Qual será a reação do mercado aos terroristas de Bolsonaro em Brasília?

Analistas e gestores minimizavam o risco de os rompantes golpistas do ex-presidente converterem-se em ataques ao país. O terrorismo deste domingo mostra que eles estavam errados.

Por Tássia Kastner, Camila Barros
Atualizado em 9 jan 2023, 14h48 - Publicado em 9 jan 2023, 08h33
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 (Anadolu Agency/Getty Images)
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O Brasil acorda de ressaca depois das cenas de terrorismo protagonizadas por apoiadores de Jair Bolsonaro, uma turba que atenta contra da democracia desde quando o ex-presidente ainda estava no poder.

Sepultar a tentativa de golpe dependerá de reação das instituições, para muito além das notas de repúdio.

Ainda no domingo, o presidente Lula decretou intervenção federal, que permite o uso de forças de segurança nacional em Brasília. A Polícia Militar do DF, sob o comando do governador bolsonarista Ibaneis Rocha, abriu a barreira que bloqueava o acesso à Esplanada dos Ministérios e foi tomar uma água e fazer vídeos da “manifestação”.

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Alexandre de Moraes afastou Ibaneis do cargo por 90 dias, mandou desmontar todos os acampamentos e frente a quartéis e a desativar contas golpistas em redes sociais. O secretário de Segurança do DF, Anderson Torres, foi demitido. Ele está nos Estados Unidos, com Bolsonaro. Há ordem de prisão contra ele.

A PF está investigando quem estava nos atos terroristas em Brasília. Pelo menos 300 pessoas foram presas. Nos EUA, deputados querem que Bolsonaro seja extraditado para o Brasil. 

Por fim, governadores disseram que vão coibir qualquer ato em seus estados. O problema é que há um gap entre o anúncio e a vida real. Bolsonaristas começam a manhã fechando uma pista da Marginal Tietê, em São Paulo. Há bloqueios em estradas de quatro estados. Há ainda temor de que os golpistas fechem o acesso a refinarias, para causar desabastecimento de combustíveis. A Petrobras nega problemas de abastecimento.

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A versão tupiniquim da invasão do Capitólio foi gestada em público. Não se pode falar em surpresa. Como também já não era surpresa alguma que o governo Bolsonaro era ninho de gente contrária à democracia.

Por anos, o mercado financeiro negou que a tentativa de golpe fosse um risco ao país. Quando analistas e gestores eram questionados sobre o pouco apreço que Bolsonaro e seus apoiadores tinham ao Estado Democrático, eles minimizavam o risco de isso se converter em ataques concretos ao país.

O ataque terrorista do domingo mostra que o mercado financeiro falhou em uma de suas tarefas, que é antecipar riscos. 

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O paradoxo aqui é que uma deterioração no mercado financeiro, se prolongada, tem o potencial de piorar as condições da economia sob o governo Lula. A Faria Lima repete que o problema do alto endividamento é deixar uma dívida para o país do futuro. No fundo, é o que pode acontecer agora: a conta do golpismo gestado nos últimos quatro anos está caindo no colo de quem não contratou essa dívida.

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