Hoje começa a reunião do Copom, que termina só amanhã, com comunicado divulgado. A expectativa não é por uma redução nos juros, mas sim por uma sinalização de que isso vai acontecer na próxima reunião, em agosto, além de um tom mais dovish no geral.
O otimismo com uma Selic mais baixa em breve é um dos motivos que vem sustentando o bom humor do mercado nos últimos dias, traduzido na alta do Ibovespa e na baixa do dólar. Rumo aos 120k?
Bons negócios.
Futuros S&P 500: -0,35%
Futuros Nasdaq: -0,33%
Futuros Dow Jones: -0,37
*às 8h09
Diretor da Light renuncia
Ontem, a Light anunciou a renúncia de Thiago Guth, atual diretor-presidente da Light Sesa, a distribuidora de energia do grupo. Ele também deixará seu posto no conselho de administração. Guth continuará desempenhando suas funções até 30 de junho – depois disso, quem assume a direção da distribuidora é Octavio Pereira Lopes, o CEO da holding.
A saída do executivo foi recebida com surpresa pelo mercado, já que sua entrada na companhia é bastante recente: rolou em abril, pouco antes de a companhia protocolar seu pedido de recuperação judicial com dívidas de R$ 11 bilhões.
Depois do anúncio, as ações LIGT3 chegaram a cair mais de 11% durante a manhã, mas se recuperaram durante a tarde e fecharam em alta de 1,14%, a R$ 7,11.
Brasil: Copom inicia primeiro dia de reunião
Brasil: Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) vota arcabouço fiscal
- Índice europeu (Euro Stoxx 50): -0,25%
- Londres (FTSE 100): 0,00%
- Frankfurt (Dax): -0,48%
- Paris (CAC): -0,22%
*às 8h15
- Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,17%
- Hong Kong (Hang Seng): -1,54%
- Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,06%
- Brent: 0,76%, a US$ 76,67 o barril
*às 8h01
- Minério de ferro: -0,92% a US$ 112,39 por tonelada na bolsa de Dalian (China)
*às
Inflação que não larga o osso
Os bancos centrais dos países desenvolvidos estão ajustando para cima suas previsões de inflação, enquanto continuam elevando os juros e alertando que o período de taxas nas alturas pode ser longo. É que, apesar dos esforços para combater a inflação, ela continua elevada nos EUA e na Europa. Enquanto isso, alguns sinais indicam que os impactos do aperto monetário estão diminuindo: os mercados imobiliários estão se estabilizando e as taxas de desemprego voltando a cair. Embora a zona do euro esteja em uma recessão técnica, seu mercado de trabalho continua aquecido, e países como Canadá, Suécia e Japão estão longe de uma recessão.
Agora, os BCs tentam descobrir se a inflação está mesmo estagnada acima das metas ou se a queda está só demorando demais para chegar. Esta reportagem do WSJ investiga por que a inflação tem persistido nesses países.