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Plano de criação de moeda para transações entre Brasil e Argentina não é um euro

Com feriado na Ásia, investidores se ocupam de problemas ocidentais. E bilionários do 3G Capital se pronunciam pela primeira vez sobre crise na Americanas (AMER3).

Por Tássia Kastner, Camila Barros
Atualizado em 21 out 2024, 10h42 - Publicado em 23 jan 2023, 07h56
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 (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Bom dia!

É feriado de Ano-Novo Lunar na China e em outros países asiáticos. Os festejos seguem durante toda a semana, o que deixará investidores mais focados no mundo ocidental. Aqui na nossa América do Sul não tem faltado material.

No final de semana, o Financial Times publicou uma reportagem detalhando mais uma vez o tal plano de criação de uma moeda “única” para Brasil e Argentina. Apesar do texto, baseado em declarações do ministro da Economia argentino, Sergio Massa, aparentemente o plano não é criar um “euro” latino.

Aparentemente por causa do seguinte: toda vez que a história vem à tona, os argentinos dizem que está em discussão uma moeda única, e os brasileiros dizem que não é isso. Vira um papo de louco.

Do lado brasileiro, o que se discute é a manutenção do real e do peso, mas a existência de uma terceira moeda de transações internacionais. O foco aqui é permitir o comércio internacional entre os dois países sem a necessidade de ter dólares em caixa – o que faz sentido, já que há anos a Argentina sofre com escassez de reservas.

Nesta segunda, o presidente Lula estará na Argentina para sua primeira viagem internacional. Lá ele deve falar sobre o tema.

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Mesmo que Lula anuncie, ao lado do presidente argentino, Alberto Fernández, os estudos da criação da “sur” (como a moeda foi chamada por Massa), ainda assim se trata de um plano de longuíssimo prazo. 

A ansiedade em torno do tema mostra que o mercado financeiro está com dificuldades de encontrar notícias positivas. E, justiça seja feita, o governo tem colaborado com a confusão ao brigar com a autonomia do Banco Central.

De qualquer maneira, não é só a Faria Lima que anda meio sem rumo. Nos EUA, os futuros começam o dia virando para o negativo. A reunião do Fed (o BC dos EUA) para decidir a nova taxa de juros é só na próxima semana, mas investidores devem passar os próximos 10 dias neste samba de uma nota só.

E há ainda a novela Americanas. 

A carta do 3G 

O trio de sócios Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira precisou de 12 dias para se pronunciar pela primeira vez sobre o escândalo da Americanas (AMER3), que entrou em recuperação judicial após a descoberta de R$ 20 bilhões em fraude contábil. Em nota publicada no domingo à noite, os acionistas de referência da companhia fizeram a linha não devo, não temo. 

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“Jamais tivemos conhecimento e nunca admitiríamos quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia”, escreveram. E jogaram a bomba nas mãos dos bancos e da PwC, auditoria responsável por confirmar as informações dos balanços da empresa. 

“Contávamos com uma das maiores e mais conceituadas empresas de auditoria independente do mundo, a PwC. Ela, por sua vez, fez uso regular de cartas de circularização, utilizadas para confirmar as informações contábeis da Americanas com fontes externas, incluindo os bancos que mantinham operações com a empresa. Nem essas instituições financeiras nem a PwC jamais denunciaram qualquer irregularidade”, afirmaram.

Os bilionários também disseram lamentar as perdas sofridas por investidores e credores, “lembrando que, como acionistas, fomos alcançados por prejuízos”. 

A crise da Americanas colocou em xeque a reputação dos bilionários, que investem juntos há mais de 40 anos com a 3G Capital. O trio é também acionista da Kraft Heinz, que chegou a pagar multa à SEC (a CVM dos EUA) por fraudes contábeis. 

E a crise de imagem atinge também a Ambev. Desde o dia 11, as ações da empresa caíram 5%. 

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E assim começamos mais uma semana. Bons negócios.

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Humorômetro - dia com tendência de baixa

Futuros do S&P 500: -0,10% 

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Futuros do Dow Jones: -0,01%

Futuros do Nasdaq: -0,10%

*às 7h48

market facts

Google entra pro clube de demissões 

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A Alphabet, controladora do Google, anunciou que vai demitir 12 mil funcionários – o equivalente a 6% da força de trabalho da companhia. Sundar Pichai, o CEO, disse que a empresa expandiu rápido demais durante a pandemia, quando o setor viveu um boom de demanda por equipamentos e serviços digitais. Agora, segundo o executivo, a empresa deve focar em produtos essenciais para o seu futuro, como a inteligência artificial. Depois do anúncio, as ações GOOG (equivalentes a ações preferenciais) fecharam em alta de 5,71%. Os papéis GOOGL (equivalentes a ações ordinárias) subiram 5,34%. 

O corte acompanha outras centenas de demissões em massa que vêm acontecendo desde o ano passado no setor de tecnologia. Na semana passada, Amazon e Microsoft também demitiram. Somadas, as três gigantes cortaram 40 mil empregos. 

Agenda

8h25 Boletim Focus

12h Índice de confiança do consumidor na zona do euro de janeiro

14h25 Discurso da Presidente do BCE, Christine Lagarde, na Recepção Anual da Bolsa da Alemanha

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,10%

Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,12%

Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,03%

Bolsa de Paris (CAC): -0,08%

*às 7h42

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): Feriado de Ano Novo Lunar

Bolsa de Tóquio (Nikkei): 1,33%

Hong Kong (Hang Seng): Feriado de Ano Novo Lunar

Commodities

Brent*: 0,59%, a US$ 88,15 por barril

Minério de ferro: -0,20%, a US$ 126,05 por tonelada em Singapura

*às 7h43

Vale a pena ler:

Entretenimento hightech 

A Disney é a empresa de entretenimento mais bem sucedida da história. Quase centenária, ela conseguiu atrair a atenção (e a carteira) de cada nova geração até aqui. Mas seu império vem passando por uma crise. Incertezas sobre os lucros futuros da companhia vem transformando suas ações em uma montanha-russa. Crises semelhantes estão ocorrendo em outras importantes gigantes do entretenimento, como Warner Bros e Netflix. A The Economist conta como as mudanças tecnológicas têm afetado os negócios do setor.   

266% do PIB

A dívida pública do Japão é de  US$ 9,2 bilhões – o equivalente a 266% do PIB. Isso faz dele o país mais endividado do mundo. Ainda assim, o governo japonês continua conseguindo se financiar por meio de investidores locais e internacionais que compram essa dívida. Nesta reportagem, a BBC explica de onde vem o rombo nas contas públicas japonesas e porquê os investidores continuam confiando (e emprestando) para o país. 

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