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8 jeitos de usar o ChatGPT no trabalho – sem ser enganado por ele

Fazendo simulações, organizando dados ou ajudando no brainstorming: a inteligência artificial pode dar um boost na sua produtividade. Mas ela também pode criar ciladas. Veja exemplos práticos e menos óbvios de como interagir com o robô do momento.

Por Bruno Carbinatto | Ilustração: Weberson Santiago | Design: Juliana Krauss | Edição: Alexandre Versignassi
Atualizado em 26 abr 2024, 14h25 - Publicado em 14 jul 2023, 05h24
E

ra um processo judicial como qualquer outro: um americano entrou na Justiça buscando uma indenização contra a Avianca após um funcionário da companhia aérea ter esbarrado nele com o carrinho de serviço.

O caso certamente não viraria notícia, não fosse por um detalhe. Em um dos documentos, o advogado Steven Schwartz citou uma série de outras decisões judiciais como precedentes para embasar a validade da ação do seu cliente, como “Martinez vs. Delta Air Lines” e “Zicherman vs. Korean Air Lines”. O problema: quando os advogados da Avianca foram procurar os tais processos, não os encontraram.

É porque eles não existiam. Schwartz fez sua pesquisa via ChatGPT, e a IA havia inventado os precedentes. Foi, talvez, o primeiro caso que exemplificou ao mundo os perigos do uso de ferramentas de inteligência artificial no trabalho. É uma preocupação que vai se tornar cada vez mais comum com a popularidade galopante desses sistemas.

A ferramenta da empresa OpenAI tem mais de 100 milhões de usuários mensais. Demorou apenas dois meses após seu lançamento ao público, em novembro do ano passado, para atingir a marca; o TikTok tinha levado nove meses.

O boom no uso do ChatGPT levantou todo tipo de previsão sobre o futuro possivelmente revolucionário da IA. Uma pesquisa da McKinsey, por exemplo, estima que a IA pode somar US$ 4,4 trilhões à economia mundial, quase 4,4% do PIB global, graças ao aumento de produtividade que esses sistemas proporcionam.

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De qualquer forma, isso é para o futuro. Por ora, com o ChatGPT já sendo amplamente usado, o que mais se discute no trabalho é exatamente como não cair em ciladas, tipo a do processo contra a Avianca. Para isso, precisamos entender como a ferramenta funciona.

Como o ChatGPT realmente funciona

O mais importante: a IA não é, literalmente, “inteligente”. O ChatGPT é um modelo de linguagem que foi treinado com uma base de dados de bilhões de textos disponíveis na internet até 2021 – livros, fóruns de discussão, artigos da Wikipedia etc.

O que ele faz é analisar todos esses dados e identificar padrões de como escrevemos. A partir daí, ele constrói frases contendo palavras que têm alta probabilidade de aparecer juntas, com base em tudo que já leu no treinamento. É por isso que seus textos soam tão reais, humanos.

Às vezes, no processo, ele acaba conectando palavras que formam textos coesos, coerentes, mas que não correspondem à realidade. São os episódios chamados de “alucinação” da IA, termo técnico preferido para definir o fenômeno, em vez de simplesmente “erro”.

Na corrida da IA, a OpenAI e outras big techs que buscam seus próprios ChatGPTs correm para minimizar esse risco. Um jeito é conectar a ferramenta à internet, para checar as informações em tempo real.

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Por enquanto, o ChatGPT disponível no site da OpenAI, sem plug-ins instalados, não tem acesso à internet; a versão integrada ao Bing tem acesso limitado e fornece links de apoio ao usuário.

Mesmo com suas limitações, porém, o ChatGPT é uma ferramenta útil no trabalho. Se você nunca acessou, siga o básico: a ferramenta é gratuita, basta criar uma conta no site da OpenAI para utilizá-la.

Se você já acessou, possivelmente já até testou alguns comandos. No trabalho, os mais comuns incluem terceirizar a escrita de textos burocráticos – “escreva um e-mail para o RH pedindo para marcar férias para julho” ou “escreva uma mensagem convocando todos para a reunião das 16h”. Mas existem prompts (como são chamados os comandos que você digita no “campo de busca”) menos óbvios, que podem abrir portas para o usuário. Veja como usá-los – e sem cair em armadilhas.

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(Weberson Santiago/VOCÊ S/A)

1 – Faça simulações com o ChatGPT

O ChatGPT é um ótimo ator. Se você quer treinar habilidades que exigem a interação com outras pessoas, vá fundo.

