Petrobras e Vale salvam Ibovespa do mau humor americano

Bolsas em Nova York voltam a cair com medo da guerra e do Fed. Dólar despenca e fecha abaixo dos R$ 5 pela primeira vez em nove meses.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 21 mar 2022, 18h11 - Publicado em 21 mar 2022, 17h58
-
 (Brenna Oriá/VOCÊ S/A)
Continua após publicidade

Segundas-feiras já não costumam ser muito propícias para o bom humor – ainda mais quando uma guerra está acontecendo. O mercado americano começou a semana com humor azedo, já que o conflito na Ucrânia não dá sinais de trégua. O preço do petróleo voltou a subir, reacendendo temores inflacionários no mundo todo e colocando as bolsas no vermelho lá em Nova York. Por aqui, porém, a disparada da commodity ajudou a garantir a alta do Ibovespa: 0,73%, aos 116 mil pontos, maior patamar desde setembro de 2021.

No mercado internacional, o petróleo tipo Brent disparou 7,12%, a US$ 115,62 por barril, após a notícia de que países da União Europeia estão começando a considerar um embargo ao petróleo russo, segundo diplomatas do bloco envolvidos nas negociações. Um boicote total no estilo adotado pelos americanos, porém, ainda é improvável, já que cerca de um quarto do petróleo do velho continente vem da Rússia – nos EUA, esse número ronda os 8%. Mesmo assim, um embargo parcial já causaria um estrago e tanto.

Ruim para as bolsas americanas, que temem a inflação que vem dos maiores custos dos combustíveis. Mas bom para o Ibovespa: com a alta do petróleo, os papéis da Petrobras – que juntos têm o segundo maior peso no índice – figuraram nas maiores altas do dia: PETR4 3,76%, PETR3 3,35%. 3R Petroleum e Petrorio também subiram: 3,70% e 1%, respectivamente.

No caso da Petro, o mercado também reagiu às falas de Jair Bolsonaro, que, em entrevista à Jovem Pan, descartou a possibilidade de interferência na estatal – isso após um histórico de falas dúbias sobre o assunto, que já assustaram o mercado antes, mas que investidores aprenderam a ignorar. O presidente, por sua vez, culpou a alta dos preços dos combustíveis na corrupção de governos passados e no ICMS.

Minério de ferro, Vale e dólar

Não foi só o petróleo: as altas nas ações do poderoso setor de mineração e siderurgia também ajudaram a sustentar o Ibov no azul. O destaque aqui ficou para a Vale, a toda-poderosa do índice, que subiu 2,83% nesta segunda-feira. Também figurou entre as maiores altas a Bradespar, que detém 3,3% da Vale.

Continua após a publicidade

Hoje, o preço do minério de ferro teve uma alta modesta no porto chinês de Qingdao:  0,63%, cotado a US$ 150,59 por tonelada. As expectativas do mercado, porém, são de um bom ano para a commodity, com a aposta de que o governo chinês será generoso nos estímulos à economia, ainda mais agora que o país passa por lockdowns em alguns locais para conter surtos de Covid. Nesta madrugada, o governo da China anunciou que manteve os juros inalterados no país pelo segundo mês seguido.

Nisso, a bolsa brasileira, rica em ações ligadas ao minério e ao petróleo, se tornou atrativa para investidores estrangeiros, que continuam injetando dinheiro aos montes por aqui. Só na última quinta-feira, por exemplo, os gringos colocaram R$ 1,68 bilhão na bolsa brasileira, segundo dados da B3. Com isso, mesmo com a guerra, o dólar despencou 1,42% e fechou a R$ 4,9445, furando a barreira dos R$ 5 pela primeira vez desde junho do ano passado.

Powell, do Fed, volta a assustar

Nos EUA, não foram só os temores com a guerra que fizeram as bolsas fecharem no vermelho. À tarde, o presidente do Fed, Jerome Powell, levantou a possibilidade de acelerar o aumento de juros no país. Espera-se que o banco central americano suba a taxa em mais seis ocasiões ainda este ano, mas Powell garantiu que esses aumentos podem eventualmente ser de 0,5 pontos percentuais, e não 0,25, caso a inflação teime em se manter alta.

O mercado recebeu a mensagem com cautela. Powell, que sempre manteve um perfil considerado pró-mercado e defendeu um desmame gradual, parece ter mudado o discurso para uma versão mais agressiva. Admitiu, por exemplo, que o Fed errou ao considerar que a inflação no pós-pandemia seria apenas temporária. E garantiu que, agora, fará de tudo para domá-la. O lado bom é que, segundo ele, os aumentos nos juros não devem levar a economia americana a uma recessão, já que o mercado de trabalho está a todo vapor por lá.

Continua após a publicidade

Com a fala mais agressiva de Powell, os juros dos Treasuries, os títulos públicos dos EUA, subiram, e as bolsas aprofundaram as perdas. Por aqui, os juros futuros subiram enquanto todo mundo espera a ata do Copom, que será divulgada amanhã – assim como os americanos, os investidores brasileiros querem saber até quando o BC vai continuar subindo juros. A ver.

Até amanhã!

Compartilhe essa matéria via:

MAIORES ALTAS

Petrobras PN (PETR4): 3,76%
3R Petroleum (RRRP3): 3,70%
Bradespar (BRAP4): 3,49%
Petrobras (PETR3): 3,35%
Vale (VALE3): 2,83%

Continua após a publicidade

MAIORES BAIXAS

Banco Inter, Units (BIDI11): -8,88%
Dexco (DXCO3): -4,42%
Braskem (BRKM5): -3,79%
Petz (PETZ3): -3,76%
Suzano (SUZB3): -3,70%

Ibovespa: 0,73%, aos 116.154 pontos

Em Nova York

S&P 500: -0,04%, aos 4.461 pontos
Nasdaq: -0,40%, aos 13.838 pontos
Dow Jones: -0,58%, aos 34.552 pontos

Dólar: -1,42%, a R$ 4,9445

Continua após a publicidade

Petróleo

Brent: 7,12%, a US$ 115,62
WTI: 6,67%, a US$ 109,97

Minério de ferro: 0,63%, negociado a US$ 150,59 por tonelada no porto de Qingdao (China)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 6,00/mês*

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.