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Americanas entra com pedido de recuperação judicial

Dívida informada é de R$ 43 bilhões. Ação despenca e entra em leilão.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 19 jan 2023, 14h57 - Publicado em 19 jan 2023, 09h57

A Americanas (AMER3) protocolou um pedido de recuperação judicial no início da tarde desta quinta-feira. O valor total da dívida informado é de, aproximadamente, R$ 43 bilhões e, também de forma aproximada, são 16.300 credores.

Após o pedido, as ações da companhia recuaram 24,71%, para R$ 1,31, e entraram em leilão.

Hoje pela manhã, o novo presidente da Americanas, João Guerra, confirmou a notícia dada ontem, às 17h45, pelo Valor: a de que a companhia tem apenas R$ 800 milhões em caixa para as despesas mais imediatas e dívidas com vencimento próximo, e não R$ 7,8 bilhões, como o antigo CEO, Sergio Rial, tinha divulgado. 

Desses R$ 7,8 bi, R$ 3 bi eram recebíveis de clientes que seriam adiantados por bancos – algo que não vai mais ocorrer, dada a quebra de confiança entre a companhia e sistema bancário. 

Outro R$ 1,4 bilhão que a Americanas tinha em suas contas no BTG (R$ 1,2 bi) e no Banco Votorantim (R$ 0,2 bi) foram bloqueados pela justiça, a pedido das instituições.  

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R$ 1 bilhão do montante estão em aplicações sem liquidez imediata (que não têm como serem sacadas na hora). 

Dos R$ 2,4 bi que restavam, R$ 1,6 bi já foi consumido pelas operações normais da companhia neste mês.

Total: R$ 7 bilhões. Agora restam R$ 800 milhões – o que não basta para que a empresa siga de pé sem um programa de recuperação judicial.  

Para o investidor comum, o maior baque tem sido nos fundos DI que carregam debêntures da Americanas na carteira. Mesmo aqueles vendidos pelos bancos como de risco baixíssimo, bons para reserva de emergência e nada mais, sofrem quedas. O Itaú Priviledge DI, por exemplo, caiu 0,70% da quinta passada até ontem. O NU Reserva Imediata, -1,05%.

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Entre 2011 e 2021, a Americanas teve prejuízo em todos os anos, menos um. Em valores nominais (não corrigidos pela inflação) a perda foi de R$ 2,28 bilhões. 

Nos últimos 10 anos, a Americanas pagou R$ 700 milhões a seus executivos.    

“A operação do Grupo Americanas sempre foi saudável, tendo se mantido dessa forma até uma semana atrás, quando a Companhia ainda era vista como uma sociedade sustentável e muito promissora. Porém, por razões inesperadas e que abalaram toda a estrutura do grupo, as Requerentes viram o seu caixa e expectativas de faturamento ruírem em questão de minutos”, diz o pedido de RJ.

Na semana passada, Rial divulgou que a companhia tinha “inconsistências contábeis” da ordem de R$ 20 bilhões. Desde então, os papéis da companhia despencaram e bancos bloquearam dinheiro em contas da empresa.

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“Ainda é cedo para precisar o que aconteceu e quem são os efetivos responsáveis por esse infortúnio”, afirmam os advogados da companhia no documento.

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