Para quem trabalha com atendimento ao cliente, por exemplo, vale praticar a condução de uma conversa com um consumidor insatisfeito. Explique o cenário hipotético e peça para o ChatGPT encenar um ser humano pouco educado na sua reclamação. Precisa dar feedback negativo e não sabe como a pessoa vai reagir? Teste com o ChatGPT. Negociação de um contrato, pedido de aumento para o chefe? Idem.

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A simulação não vai fugir 100% dos padrões que já imaginamos. Mesmo assim, é um bom exercício. Pense numa entrevista de emprego. Para se preparar, a maioria repassa as perguntas mais comuns e planeja respostas. O ChatGPT também faz isso, com o bônus de que mantém uma linha de raciocínio e vai aprofundando a conversa. Veja a simulação abaixo (as respostas deste repórter são fictícias e propositalmente curtas).

Usuário: Finja que você é um recrutador de uma empresa de publicidade fazendo uma entrevista de emprego comigo. Primeiro você pergunta, depois eu respondo e você pergunta novamente, com base na minha resposta.

ChatGPT: Perfeito, vamos começar. Pode me contar um pouco sobre sua experiência na indústria da publicidade?

Usuário: Trabalhei por dois anos como designer em uma agência. Minha função primária era planejar e criar projetos para as redes sociais dos clientes.

ChatGPT: Quais foram os principais desafios que enfrentou neste cargo e como os superou?

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Usuário: O principal foi o fato de que poucas pessoas tinham conhecimento técnico, então eu ficava sobrecarregado na execução de projetos. Resolvi isso capacitando meus colegas com aulas práticas.

ChatGPT: Impressionante a iniciativa que você tomou. Você poderia me contar sobre um projeto que foi particularmente bem-sucedido e por que você acredita que ele se destacou?

Usuário: Participei da criação do novo projeto gráfico do Instagram da Coca-Cola.

ChatGPT: Interessante. Quais foram os elementos-chave que você considerou ao desenvolver o projeto gráfico para a Coca-Cola e como você acredita que esses elementos contribuíram para o seu sucesso?

Usuário: Como a Coca-Cola é uma marca muito famosa, consideramos que o logo não precisava aparecer em toda postagem. Por isso, nos baseamos mais nas cores características (vermelho, preto e branco).

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ChatGPT: Você entendeu bem a necessidade de evolução da marca. Como você geralmente lida com feed-
backs e alterações solicitadas pelos clientes?

Usuário: Faço reuniões de feedback para discutirmos as mudanças. É mais produtivo porque posso explicar ao cliente o processo e o porquê das minhas escolhas. Então chegamos a um consenso juntos.

ChatGPT: Isso é uma excelente abordagem para manter uma comunicação eficaz.

Usuário: Podemos terminar a simulação agora. O que você achou das minhas respostas na entrevista? Tem algum feedback?

ChatGPT: Você demonstrou capacidade de lidar com situações desafiadoras, como sobrecarga de tarefas. Além disso, a sua iniciativa de treinar outros para melhor distribuir o trabalho é um ponto muito positivo.

Você participou de uma iniciativa importante, como a criação do novo projeto gráfico para a Coca-Cola no Instagram. Isso é um ótimo destaque, pois demonstra a sua habilidade de criar designs que são aprovados e implementados por grandes empresas.

Você tem uma abordagem proativa para lidar com feedback e fazer alterações solicitadas pelos clientes, promovendo a comunicação direta e o consenso.

SUGESTÃO DE MELHORIA
Tente fornecer mais detalhes ou exemplos específicos. Por exemplo, quando perguntado sobre como você lida com feedbacks, você poderia fornecer um exemplo específico de uma vez em que você teve que fazer alterações solicitadas por um cliente, e como lidou com isso.

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(Weberson Santiago/VOCÊ S/A)

 2 – Faça planilhas, organize dados e analise informações no ChatGPT

Não se garante no Excel? Má notícia: o ChatGPT (ainda) não o substitui. Boa notícia: para operações básicas e conjuntos de informações simples, o robô é uma ótima ferramenta de organização de dados.

Se você tem uma simples lista de nomes e datas de nascimento, por exemplo, e quer colocar todos em ordem crescente de idade, basta jogar na ferramenta, pedir, e o ChatGPT o fará por você. Dá também para agrupar (separar por década de nascimento), filtrar (excluir certos períodos) e perguntar (quantas pessoas da lista têm 30 anos?).

