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Entenda o processo contra a OpenAI que pode transformar o setor de IA

O New York Times alega que o ChatGPT viola direitos autorais ao “copiar” seus textos. Com isso, é possível que empresas de inteligência artificial tenham de começar a pagar por licenciamento de conteúdo.

Por Bruno Carbinatto
16 jan 2024, 06h27

A OpenAI, startup criadora do ChatGPT, passa por um dos seus maiores desafios judiciais até agora. A empresa está sendo processada pelo New York Times, que alega violações de direitos autorais – e o resultado dessa história pode significar uma grande guinada no mundo da IA.

Isso porque, para treinar sua inteligência artificial, a empresa usou toneladas de dados disponíveis na internet – como textos da Wikipedia e também da mídia tradicional. O que o jornal mais importante do mundo alega é: ao formular respostas, em várias situações o robôzinho faz praticamente um copia e cola de artigos publicados no passado pelo NYT, e isso seria uma violação de direitos autorais. No processo, há vários exemplos de episódios do tipo.

O jornal pede compensações em dinheiro, sem especificar uma cifra. Especialistas também apontam que, do imbróglio jurídico, provavelmente sairá algum modelo de licenciamento de conteúdo entre as partes – ou seja, talvez a OpenAI deverá pagar para usar o conteúdo de outras pessoas em seus produtos. 

De fato, outros veículos de imprensa, como o Wall Street Journal e o USA Today, já estão negociando acordos do tipo diretamente com a startup. 

Mas, aparentemente, não há acordo sobre preço e termos de uso – o próprio NYT diz que participava dessas discussões há meses, mas decidiu ir pela via judicial porque a coisa não andava.

De qualquer forma, deve ser uma mudança importante para os negócios da OpenAI, justamente quando ela se firma como uma das startups mais importantes – e valiosas – do mundo. Segundo informações da Bloomberg, a empresa está negociando uma nova rodada de investimentos que colocaria seu valor em torno de US$ 100 bilhões. Se este valuation for confirmado, será a segunda startup mais valiosa do mundo, atrás só da SpaceX de Elon Musk (US$ 180 bilhões).

Desde que o ChatGPT foi liberado ao público, em novembro de 2022, a OpenAI se tornou protagonista do mercado frenético da inteligência artificial. O tema agora é o mais quente da bolsa, e empresas ligadas ao setor disparam. A principal é a Nvidia. Suas ações decolaram quase 240% no ano, maior alta do S&P 500. 

A empresa fabrica chips adaptados para o desenvolvimento de sistemas de IA. Outras companhias, como o Google, desenvolvem suas próprias IAs – e também seriam afetadas caso este processo judicial dê à luz um modelo de licenciamento de conteúdo.  

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