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Vale3 sobe mais 10% com China. Alta já soma 22% em 6 pregões

Relaxamento na política chinesa de Covid zero faz a festa do minério. Adiamento da PEC da Transição traz um respiro para a bolsa, que fecha em 2,26%. Mas não para os juros.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 11 nov 2022, 18h44 - Publicado em 11 nov 2022, 18h39

Quem estava achando a Vale subvalorizada no começo do mês pensou certo. VALE3 estava a R$ 67,15 no dia 3 de novembro. Isso conferia à mineradora um P/L minúsculo, de 2,74 – bem abaixo de sua média histórica, que é em torno de 10. 

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O P/L, vale lembrar, é a divisão do valor de mercado (P, de “preço”) pelo lucro dos últimos 12 meses (L). Quanto menor for o resultado, mais barata está a ação, independentemente do valor nominal dela: um papel que custe R$ 80 de uma empresa com P/L de 3 é muito mais barato que uma acão de R$ 3,50 de uma companhia com P/L de 190 (caso da Magalu). 

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Bom, do dia 3 de novembro para cá a Vale subiu 22,5%. 10,4% só nesta sexta, saltando para R$ 82,30. Cortesia da China. No dia 4 novembro a Bloomberg noticiou que o governo Chinês pretendia aliviar sua política de Covid zero. A expectativa deu um gás para os preços do minério de ferro e para as ações das gigantes da mineração global – clube do qual a Vale faz parte. Desde então, contando hoje, BHP subiu 21%, Rio Tinto, 22%. 

E hoje o que era boato virou fato. A China anunciou o afrouxamento de certas restrições. As mais importantes são:

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Pois é. Não se trata exatamente de uma revolução. Mas pelo menos sinaliza uma baixada de bola nas medidas orwellianas do governo – medidas que funcionam como um freio de mão para a economia chinesa. E para o mercado de minério de ferro, lógico, já que o país que compra sozinho 70% das exportações globais da matéria prima do aço. 

Bom, mesmo com as altas de hoje e do mês, a Vale segue com um P/L relativamente baixo: 3,25%, versus 6 da Rio Tinto e 7 da BHP. Então quem pensa que os R$ 82,30 de agora já são muito para a Vale pode estar pensando errado. A ver.

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O anúncio chinês colocou boa parte da turma da mineração/siderurgia entre as maiores altas desta sexta (veja lá em baixo). 

Fora desse grupo, destaque para a JBS: alta de 11,92% depois de anunciar dividendos de R$ 1 por ação relativos ao terceiro trimestre (lucro de R$ 4,013 bilhões – 1,6% acima do 2T22, ainda que 47% abaixo do 3T21).

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E destaque negativo para a Magalu. Novo tombo, agora de -13,07%, depois de apresentar um prejuízo de R$ 166,8 milhões no trimestre, ante um lucro de 143,5 milhões para o mesmo período do ano passado.     

PEC da Transição

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O dia não foi positivo só para Vale e cia. A PEC da Transição, que a princípio retiraria do teto de gastos as despesas com o futuro Bolsa Família, seria enviada hoje ao Congresso. Mas o comitê responsável pela troca da guarda em Brasília anunciou nesta manhã que o texto final fica para a semana que vem – provavelmente para a quarta pós-feriado. 

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O mercado não achou ruim: alta de 2,26% no Ibovespa nesta sexta, devolvendo parte das perdas de ontem (-3,35%).

Motivo: o adiamento alimenta a expectativa de que o time de Lula torne a PEC menos inimiga da responsabilidade fiscal do que a fala de Lula ontem deu a entender na quinta-feira. 

A fala: “Por que as pessoas são levadas a sofrer por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país? Por que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gasto, que é preciso fazer superávit, que é preciso fazer teto de gasto?”

Mais tarde, o ex-presidente do BC Armínio Fraga respondeu à perguntas retóricas de Lula na Folha:   “Estabilidade fiscal significa menos incerteza e juros mais baixos, o que gera mais investimento e mais crescimento. Simples assim. E mais, acompanhada de transparência, aumenta a chance de os recursos beneficiarem os mais pobres. O descontrole fiscal contribui também para a volta da inflação. Outra vez, quem perde mais são os mais pobres.”

Não há o que acrescentar. Tanto que os juros já responderam. A taxa do IPCA+2035 atravessou a linha vermelha dos 6% de juro real (acima da inflação) hoje. E seguiu para o alto e avante nesta sexta: 6,11%. Ou seja: quem comprou a taxas menores e precisa vender hoje vai perder dinheiro. 

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O lado meio cheio do copo: quem comprar sob essa taxa ganha de presente um juro real de garantir a aposentadoria. Ponto para os “rentistas”. 

Para os mais pobres, como disse Armínio, restará sofrer com a inflação, o grande efeito colateral do gasto público irresponsável.  

Bom fim de semana!

Maiores altas

CSN (CSNA3): 16,81%

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JBS (JBSS3): 11,92%

Usiminas (USIM5): 10,58%

Minerva (BEEF3): 10,49% 

Vale (VALE3): 10,40%

Maiores baixas

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Magalu (MGLU3): -13,07%

Locaweb (LWSA3): -9,82%

Cogna (COGN3): -5,68%

B3 (B3SA3): 5,48%

Via (VIIA3): 5,43%

Ibovespa: 2,26%, a 112.253 pontos

Em NY:

S&P 500: 0,93%, a 3.993 pontos

Nasdaq: 1,88%, a 11.323 pontos

Dow Jones: 0,10%, a 33.750 pontos

Dólar: -1,17, a R$ 5,33

Petróleo

Brent: 2,42%, a US$ 95,99

WTI: 2,88%, a US$ 88,96%

Minério de ferro: 5,04%, a US$ 99,52 a tonelada na bolsa de Dalian

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