O ChatGPT também pode gerar respostas formatadas em tabelas, desde que simples. Ele próprio pode fornecer os dados para isso. Por exemplo: “Faça uma tabela contendo as dez maiores cidades do Brasil em população, o número da população, a área da cidade e a densidade populacional”. Nesses casos, lembre-se de que a base de dados da IA só vai até 2021 (ele geralmente te lembra disso nas respostas), e, claro, de checar as informações.

Agora, um exemplo prático. Suponhamos que você tenha anotado as vendas de um determinado produto por mês em uma lista simples, tipo “vendi 112 canecas em janeiro, 103 canecas em fevereiro (…)”. Então envie em conjunto com o prompt “Faça uma tabela com o mês, o número de vendas e a variação percentual e absoluta em relação ao mês anterior”. O resultado é o seguinte:

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(Arte/VOCÊ S/A)

Também dá para fazer o caminho inverso: subir uma tabela e pedir insights sobre os dados. Mas como fornecer as tabelas para o ChatGPT “ler”? Você pode copiá-las e colar – a formatação não vai sair igual, porque é uma caixa de texto comum, mas, em geral, ele entende que aquilo é uma tabela formada por  linhas e colunas.

Se a tabela for muito grande e complexa, porém, há um macete: existem extensões nos navegadores que permitem fazer o upload de arquivos para o robô ler. Para o Google Chrome, por exemplo, há o “ChatGPT File Uploader Extended”; com ele, você pode fornecer PDFs, tabelas do Excel e outros formatos sem ter que colá-los na caixa de texto. Pronto. O programa estará preparado para responder perguntas sobre o conteúdo.

Por exemplo: fornecendo ao robô uma tabela de controle de gastos semanais de um determinado mês, é possível pedir ajuda para ver onde estão as maiores despesas e o que dá para cortar. A resposta:

ChatGPT: “A semana com os menores gastos é a segunda, com um total de R$ 787,13. Os gastos com “Jantares” foram bastante reduzidos nessa semana, totalizando apenas R$ 52,00, em comparação com R$ 148,38 na primeira semana. As despesas com “Farmácia” foram apenas R$ 23,00, bem abaixo dos R$ 67,90 da primeira semana. Gastos com “Supermercado e padaria” foram significativamente mais baixos nesta semana (R$ 102,00) do que na primeira (R$ 388,00) e na terceira (R$ 127,00).”

Um adendo: não faça isso, obviamente, com dados confidenciais. E, se sua empresa tiver uma política de proteção de dados, cheque antes de colocar qualquer coisa do trabalho na ferramente.

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(Weberson Santiago/VOCÊ S/A)

3 – Melhores os textos do ChatGPT

Produzir textos é a tarefa-base do ChatGPT, mas saiba que há alguns truques para aprimorar essa habilidade. A dica de ouro é evitar aquilo que quase todo mundo faz nas primeiras vezes que usa a IA: entrar no programa, pedir alguma coisa e se contentar com o primeiro resultado. É que essas primeiras respostas do robô tendem a ser genéricas e rasas.

O trunfo da IA é manter uma conversa com uma linha de raciocínio, “lembrando” do que você falou anteriormente a cada conversa. Quanto mais você segue no mesmo assunto, mais os textos gerados pelo ChatGPT vão se refinando.

“O conhecimento é construído com base em pergunta e resposta, de forma incremental”, diz Pedro Burgos, coordenador do Programa Avançado em Comunicação e Jornalismo do Insper. “Sem querer antropomorfizar demais, mas quanto mais você trata o GPT como uma pessoa, melhores vão ser seus resultados na prática. Quando você fala com alguém, normalmente não fica em uma única resposta.”

Vale insistir com prompts de sequência, como: “O texto está muito formal, torne-o mais leve”; “Os exemplos são muito genéricos, tente substituir por outros menos óbvios”; “A resposta está muito longa, reescreva-a em apenas dois parágrafos”; “Adapte a linguagem para o público leigo” etc. Veja um exemplo:

Usuário: Explique resumidamente o que são alucinações das IAs e quais são as causas delas.

ChatGPT: As “alucinações de IA” referem-se à tendência das inteligências artificiais de gerar informações que não estão alinhadas com a realidade ou com o input original. Isso geralmente ocorre devido a uma variedade de fatores.

