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Petrobras baixa o preço da gasolina, e não deixa o Ibovespa subir

Papéis da estatal recuam 2,36% e freiam o índice, que não consegue acompanhar as altas de NY. Braskem salta 6,43% com rumores de um novo comprador.

Por Júlia Moura
Atualizado em 15 jun 2023, 18h21 - Publicado em 15 jun 2023, 18h00

Depois de subir quase 10% neste começo de mês, o Ibovespa perdeu o fôlego e fechou meio que no zero a zero (0,13%), sem acompanhar os ganhos de mais de 1% das bolsas americanas. 

A maior culpada foi a Petrobras (PETR4), peso pesado do índice, que recuou 2,36%. A desvalorização veio após a companhia anunciar um corte de R$ 0,13 por litro no preço da gasolina, equivalente a 4,66%. O combustível caiu para R$ 2,66 em suas refinarias nesta sexta. 

A redução veio para compensar o novo ICMS, de R$ 1,22 sobre a gasolina, e a volta da cobrança integral do PIS/Cofins que deve vir no início de julho.

Segundo dados da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis) analisados pelo Goldman Sachs, isso eleva o déficit em relação à cotação internacional para 10%. Mesmo assim, o banco vê que as margens de refino da estatal permanecem saudáveis. Pelo menos por enquanto. 

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que a tendência é cortar os valores até onde der. “Se houver gordura, a Petrobras pode contribuir para queda maior dos preços dos combustíveis.”

Daí não teve jeito: as ações da Petro foram a segunda maior queda do Ibov nesta quinta – mesmo com uma alta de mais de 3% do petróleo. A commodity foi impulsionada pela queda dos juros na China e da cotação internacional do dólar pós-Fed.

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Ontem, o Banco Central americano manteve os juros em 5,25% ao ano, o que todo mundo já esperava, mas sinalizou que mais duas altas estão a caminho. Por enquanto, 67% do mercado aposta que, em julho, a Selic dos EUA deve subir para 5,50%, segundo a plataforma CME. Há um mês, esse percentual era de 13%.

E não deve parar por aí. Metade dos 18 dirigentes projeta que a taxa básica estará em 5,6% ao fim de 2023. E três foram ainda mais longe nas suas estimativas, vendo os juros acima de 5,75%.

Apesar da política monetária hawkish, a economia americana segue forte. Hoje, foi divulgado que as vendas no varejo americano subiram 0,3% em maio, bem diferente da contração de 0,2% esperada – e semelhante à alta de 0,4% em abril. 

Por outro lado, o mercado de trabalho começa a dar sinais de fraqueza. Os pedidos de auxílio-desemprego da semana passada vieram acima do previsto e no mesmo patamar da semana anterior: 262 mil contra 249 mil. 

Os dados do varejo abrem portas para mais altas nos juros. Os do mercado de trabalho, fecham. Os do varejo mostram uma economia firme. Os do seguro-desemprego, uma nem tanto. 

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E no fim do dia venceu o lado meio dessa equação: uma pasárgada de economia forte aliada a juros menores, já que o S&P 500 subiu 1,22%. 

Com uma ajuda da febre da IA: hoje foi a vez de a Microsoft, investidora mór da OpenAI, se destacar: alta de 3,19%, chegando ao maior valor de mercado de sua história, US$ 2,48 tri. No ano, a companhia de Satya Nadella já subiu 45% neste ano – US$ 800 bilhões. 

Braskem: 6,43%

A novela Braskem (BRKM5) segue com vários possíveis desfechos em aberto. O novo rumor é que a Petrobras não tem interesse em aumentar sua fatia, de 36%, no negócio, mas que a J&F (dona da JBS) estaria interessada em comprar a parte da Novonor (ex-Oderbrecht) – 38% da petroquímica. A Unipar, que ofereceu R$ 10 bilhões pelo grosso desse quinhão (34%), segue no páreo. 

A possibilidade de eventual controle privado (em vez de estatal, caso a Petrobras virasse a maior acionista) animou o mercado. E os papéis da Braskem saltaram 6,43%.

Mais um episódio de alta em uma temporada amigável para quem tem BRKM5 na carteira. Neste mês cheio de reviravoltas, o papel já subiu 31%. Quem não tem Microsoft caça com Braskem 😉    

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MAIORES ALTAS

Braskem (BRKM5): 6,43%

Yduqs (YDUQ3): 5,57%

CVC (CVCB3): 3,90%

Hapvida (HAPV3): 3,72%

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Suzano (SUZB3): 3,62%

MAIORES BAIXAS

B3 (B3SA3): -3,35%

Petrobras (PETR4): -2,36%

Lojas Renner (LREN3): -1,95%

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Magazine Luiza (MGLU3): -1,57%

Vibra (VBBR3): -1,57%

Ibovespa: 0,13%, aos 119.221 pontos

Em Nova York

S&P 500: 1,22%, aos 4.426 pontos

Nasdaq: 1,15%, aos 13.783 pontos

Dow Jones: 1,27%, aos 34.410 pontos

Dólar: -0,09%, a R$ 4,8025

Petróleo

Brent: 3,37%, a US$ 75,67

WTI: 3,43%, a US$ 70,81

Minério de ferro: 1,43%, negociado a US$ 113,96 por tonelada no porto de Qingdao (China)

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