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Edwiges Parra

É psicóloga organizacional, especialista em recursos humanos e fundadora da EMIND Mente Emocional
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Por que o burnout é um dos grandes problemas da pandemia?

O dia 10 de outubro celebra a saúde mental e a data traz um alerta: na crise da covid-19 temos que reforçar o autocuidado para não adoecer

Por Edwiges Parra, colunista de VOCÊ RH
Atualizado em 9 out 2020, 07h00 - Publicado em 9 out 2020, 07h00
 (Energepiccom / Pexels/Divulgação)
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Caro leitor, começo esta coluna lhe apresentando o panorama geral sobre o número de casos registrados em doenças mentais pelo mundo, a piora pelo quadro dos efeitos da covid-19 e o quanto essas mudanças abruptas no estilo de trabalho e as incertezas do cenário sobre o desemprego podem se tornar agentes provocadores para o acometimento de estresse crônico e levar à um estágio de esgotamento profissional, conhecido como Síndrome de Burnout.

De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), braço da Organização Mundial da Saúde, cerca de 1 bilhão de pessoas vivem com um transtorno mental, 3 milhões de pessoas morrem todos os anos devido ao uso nocivo do álcool e uma pessoa morre a cada 40 segundos por suicídio.

Isso antes da crise da covid-19. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, diz que já é possível ver as consequências da pandemia de covid-19 no bem-estar mental das pessoas e isso só é apenas o começo. Para evitar o problema, é preciso assumir compromissos sérios para aumentar o investimento em saúde mental desde já. Afinal, as consequências para a saúde, sociais e econômica tendem a ser de longo alcance.

Um dado relevante: os países gastam em média apenas 2% de seus orçamentos de saúde em saúde mental. Apesar de alguns aumentos nos últimos anos, a assistência internacional ao desenvolvimento para a saúde mental nunca excedeu 1% de toda a assistência ao desenvolvimento para a saúde. Isso apesar do fato de que para cada US$ 1 investido em tratamento intensivo para transtornos mentais comuns (como depressão e ansiedade) há um retorno de US$ 5 em melhoria da saúde e produtividade.

 Os problemas da pandemia

 Tenho ouvido muito – e acredito que você já tenha se sentido assim ou escutado um colega ou parente relatar – sobre uma sensação de estresse extremo, que se reflete em rispidez com filhos, cônjuges, colegas, prestadores de serviço etc.  Além disso, posso me atrever a dizer que, cada vez mais, tem sido difícil ser produtivo e que dormir bem se tornou um desafio – pode até ser que você consiga pegar no sono, mas a sensação de cansaço continua.

Aqui faço um alerta: se esses sintomas persistem, algo está errado e pode ser que você esteja próximo de uma situação ode estresse crônico e é preciso investigar uma possível Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional.

Essa é uma das enfermidades que vem chamando a minha atenção neste momento, devido seu crescimento a partir da mudança abrupta do novo estilo de trabalho, principalmente por conta do home-office que, inicialmente, foi romantizado por desconsiderar outras variáveis que até então, não estavam sendo contempladas como agentes agravantes nesta modalidade.

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A Organização Mundial da Saúde (OMS), que oficializou o burnout como doença crônica em 2019, o define como uma síndrome que resulta de um estresse crônico no local de trabalho, que não foi gerenciado com sucesso.

 A síndrome pode ser identificada a partir de três dimensões: 

  • Sentimentos de exaustão ou esgotamento de energia
  • Aumento do distanciamento mental do próprio trabalho, ou sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados ao próprio trabalho
  • Redução da eficácia profissional

Já sabemos que a síndrome deverá atingir diversos profissionais no pós-pandemia, mas confesso que já estou vendo isso acontecer pelos pacientes antigos e novos que atendo em meu consultório ou nas ações corporativas, baseado nos relatos das pessoas sobre o que mudou no estilo de vida e como isso as afeta negativamente.

Pensando em tudo isso, compartilho a seguir quais são os sintomas e as ações para prevenir e combater o burnout.

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 Quais os sintomas mais comuns da síndrome de burnout?  