Um fator significativo é a qualidade e a natureza dos dados de treinamento. Se um modelo de IA é treinado em dados que não são representativos do problema ou da situação que está sendo modelada, pode gerar “alucinações” que refletem esse viés ou falta de informação.

Esse problema pode ser agravado por “overfitting”, um cenário em que a IA se ajusta muito bem aos dados de treinamento, mas performa mal quando apresentada a dados novos ou diferentes. Nesse caso, a IA pode começar a “preencher” as lacunas com informações do conjunto de treinamento, mesmo quando isso não é apropriado.

Além disso, a complexidade inerente aos modelos de aprendizado profundo pode resultar em saídas que parecem desconexas, pois esses modelos são capazes de mapear relações de maneira altamente complexa.

Usuário: Reescreva o texto de forma mais sucinta e usando linguagem de divulgação científica para o público leigo.

ChatGPT: “Alucinações de IA” são quando as inteligências artificiais criam ou interpretam informações de maneira errada. Pense nisso como se a IA estivesse vendo coisas que não estão realmente lá.

Isso pode acontecer por diversos motivos. Um deles é quando a IA aprende com informações incompletas ou tendenciosas. É como se estivesse estudando para uma prova apenas com metade do livro. Outra razão é quando a IA fica muito focada no que aprendeu e não consegue lidar bem com novas informações – é como se ela tivesse se especializado tanto em álgebra que não consegue resolver uma equação simples de geometria.

Outra dica é treinar a inteligência artificial exatamente com o que você deseja. Quer uma redação do Enem perfeita? Alimente o ChatGPT com os critérios de correção disponibilizados pelo Inep antes de enviar o tema da proposta. A empresa onde você trabalha possui um guia ou manual de textos? Informe essas regras ao robô antes de pedir ajuda para produzir um relatório. Você também pode dar exemplos de frases que gostaria de ver no resultado final.

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(Weberson Santiago/VOCÊ S/A)

4 – Faça brainstorming com o ChatGPT

Está na moda dizer que a criatividade agora é ainda mais fundamental, já que, por ser uma habilidade intrinsecamente humana, seria à prova da substituição por inteligência artificial. Ok. Mas uma das características do ChatGPT é justamente a criatividade.

Humanos têm novas ideias recombinando conceitos que foram aprendendo ao longo da vida. Como disse Isaac Newton: “Se eu enxerguei mais longe, foi porque estava sentado no ombro de gigantes”, numa referência aos gênios que lhe precederam e inspiraram.

O ChatGPT está sentado nos ombros de boa parte dos textos já produzidos pela humanidade. Ao mastigar e recombinar essas fontes, ele produz ideias inéditas. Ou seja: comporta-se como um agente criativo de fato.

Então use a ferramenta como um complemento para o brainstorming, como mais uma cabeça gerando ideias na roda.

Vale também para empreendedores. Precisa de um nome “curto e engraçadinho” para sua sorveteria vegana? “Sorveteria Mãe Terra”, “Gelato Vegato”, “Sabor da Selva”, diz o robô. Para um brechó infantil? “MiniModa”, “Cantinho Colorido” “Pequeno Panda”, “Brechó Botãozinho”. Nem todos vão ser legais – mas é essa a intenção do brainstorming, afinal. E lembre-se: quanto mais detalhes você der sobre aquilo que deseja, melhores e mais direcionadas serão as sugestões. Um exemplo:

Usuário: Tenho uma cervejaria artesanal e preciso de ideias de conteúdos para publicar no Instagram e engajar o público, para além de postar apenas nosso menu e novidades sobre a cervejaria. O que você me recomenda?

ChatGPT:

– Processo de fabricação: Compartilhe fotos ou vídeos que mostram como suas cervejas são feitas. Isso não só é interessante, como também destaca a qualidade e o cuidado que você coloca em seus produtos.

– Histórias de fundo: Conte a história da sua cervejaria ou compartilhe detalhes sobre como certas cervejas foram criadas. As pessoas adoram ouvir as histórias por trás das marcas.

– Dicas: Compartilhe dicas úteis sobre como desfrutar de suas cervejas, como alimentos que combinam bem com determinadas cervejas, a temperatura ideal para servir etc.

– Testemunhos e avaliações de clientes: Compartilhe as boas palavras que seus clientes têm a dizer sobre suas cervejas. Isso cria prova social e faz os seguidores desejarem experimentar sua cerveja.

– Citações e memes cervejeiros: Estes são sempre populares e podem ser uma maneira divertida de envolver sua comunidade.

