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O que significam os termos hawkish e dovish?

A metáfora com as aves é um jeito simpático de se referir à postura dos bancos centrais no combate à inflação.

Por Alexandre Versignassi e Bruno Vaiano
9 dez 2022, 06h03
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 (Camila Anselmé/VOCÊ S/A)
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Hawkish é o banco central que está focado em subir os juros. Dovish é aquele disposto a baixar os juros. Não se trata, claro, de uma característica da “personalidade” deste ou daquele banco central, mas de momentos diferentes da economia.

Quando a inflação está em alta, qualquer banco central minimamente responsável é hawkish. Quando as altas nos preços sossegam, a postura correta é a dovish, pois juros em baixa estimulam o consumo e o empreendedorismo – em outras palavras, criam empregos.

Agora, a etimologia. Primeiro veio o termo dovish. Dove, você sabe, significa “pomba”, e o sufixo -ish no final equivale ao nosso “-oso”. Dovish, então, é “pomboso”. Os primeiros registros do termo são do século 16 – bem anteriores à criação do primeiro banco central, o sueco Riksbank, de 1668.

“Pomboso” era o sujeito a fim de paz. Pombas são um símbolo de harmonia e concórdia em praticamente todas as culturas, da judaico-cristã às ameríndias.

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18% Foi a taxa do Fed em seu momento mais hawkish, no ano de 1980. Tudo para combater uma inflação que tinha chegado a 13% ao ano.

Como o mundo sempre foi chegado a alguma forma de polarização, não há termo que surja sem ganhar um oposto. Foi o que aconteceu. Para fazer frente a dovish apareceu o termo hawkish (“gavioso”). Também não tinha relação com a economia, claro. Hawkish era aquele a favor da guerra. E o sentido geopolítico segue em uso. Se você disser para um gringo que Vladimir Putin é hawkish ele vai entender.

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Ao longo do século 20, com a ascensão dos bancos centrais no papel de condutores da política econômica de cada país, os dois termos entraram para o noticiário. Um BC hawkish, então, passou a ser aquele em guerra contra a inflação. E o termo faz sentido, porque altas nos juros são como guerras mesmo – deixam muita destruição pelo caminho.

Com juros lá em cima o dinheiro fica mais caro. Empresas levantam menos empréstimos, consumidores fazem menos compras a prazo. Com menos geladeiras, carros e casas sendo vendidos, empresas que fazem geladeiras, montam carros e levantam prédios fecham as portas. Aí o desemprego bomba, retroalimentando o ciclo vicioso.   

Como quebrar o ciclo? Baixando os juros. Mas se eles ficarem baixos demais por tempo demais, uma hora poderá haver mais grana em circulação do que coisas para comprar com essa grana. Surge a inflação. E a guerra começa outra vez. Eis o indo e vindo infinito dos BCs.

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