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S&P 500 se prepara para entrar no bear market

Previsões de recessão em 2023 crescem e espalham apocalipse pelo mercado. Bitcoin cai 10% e fica abaixo dos US$ 25 mil.

Por Tássia Kastner
Atualizado em 13 jun 2022, 08h29 - Publicado em 13 jun 2022, 08h20

É como uma cena de filme de terror, dessas que ou você é corajoso ou fecha o olho por uns minutos até que o pior passe. O problema é que não dá para saber quanto tempo vai durar.

Os futuros das bolsas americanas começam o dia indicando uma cena digna de “O Massacre da Serra Elétrica”. Os futuros do S&P 500 recuam mais de 2% nesta manhã, um mergulho capaz de jogar o principal índice de ações do mundo no bear market.

Bear market é uma espécie de marca psicológica atingida quando um índice – ou uma ação – cai 20% desde o pico recente. O índice Nasdaq já caiu mais que esse tanto, mas o S&P 500 vinha se segurando.

Isso foi até sexta, quando os Estados Unidos mostraram que a inflação do país continua acelerando. Em maio, os preços subiram 1% e a alta acumulada no ano ultrapassou a marca de 8,6%, isso enquanto o mercado esperava uma desaceleração. 

O movimento redobrou as apostas em uma alta de juros mais intensa do Fed (Federal Reserve, o BC americano) nos próximos encontros. Os banqueiros americanos se reúnem nesta semana, com decisão esperada para a quarta-feira. 

Para a quarta, espera-se um anúncio de alta de 0,50 ponto percentual de juros, o que levaria os juros dos EUA para o teto de 1,50% ao ano. 

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É muito difícil que Jerome Powell (o presidente do Fed) e seus colegas mudem de direção na quarta. O foco é o que ele anunciará para os próximos encontros e o quão preocupado ele está com a inflação e se ele está disposto a ser mais agressivo na subida de juros.

O efeito colateral tende a ser devastador. Por dois motivos: primeiro, a alta de juros existe para combater a inflação tirando dinheiro da economia. Tende a ser mais efetivo quando a inflação está alta porque as pessoas estão gastando muito.

O problema é que um dos principais problemas da economia global agora é uma inflação causada pelo aumentos dos preços dos alimentos e dos combustíveis. Até é possível controlar a inflação tirando dinheiro da economia, mas isso significa que ainda menos gente terá dinheiro para comprar alimentos a preços estratosféricos.

Não só isso. Baixar a inflação causada por problemas de oferta tende a jogar o mundo em uma recessão.

Em um mundo em recessão, empresas lucram menos. Daí que faz todo o sentido o filme de terror nos mercados nesta semana.

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Aqui no Brasil, as coisas não estão tão diferentes assim. O nosso Banco Central também se reúne essa semana e era esperado o último aumento da Selic, que deve ser elevada em 0,50 ponto percentual, para 13,25%. Agora, economistas já não acreditam que será o bastante.

O massacre nos mercados deu uma nova paulada nas criptomoedas. O bitcoin cai 10% nesta manhã e opera abaixo dos US$ 25 mil pela primeira vez desde dezembro de 2020. A explicação está mais para um dilema de Tostines: agora, o motivo seria a suspensão dos saques na plataforma Celsius. Mas o bloqueio veio, claro, após o início do tombo nas criptos, a mesma tendência do mercado em geral.

É um dia para quem curte filmes de terror. Bons negócios.

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Humorômetro - dia com tendência de baixa
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Futuros S&P 500: -2,19%

Futuros Nasdaq: -2,72%

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Futuros Dow: -1,79%

*07h56

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): -2,28%

Bolsa de Londres (FTSE 100): -1,74%

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Bolsa de Frankfurt (Dax): -2,06%

Bolsa de Paris (CAC): -2,16%

*às 07h52

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 1,17%

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Bolsa de Tóquio (Nikkei): -3,01%

Hong Kong (Hang Seng): -3,39%

Commodities

Brent*: -1,45%, cotado a US$ 120,24

Minério de ferro: -3,79% em Cingapura, cotado a US$ 134,70 por tonelada

*às 07h55

Agenda

7h30 Roberto Campos Neto participa, por videoconferência, de reunião do Banking and Risk Management Committee (BRC), promovida pelo BIS 

9h Paulo Guedes se reúne, em Brasília, com o presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz França. Setor sofre com a alta de juros e aumento nos insumos.

15h Balança comercial de maio 

market facts

Estrago no varejo

Se você acha o tombo das big techs exagerado, experimente olhar para o setor de varejo. O índice MSCI World Retailing, que inclui empresas como Amazon, Target e Zalando acumula tombo de 30% em 2022, uma queda ainda maior que os 24% do índice da MSCI para empresas tech. Com a recessão virando a esquina, as pessoas terão ainda menos dinheiro para consumo. Mas, se você é brasileiro, sabe bem como isso funciona. As ações da Magazine Luiza (MGLU3) acumulam queda de 57% no ano, seguida pela baixa de 43% dos papéis da Via (VIIA3). O setor já havia liderado as perdas de 2021.

Vale a pena ler:

Agromoney

O agro responde por 27% do PIB, mas a presença do setor na bolsa ainda é tímida. Esse cenário está mudando, porém. Em 2021, surgiram os Fiagros, voltados para o público dos FIIs, e várias empresas e várias empresas do ramo fizeram seus IPOs. Descubra como investir no agro e o que esperar desse mercado na reportagem de capa da Você S/A deste mês.

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