– Destaques locais: Como cervejaria artesanal, você provavelmente tem uma forte ligação com a sua área local. Destaque outros negócios locais, pontos turísticos ou eventos que seus seguidores possam gostar.

– Concursos e brindes: São sempre populares e uma ótima maneira de aumentar a interação e o engajamento.

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(Weberson Santiago/VOCÊ S/A)

5 – Faça pesquisas e estude no ChatGPT

Ok, você deve estar pensando: pesquisa e estudos? Mas o ChatGPT não inventa coisas? Não corre o risco de ele “alucinar” e contaminar minha pesquisa com fatos falsos? Sim, o risco existe. Mas as alucinações costumam acontecer com episódios factuais específicos, que você pode – e deve – checar.

Outra: humanos são bons em defender seus pontos de vista. A base de dados do ChatGPT consiste, obviamente, em textos produzidos por humanos. Então, se você estiver estudando alguma questão que suscite pontos de vista antagônicos, vale pedir para que ele discorra sobre os dois lados da moeda. Veja abaixo.

Usuário: Dividendos devem ser taxados? Mostre os principais argumentos dos dois lados da discussão.

ChatGPT: Argumentos contra: 1) Dupla tributação: Os dividendos são lucros após impostos pagos aos acionistas. Esses lucros já foram tributados ao nível da empresa. 2) A tributação de dividendos pode desestimular o investimento em empresas que pagam dividendos. Isso poderia prejudicar o crescimento econômico.

Argumentos a favor: 1) Indivíduos ricos são mais propensos a receber dividendos, então taxá-los pode ser uma maneira de redistribuir a riqueza. 2) Embora os dividendos sejam tecnicamente tributados duas vezes (como lucro corporativo e como renda pessoal), isso não é necessariamente injusto. As empresas e os indivíduos são entidades separadas, e ambas podem beneficiar-se de infraestrutura e serviços financiados por impostos.

Também é útil pedir para a IA explicar conceitos que não ficaram claros numa aula ou numa leitura.

Usuário: Qual a diferença de lucro líquido e lucro bruto? Explique com uma metáfora simples.

ChatGPT: Imagine que você é um vendedor de suco de laranja. O lucro bruto é o dinheiro que você recebe da venda do suco de laranja menos o custo das laranjas usadas para fazer o suco. O lucro líquido é o dinheiro que sobra após subtrair do lucro bruto todas as outras despesas do negócio, como aluguel da barraca, salários dos funcionários e contas de eletricidade.

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(Weberson Santiago/VOCÊ S/A)

6 – Use o ChatGPT como um tradutor

O ChatGPT “fala” mais de 90 línguas, já que foi abastecido com textos de diversos países. Mais importante: por conta de sua natureza, focada na linguagem, ele faz traduções com uma precisão absurda: capta nuances culturais, gírias e contextos.

Suponhamos que você convidou um amigo gringo para sair e ele respondeu como “I’m skint”. Se jogarmos a frase no tradutor do Google, o resultado que temos é: “Eu sou magro”. Não faz sentido.

Quando você explica o contexto em que a frase foi dita, o ChatGPT tem uma tradução melhor: “‘I’m skint’ é uma expressão coloquial britânica que significa ‘Estou sem dinheiro’ ou ‘Estou quebrado’”. Claro que dá para obter esse tipo de informação buscando no Google mesmo. Só que demora mais.

Em geral, o próprio ChatGPT detalha após a tradução e o porquê de alguma de suas escolhas, ou o significado de expressões idiomáticas que não têm equivalente exato em outras línguas. Quando não o faz, é possível perguntar sobre traduções específicas.

Mas também há arapucas. No trecho abaixo, veja a tradução de uma canção em maori, o idioma dos povos indígenas da Nova Zelândia.

Usuário:: Traduza para o português: hanahana ana ko taku kiri / noho ana i te rēhia kei taku taha taku kaingākau (kaingākau) / e te tī, te tā, tahuti mai rā / ki te ina i ngā hīhī o te rā / taku rite, ko hinemoana
ChatGPT: Minha pele está radiante / buscando o prazer / ao meu lado está o meu amor (amor) / e te tī, te tā, voltando / para o brilho do sol / eu sou como Hinemoana.

“Hinemoana” é uma entidade na mitologia Maori associada ao oceano. “te tī, te tā” é uma expressão Maori que não tem um equivalente exato em português. É uma expressão usada para indicar um processo em andamento ou um ritmo contínuo. Também pode ser usado para se referir à passagem do tempo.

