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Prévia da inflação pressiona, mas Wall Street garante Ibovespa no azul

IPCA-15 teve a maior alta para agosto em 19 anos. Novos recordes nas bolsas americanas, porém, vencem o cabo de guerra entre as boas e as más notícias: alta de 0,5% no Ibov.

Por Juliana Américo, Alexandre Versignassi
25 ago 2021, 18h04

Tem dias que a bolsa de valores mais parece uma disputa de cabo de guerra: notícias positivas e negativas de peso equivalente concorrem para ver quem vai levar a melhor no final do dia. Hoje foi assim.

De um lado, a preocupação com a inflação segurou os ânimos. De outro, o otimismo no mercado internacional, com a expectativa pelo Simpósio de Jackson Hole – evento realizado anualmente pelo Federal Reserve, o banco central americano, e que pode trazer boas notícias para o mercado. 

O IPCA-15, que é a prévia para a inflação do mês de agosto, foi a 0,89% – é o maior resultado para o mês desde 2002. E 0,17 ponto percentual acima da taxa de julho (0,72%).

Caso agosto feche mesmo nesse patamar, teremos uma inflação de 5,81% no ano – e de 9,30% para os últimos 12 meses, já roçando a linha vermelha dos dois dígitos. Linha que as capitais já atravessaram… Os dados regionais mostram isso para Porto Alegre (10,37%), Goiânia (10,67%), Fortaleza (11,37%) e Curitiba (11,43%). 

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo levantamento do IBGE, oito tiveram alta de preço. O destaque ficou com Habitação (+1,97%), seguido por Transportes (+1,11%). Essas categorias foram especialmente influenciadas pela alta na energia elétrica e na gasolina. 

No caso da energia, a alta foi de 5% – algo estrondoso para um único mês. Os preços dos combustíveis subiram um pouco menos, mas ainda assim pesados. A gasolina registrou alta de 2,05%, seguida pelo etanol (+2,19%) e pelo diesel (+1,37%).

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O grupo Saúde e cuidados pessoais foi o único que apresentou queda (-0,29%) em relação a julho.

De olho em Jackson Hole

A salvação veio dos EUA. Amanhã começa o simpósio de Jackson Hole e o mercado acredita que Fed vá aproveitar o encontro para detalhar seus planos para a redução de estímulos monetários, que vem injetando US$ 120 bilhões mensalmente no sistema financeiro. A expectativa dos investidores é a de que essa redução aconteça em marcha lenta – o que, em tese, afetaria pouco as bolsas (caso a economia americana siga bem).

O dia mais esperado é a sexta, dia do discurso de Jerome Powell, presidente do Fed. Enquanto o simpósio não começa, o mercado surfa na expectativa de uma declaração mercado-friendly de Powell. E Wall Street fechou o dia no positivo, renovando pela enésima vez no ano seus recordes históricos de pontuação: o Nasdaq avançou 0,15%, aos 15.041 pontos. Já o S&P 500 subiu 0,22%, aos 4.496 pontos. 

E os bons ventos do sul de Manhattan bateram por aqui também. Depois de passar a manhã toda no negativo digerindo os dados do IPCA-15, a bolsa brasileira subiu 0,49%, aos 120.817 pontos. 

Papel e Celulose

No primeiro trimestre, os preços da celulose (matéria-prima para a produção de papel) atingiram níveis recordes. Em maio, o produto chegou ao patamar dos US$ 1.000 por tonelada.

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De lá para cá, houve uma desaceleração nos preços, pressionados pela queda nos pedidos da China. Mas parece que a recuperação está próxima. De acordo com o site Investing .com, um relatório do Morgan Stanley indicou que os valores voltam a subir no quarto trimestre acompanhando um aumento sazonal da demanda. 

Isso garantiu a posição de maiores altas para as empresas do setor de papel e celulose. A Suzano subiu 5%, enquanto as ações da Klabin valorizaram 3,62%. Coisa rara de acontecer em dia de queda no dólar, já que boa parte das receitas deles vem dos EUA – igual aconteceu hoje com o Ibovespa 🙂     

Maiores altas

Suzano: 5,01%

Tovts: 4,37%

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Klabin: 3,62%

CVC: 3,59% 

Braskem: 3,57%

Maiores baixas

Banco Inter: -4,39%

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CSN: -2,33%

Americanas: -1,91%

Lojas Americanas: -1,19%

PetroRio: -1,05%

Ibovespa: alta de 0,49%, aos 120.817 pontos

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Em NY:

S&P 500: alta de 0,22%, aos 4.496 pontos

Nasdaq: alta de 0,15%, aos 15.041 pontos

Dow Jones: alta de 11%, aos 35.403 pontos

Dólar: baixa de 0,97%, a R$ 5,2113

Petróleo

Brent: alta de 1,69%, a US$ 72,25

WTI: alta de 1,21%, a US$ 68,36

Minério de ferro: alta de 1,73%, US$ 148,66 no porto de Qingdao (China)

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