  • Distúrbios do sono
  • Dores musculares e de cabeça
  • Irritabilidade
  • Alterações de humor
  • Falhas de memória
  • Dificuldade de concentração
  • Falta de apetite
  • Agressividade
  • Isolamento – nos estágios iniciais parece que o indivíduo evita o contato com as demais pessoas; porém em estágios mais avançados pode-se desenvolver irritabilidade no contato com outras pessoas
  • Estado de humor deprimido
  • Pessimismo e baixa autoestima
  • Sentimento de apatia e desesperança – este é um dos sintomas que mais leva aos diagnósticos errados da doença
  • Irritabilidade exagerada – a irritabilidade acaba surgindo devido ao sentimento de pessimismo e baixa autoestima, achando que aquilo que se faz não é bom o suficiente
  • Perda de prazer – inicia-se como algo simples, mas gradativamente torna-se evidente, como a perda de prazer por comidas ou atividades que antes gostava de praticar, momentos com a família etc.
  • Maior suscetibilidade à doenças – como a síndrome de burnout mexe com o físico e também com o psicológico, acaba baixando a imunidade da pessoa, tornando-a mais suscetível ao aparecimento de doenças oportunistas

 Como identificar a síndrome de burnout?

A síndrome acaba sendo confundida, muitas vezes, com outros problemas emocionais. Isso porque os seus sintomas também estão presentes em outras patologias mentais. Portanto, é necessário prestar atenção em muitos detalhes, sendo que o diagnóstico só deve ser feito por um profissional especializado, como um psicólogo ou psiquiatra. 

Quais são as estratégias para prevenir o problema?

A prevenção pode se dar por práticas simples e prazerosas, desde que você também assuma esse compromisso com o seu autocuidado – aliás, isso vale para tudo. Nunca delegue os cuidados com a sua saúde para terceiros, nem os negligencie. E lembre-se: organização, planejamento, engajamento, disciplina e regularidade são fundamentais para você garantir longevidade e sustentabilidade com sua saúde como um todo.

Vamos às dicas de prevenção.  

Práticas de exercícios físicos: o burnout acaba causando problemas físicos, isso sem mencionar as tensões musculares que muitas vezes impedem até mesmo a locomoção.

Pausas para o lazer: importantes para relaxar a mente e o corpo, seja na prevenção como no tratamento.

Meditação: auxilia no controle dos níveis de estresse, bem como em reaprender a respirar. Isso significa ter melhor manejo dos seus estados emocionais de volta e não aderir às exigências externas e internas de imediatismo.

Cuidado do “chicote interno”: é a cobrança excessiva consigo mesmo, seja orientado pela busca da perfeição ou por suas crenças rígidas baseadas em medos do que os outros vão pensar sobre você, em diversas situações.

Organizar e reorganizar sempre que necessário: seus dias e tarefas no trabalho podem ajudá-lo no momento de pegar mais leve nas tarefas e então manter a calma, evitando a sobrecarga.

Tirar folgas e férias: todo mundo precisa descansar. Pare de adiar as suas. Organize-se e aproveite os dias de descanso como melhor convier. Viaje, leia os livros que sempre quis, assista muitos filmes. Ou não faça nada se assim preferir. O importante é se desligar do trabalho para relaxar a mente e o corpo. Acredite: o mundo não vai acabar se você descansar um pouco

Nutra bem seu organismo: uma boa alimentação rica em nutrientes, já tem inúmeras eficácias quanto ao equilíbrio do organismo, tanto para imunidade, quanto para o bom funcionamento dos neurotransmissores do bem-estar, como dopamina, endorfina, serotonina e oxitocina.

Conheça seus limites: não tente abraçar o mundo ou tapar todas as lacunas no trabalho. Fuja de metas abusivas e do excesso de autocobrança. Reconheça até onde pode ir e quais são os fatores que podem lhe ajudar a conseguir chegar no seu objetivo. Esforce-se para separar as demandas pessoais das cobranças do trabalho e, principalmente, não abra mão da sua vida social.

E por fim, a promoção da saúde mental é responsabilidade de todos e o momento exige mais ações concretas e efetivas. Devemos estar mais responsivos no exercício do autocuidado e no gerenciamento de nosso bem-estar mental.

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Edwiges-Parra
(Divulgação/VOCÊ S/A)
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