Incrível, não? Hum… Não exatamente. De acordo com o Te Aka, dicionário neozelandês de maori, “te tī, te tā” significa “em todas as direções”, que encaixa melhor na tradução. Sempre cheque as afirmações categóricas do ChatGPT. Pois quando ele erra, o faz com convicção.

7 – Peça para o ChatGPT organizar sua vida

Em um estudo de 2022, economistas da OCDE testaram quais habilidades humanas as IAs conseguem replicar – ou nos superar. Uma das categorias em que os robôs se deram melhor foi a “priorização de tarefas e agendamento”.

“Agendar trabalho e atividades parece ser um problema perfeito para a IA”, escreveram os pesquisadores. Motivo: humanos não lidam bem com isso. Tendemos a ficar ansiosos diante de um amontoado de tarefas, e isso afeta nossa capacidade de planejar o dia decentemente.

Terceirizar essa tarefa ao ChatGPT, então, pode ser uma boa. Lembre-se de pedir pausas, caso o robô não as inclua automaticamente. Veja abaixo.

Usuário:: Hoje preciso participar de uma reunião das 10h às 10h30, ligar para dois clientes, escrever uma newsletter (1h30), marcar uma consulta no médico, terminar um relatório (30 min) e estudar inglês (1h). Pode organizar minha agenda? Quero acordar às 8h e terminar de trabalhar às 17h.

ChatGPT: Claro, considerando o tempo estimado para cada tarefa e a necessidade de pausas, aqui está uma sugestão para a organização do seu dia:

08h00 – 08h30: Acorde e se prepare para o dia.
08h30 – 09h30: Sessão de estudos de inglês.
09h30 – 10h00: Faça uma pausa antes da reunião.
10h00 – 10h30: Participação na reunião.
10h30 – 11h00: Ligue para os clientes.
11h00 – 12h00: Inicie a escrita da newsletter.
12h00 – 13h00: Pausa para o almoço.
13h00 – 14h00: Volte a trabalhar na newsletter.
14h00 – 15h00: Relatório.
15h00 – 15h30: Marque uma consulta com o médico.
15h30 – 16h00: Faça uma pequena pausa.
16h00 – 16h30: Finalize o relatório.
16h30 – 17h00: Revise o relatório e prepare-se para encerrar o dia de trabalho.

Mais: precisa marcar várias reuniões com diferentes pessoas da equipe, e não quer perder tempo quebrando a cabeça em como encaixar a agenda de todo mundo? Copie e cole o calendário de cada membro, explique quantas reuniões precisa marcar e quem tem que estar presente em cada uma delas. Ele vai analisar os horários livres de todos e sugerir uma programação para você.

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(Weberson Santiago/VOCÊ S/A)

8 – Peça ideias ao ChatGPT de como usá-lo

O conselho mais valioso é: explore. Como já dissemos, vale a pena passar algum tempo conversando com ele sobre o mesmo assunto para deixar as respostas mais acuradas.

E, se você ficar sem ideias, pergunte ao próprio ChatGPT como você pode usá-lo melhor. Sim. Ninguém o conhece como ele mesmo, e dicas de prompts não faltam. Veja abaixo.

Usuário:: Sou um profissional de RH e quero usar o ChatGPT no meu trabalho. Me dê exemplos de cinco situações em que posso utilizá-lo, e quais prompts usar.

ChatGPT: Claro, ficarei feliz em fornecer alguns exemplos de como você pode usar o ChatGPT como profissional de RH. Lembre-se de que esses prompts podem ser adaptados para se adequar ao seu contexto específico.

Revisão de documentos: “Como posso melhorar esta descrição de cargo para torná-la mais atraente aos candidatos?”
Treinamento e Desenvolvimento: “Preciso de um plano de desenvolvimento de liderança. Pode sugerir um modelo?”
Política de RH: “Explique a importância e os elementos essenciais de uma política eficaz de assédio no local de trabalho.”
Aconselhamento de carreira: “Como posso aconselhar um funcionário que está procurando crescer em sua carreira, mas não sabe por onde começar?”
Gerenciamento de conflitos: “Preciso de conselhos sobre como lidar com um conflito entre dois membros da equipe. O que devo considerar?”

Lembre-se de que o modelo de linguagem não pode fornecer aconselhamento jurídico e é sempre recomendável consultar um especialista ou advogado quando se trata de questões legais.

Opa. Valeu pelo toque. 😉

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