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Petrobras anuncia nova bolada de dividendos: R$ 3,3489 por ação

Ibovespa fecha no zero a zero, enquanto PETR4 sobe 0,3%. Nos EUA, bolsas sangram com o Fed.

Por Júlia Moura
3 nov 2022, 17h41

A Petrobras anunciou na tarde desta quinta-feira a distribuição de R$ 3,3489 por ação preferencial (PETR4) e ordinária (PETR3) referente ao resultado da companhia no terceiro trimestre deste ano. Isso antes mesmo de os investidores saberem qual foi o lucro do período.

Os dividendos serão pagos em duas parcelas iguais (de R$ 1,67445 cada) nos meses de dezembro de 2022 e janeiro de 2023. Serão remunerados aqueles que tiverem ações da estatal no próximo 21 de novembro.

O anúncio pegou bem na Faria Lima, e depois de dois pregões seguidos de queda desde as eleições, a Petro voltou a subir. As ações fecharam em alta de 0,30%.

Mas a bolada da vez é também um retrato das visões antagônicas que ditaram as eleições. A Anapetro (Associação dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras) e a FUP (Federação Única dos Petroleiros) são contra o pagamento.

O lance é que a bolada de R$ 43,7 bilhões paga a acionistas reduziria a capacidade de investimentos no longo prazo. E, a partir de janeiro, o longo prazo da estatal estará sob a batuta do governo Lula. 

Na gestão Bolsonaro, a Petrobras se tornou uma recordista mundial em pagamento de dividendos, em parte porque o governo precisou aumentar a sua arrecadação para cobrir os pagamentos dos auxílios pagos no período eleitoral. Este ano, já foram pagos R$ 14,60 por ação em dividendos e JCP (juros sobre capital próprio). Com os R$ 3,3489, cada acionista irá receber R$ 17,95 ao todo, uma rentabilidade de 59,93%, considerando o valor de fechamento desta quinta.

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A estatal, por sua vez, afirma que seus projetos de investimento não serão afetados “por serem suportados pela geração de caixa operacional e o fluxo de desinvestimentos, sem efeitos adversos na alavancagem”.

A Anapetro está com uma ação na Procuradoria Geral da República e no Ministério Público do Tribunal de Contas da União para impedir a remuneração. 

A distribuição de lucros do terceiro trimestre foi anunciada antes de o mercado financeiro conhecer qual foi o lucro de fato do período. A companhia divulga os resultados agora durante à noite. A expectativa de analistas consultados pela Refinitiv é de um lucro de R$ 43,366 bilhões, o que seria 20% menos do que no trimestre anterior, mas uma alta de 40% em relação ao terceiro trimestre de 2021. Faz sentido, já que o barril de petróleo caiu de US$ 100 para US$ 85 no período.

A alta da estatal ajudou o Ibovespa a escapar da queda de quase 3% da Vale, terminando o dia no zero a zero. 

As ações da mineradora refletem a negativa do governo chinês sobre a hipótese de relaxar a política de combate a Covid-19 no país, que segue severa, impactando negativamente a economia.

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Juros mais altos

A notícia negativa de Pequim se soma aos juros mais altos na Inglaterra e nos Estados Unidos, derrubando os principais índices acionários globais.

Nesta quinta, o BoE (banco central da Inglaterra) subiu a “Selic” do país em 0,75 ponto percentual, de 2,25% para 3%, levando o juro para o maior patamar desde 2008. Ao comentar a maior a maior alta na taxa inglesa em 33 anos, Andrew Bailey, presidente do BoE, disse que os aumentos de juros e a atual situação macroeconômica global devem levar a região à sua maior recessão, de agora até o meio de 2024, com o desemprego quase dobrando até 2025, em 6,4%.

As altas de juros, porém, são necessárias para conter uma incansável inflação, que já chegou a 10,1% em setembro nas terras do rei Charles.

Com as previsões macabras, a libra se desvalorizou 1,97% ante o dólar, a US$ 1,1163. A moeda americana também ficou mais cara em relação ao real, a R$ 5,1258 (alta de 0,14%).

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Ontem, o Fed promoveu um aumento de mesma magnitude nos juros americanos. Mas o que doeu mesmo no mercado financeiro foi a fala do presidente do BC dos EUA, Jerome Powell, de que a velocidade de aumentos pode até diminuir, mas a taxa de juros final será maior do que anteriormente esperada. Ou seja, maior que 5% até 2024. 

Uma renda fixa americana com essa rentabilidade deve drenar muito dinheiro de ativos de renda variável. De olho nessa hipótese, a maior parte das ações americanas não para de cair desde que Powell profetizou o apocalipse. Hoje, o S&P 500 fechou em queda de 1,06%.

Agora, o mercado espera um novo aumento de 0,75 pp em dezembro. Até ontem, a maior parte das apostas era para uma alta de 0,5pp. 

Vamos ver quem acerta essa. Até amanhã!

 

MAIORES ALTAS

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Meliuz (CASH3): 7,32%

Magazine Luiza (MGLU3): 6,80%

Raízen (RAIZ4): 4,21%

Americanas (AMER3): 3,90%

EcoRodovias (ECOR3) 3,58%

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MAIORES BAIXAS

São Martinho (SMTO3): -4,38%

Eneva (ENEV3): -3,40%

Vale (VALE3): -2,92%

Yduqs (YDUQ3): -2,25%

Braskem (BRKM5): -2,18%

 

Ibovespa: -0,03%, aos 116.896 pontos

 

Em Nova York

S&P 500: -1,06%, aos 3.720 pontos

Nasdaq: -1,73%, aos 10.343 pontos

Dow Jones: -0,46%, aos 31.999 pontos

 

Dólar: 0,14%, a R$ 5,1258

 

Petróleo

Brent: -1,55%, a US$ 94,67 

WTI: -2,03%, US$ 88,17

 

Minério de ferro: 1,12%, negociado a US$ 86,74 por tonelada no porto de Dalian (China)

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