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S&P 500 cai 4,64% na semana. Ibovespa, mesmo com a queda de hoje, fecha o período em alta: 2,23%

Sangria desatada nas bolsas deixa claro que o momento é grave para a economia global, com inflação fora de controle e perspectiva de recessão mundo afora. O Brasil, porém, surfa melhor nessa lava. Entenda.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 23 set 2022, 17h38 - Publicado em 23 set 2022, 17h35

O Brasil está colhendo os frutos de uma decisão acertada do Banco Central: ter começado a alta nos juros um ano antes de seus pares nos EUA e na Europa. 

Apesar da queda de 2,06% nesta sexta, o Ibovespa fechou a semana no verde: 2,23%, a 111.716 pontos, versus um tombo de 4,64% no S&P 500, o mais importante dos índices americanos, e de 4,3% no EuroStoxx. que reúne as euro-ações mais negociadas.

O que os juros têm a ver com isso: o Brasil, aparentemente, está conseguindo domar sua inflação. O pico rolou no já distante mês de Abril: 12,13% em 12 meses. Hoje, estamos em 8,73%. 

Isso permitiu ao BC acenar para o mercado com o provável fim do ciclo de altas – ao manter a Selic em 13,75% na última reunião do Copom – primeira manutenção da taxa desde março de 2021 (quando as altas começaram para combater uma inflação ainda nascente, de 6%).

EUA e Europa preferiram acreditar que a inflação global seria um fenômeno passageiro. Que os preços baixariam por mágica. Ou, mais precisamente, por conta do fim do choque de oferta da pandemia e esperando por um crescimento econômico fora da curva. 

O que gera inflação é o excesso de dinheiro em circulação. PIBs em crescimento e oferta ampla absorvem o excesso de grana. É assim que uma economia cresce – produzindo mais coisas, não mais dinheiro. 

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Só que a alta na produção de coisas não bastou para fazer frente aos caminhões pipa de grana que os bancos centrais dos EUA e da Europa continuaram soltando em suas economias mantendo seus juros perto de zero 2021 adentro, e parte de 2022 também.

Resultado: inflação fora de controle. Nos EUA, o índice em 12 meses é até menor que o brasileiro, mas trata-se de um abuso para um país desacostumado com inflação acima de 2% ou 3%. O índice por lá está em 8,3% – ainda próximo do pico deles, que foi dfe 9,1%, num não tão distante junho. 

Idem para a Europa. A zona do Euro, ainda menos acostumada com altas nos preços que os EUA, passa por uma inflação de 9,1% – mais alta que a nossa. O Reino Unido pior ainda: 9,8%. 

E agora o mundo desenvolvido passa por um dilema. O PIB da zona do euro empacou, e o dos EUA começou a cair. Seria do jogo, não fosse o problema da inflação. Para combatê-la, os juros terão de subir com força. Só que o efeito colateral de juros em alta é justamente criar recessão. 

Ou seja: se há um momento ruim para subir juros, é este – um momento agravado pelas ameaças nucleares de Putin, que obviamente não ajudam. Como o Brasil começou a subir os seus juros quando o cenário da economia global era mais ameno, agora tem manga para encarar uma recessão mundial sem ter de combiná-la com uma curva ascendente nos juros.  

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Com a queda de hoje (-1,72%, a 3.693 pontos), aliás, o S&P 500 ficou bem próximo de sua pior marca no ano; 3.666 pontos, do dia 16 de junho. E desta vez o Ibovespa pegou o vácuo. 

As maiores quedas foram nas companhias do setor aéreo, que correm riscos sérios num cenário de recessão global, e nas petroleiras (veja abaixo). Sobre a turma do petróleo: é que o temor de uma depressão mundial jogou o preço do barril na vala: -4,7% para o Brent 

Por outro lado, essa é uma ótima notícia para a economia do planeta; petróleo menos caro é um fator chave tanto para escapar de uma recessão como para domar a inflação. Mas hoje não foi um dia de olhar para o lado meio cheio do copo, definitivamente: das 90 ações que fazem parte do Ibovespa, 71 fecharam em baixa hoje. 

Bom, entre as poucas que escaparam do massacre da fuga dos ativos de risco, o grande destaque foi este aqui embaixo.

EQTL3 – a estrela solitária do dia

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A Equatorial (EQTL3) atua na geração, transmissão e distribuição de energia em seis Estados (Pará, Amapá, Maranhão, Piauí, Alagoas e Rio Grande do Sul), e agora partiu para o sétimo, Goiás. 

Hoje pela manhã, ela anunciou a compra da Celg-D, distribuidora de energia elétrica que pertence à italiana Enel e atende 3,3 milhões de clientes em Goiás. Pagou R$ 7,27 bilhões – R$ 1,57 bi em dinheiro mais R$ 5,7 bi em dívidas assumidas.  

Hoje, a Equatorial tem 9,8 milhões de clientes. Com a aquisição da Celg-D, passa para 13,1 milhões, um gordo acréscimo de 33% O mercado entendeu que R$ 7 bilhões saiu barato para uma ampliação desse porte – e num Estado com PIB em franco crescimento: 5,7% no 2T22, pela comparação anual, versus 3,2% da média  nacional. 

Resultado: as ações da empresa subiram 7,51% neste pregão. Com isso, o valor de mercado da Equatorial subiu de R$ 27,5 bilhões para R$ 29,6 bilhões. Ou seja: mesmo com a baixa de R$ 7 bi no balanço, a companhia sextou R$ 2 bi mais valiosa. Parabéns aos envolvidos.

E bom fim de semana.

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Maiores altas
Equatorial (EQTL3): 7,51%
Petz (PETZ3): 4,40%
Fleury (FLRY3): 3,12%
EDP Brasil (ENBR3):2,99%
Hypera Pharma (HYPE3): 1,98%

Maiores baixas
Embraer (EMBR3): – 7,02%
Azul (AZUL4): – 6,87%
Petrobras (PETR3): – 6,81%
Gol (GOLL4): – 6,44%
Petrobras (PETR4): – 6,14%

Ibovespa:  – 2,06%, a 111.716 pontos


Em NY:

S&P 500: – 1,72%, a 3.693 pontos

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Nasdaq: – 1,80%, a 10.867 pontos

Dow Jones: – 1,61%, a 29.592 pontos

 

Dólar: 2,62%, a R$ 5,24


Petróleo

Brent: – 4,76%, a US$ 86,15

WTI: – 5,69%, a US$ 78,74


Minério de ferro:
1,34%, a US$ 101,00 a tonelada, na bolsa de Dalian

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